quarta-feira, abril 09, 2008

Cinemas com filmes dentro

Sabem aquela mania que muita gente tem para ligar determinadas músicas a outras tantas situações ou pessoas? Lembrei-me hoje que também faço isso por causa de filmes (quem inventou esta coisa dos anos 80 aqui no GR está tramado comigo). Melhor dito, associo filmes a salas de cinema (podem chamar os senhores dos coletes de força, se fazem o obséquio).
Convém dizer que isto funciona nos anos 80, porque a massificação do VHS acontece precisamente no caminho para o final da década (em Mafra pelo menos) e os anos 90 marcam o declínio das grandes salas lisboetas e o início da mundialização da pirataria em larga escala.

Mafra, sede de concelho e vila pertencente ao Distrito de Lisboa, tinha nesses anos particularidades estranhíssimas. O termo “vou a Lisboa” indicava que a pessoa em questão iria estar todo o dia fora, logo uma ida ao cinema a Lisboa era uma festarola à moda antiga. Mas esta festa começa mesmo em Mafra. Se alguém passar por aqui, e vir o Auditório Municipal Beatriz Costa, faça o favor de se lembrar que ali existiu em tempos idos o Cine Teatro de Mafra onde se viram filmes famosíssimos como “Trinitá – O Cowboy Insolente” ou “Firefox”, um filme péssimo com o homem que se tornou famoso a dizer “Make my day” e “Do you feel lucky punk?”. Ele mesmo, Clint Eastwood, a fazer as delícias de um jovem provinciano sentado no primeiro balcão de uma sala que deixa boas recordações a duas gerações de mafrenses, pelo menos.
Nesse mesmo ano 1985, vi Nicole Kidman (juro que não tinha qualquer memória desta presença se não tivesse ido procurar esta sinopse na Internet) nas fabulosas cadeiras do cinema Londres, olhando para uma coisa chamada “BMX Bandits”, uma produção muito adequada a malta da minha idade (à data). Mais grave que isto, com vergonha vos digo que fui um dos imbecis que, quando o bom do Silvester Stallone, depois de levar um monumental enxerto de porrada, se vai ao mauzão Drago em Rocky IV, me levantei da cadeira histericamente num aplauso que nunca mais vi numa sala de cinema, eu e o resto da sala, porque isto de bater nos maus dava uma adrenalina dos diabos, especialmente se visto na tela do São Jorge e aos 16 anos de idade.
Para fechar este ciclo de cinemas que me marcaram nos anos 80 fica “Tron”, uma produção da Walt Disney que sempre recordei por várias razões: Jeff Bridges como actor principal num filme que pela primeira vez coloca o homem dentro da máquina e usa animação computorizada; o filme é execrável mas a animação é um marco na história do cinema; em 1983 ganhou um Óscar por causa disso mesmo; visto no ecrã panorâmico do velho Monumental foi, naquele momento, o melhor filme do Mundo.

P.S. – Nos anos 80 era muito, mas mesmo muito frequente, os filmes chegarem a Portugal com uns anos de atraso, destes quatro penso que "Tron" foi o mais célere, demorando apenas dois anos entre a estreia nos EUA (1982) e a chegada a este cantinho (1984/85).

Nota de Redactor: Sites americanos dizem que, em 2011, a Walt Disney vai estrear a sequela, talvez remake, de Tron. Jeff Bridges, numa entrevista já veio dizer que talvez participe… Deus nos livre e guarde…

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