sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Coisas que nunca mudam

Antes da habitual hibernação de fim-de-semana está na hora de falar de coisas mais leves, arrumar a má-língua partidária, deixar os búúús de lado, e olhar para esse clássico do futebol português, esse hino à magia do futebol que é o Sporting – Benfica. Podem estas duas equipas jogar mal, jogar muito mal, pronto, jogar pessimamente mesmo, mas este é o verdadeiro duelo de gigantes do nosso futebol. Eu bem sei que o campeonato é uma miragem mas aqui não se jogam campeonatos. Entre Benfica e Sporting joga-se a possibilidade de gozar alarvemente com os colegas de trabalho derrotados, de chatear o homem que nos tira a café na pastelaria, de sermos pisoteados pela alegria do colega do lado, de lermos títulos nos jornais que podem ir do “Águia depenada” ao “Leão sem unhas”, passando pelo “Chamem a Polícia” – este só para roubos de igreja por demais evidentes. Há ainda a possibilidade de alguém se lembrar de escrever “Dragão já tem as faixas no cofre”, este é mais arrojado, bem sei, mas em caso de empate acredito que a algures há um editor que aposta em algo deste estilo. Mas a magia de um encontro entre estes dois colossos – sim, sou um sonhador – do futebol mundial, empolga a plateia, o balcão, o sofá e até, pasme-se, consegue meter mais de meia casa em Alvalade. Por mim terei pena se se confirmar que o estádio não vai encher, um clássico destes merece público, merece barulho, merece golos, merece jogadores a fazerem aquilo que não fizeram uma época inteira, merece ser grande, inesquecível, e merece também respeito, amizade, dignidade e – Paulo Bento dixit – tranquilidade. O que este clássico não merece é violência, idiotice e encobrimento dos clubes aos gangs em que as claques de futebol se transformam facilmente.
O Sporting – Benfica é, e será sempre, um clássico, mesmo sendo o da 2ª Circular. Respeite-se isso e certamente que no domingo vamos ter um dos melhores jogos de futebol da época.

P.S. – Mike Plowden, poste do dream team de basquetebol do Benfica nos anos 80 e 90, morreu há três dias de forma abrupta enquanto orientava um treino. Foi graças a ele, a Carlos Lisboa, a Henrique Vieira e a José Carlos Guimarães que durante dois anitos pensei em jogar basquetebol a sério, infelizmente parei de crescer nos 1,78 metros e tinha pouco jeito para base – pronto… tinha mesmo era pouco jeito. Mike Plowden era um atleta exemplar, graças a muita gente e a ele também em especial, o basquetebol português deu um enorme salto qualitativo. Ele merece - espero que alguém se lembre disso - um minuto de silêncio no início do clássico, juntamente com a homenagem à memória de Cabral Ferreira, ex-presidente do Belenenses falecido também esta semana.

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