Lisboa como Miséria, desolação e piolheria
Caro Vasco Graça Moura,
é um homem da literatura, escreve bem, gosto especialmente das suas traduções, tenho algumas, as dos poemas de Shakespeare, por exemplo.
Poderia dizer-lhe o seguinte: as suas traduções são exercícios notáveis de hermenêutica, mas não vou por aí, a minha imodéstia e vaidade não o permitem, mas a razão é simples: a preguiça, no que diz respeito à aprendizagem de línguas, instalou-se irremediavelmente em minha casa e seria muito ingrato despedir uma velha amiga, enfim, os bons amigos não são perfeitos.
Quanto ao seu artigo tão visceralmente revoltado contra os socialistas europeus, como arma de combate contra o governo socialista português, apraz-me dizer-lhe o seguinte: é muito interessante.
Principalmente quando, numa exposição, se pretende "fotografar" uma cidade esplendorosa como Lisboa, atribuindo-lhe tão veneráveis adjectivos, num dos locais desagradáveis de Bruxelas: a Place du Luxembourg, ou será que nos últimos três anos a famosa praça se modificou assaz?
Quanto à sua argumentação, gostaria de lhe dizer que Lisboa também tem a sua faceta miserável, desolada e piolhenta, tal como qualquer cidade do mundo, se calhar ainda bem, pelo menos para os eternos detractores de Portugal e defensores do: lá fora é que é bom. Enfim, temos de ter de tudo, para contentar toda a gente.
Quanto à questão da exposição ser "aproveitada" como arma de arremesso ideológico, gostaria só de colocar as seguintes questões:
- caso o governo português fosse do PSD, o que faria o honorável deputado Vasco Graça Moura se a sua família ideológica europeia cometesse o mesmo tipo de "sacrilégio"?
- qual a razão da existência de famílias ideológicas na europa?
- estarão os deputados europeus a defender o seu país ou o seu partido?
- de que forma poderá ser encarado o combate político?
- será o combate político benéfico ou nefasto para a democracia?
- estarão os políticos europeus a salvaguardar os interesses da democracia europeia?
A riqueza de um artigo também se mede pelas perguntas que suscita.
é um homem da literatura, escreve bem, gosto especialmente das suas traduções, tenho algumas, as dos poemas de Shakespeare, por exemplo.
Poderia dizer-lhe o seguinte: as suas traduções são exercícios notáveis de hermenêutica, mas não vou por aí, a minha imodéstia e vaidade não o permitem, mas a razão é simples: a preguiça, no que diz respeito à aprendizagem de línguas, instalou-se irremediavelmente em minha casa e seria muito ingrato despedir uma velha amiga, enfim, os bons amigos não são perfeitos.
Quanto ao seu artigo tão visceralmente revoltado contra os socialistas europeus, como arma de combate contra o governo socialista português, apraz-me dizer-lhe o seguinte: é muito interessante.
Principalmente quando, numa exposição, se pretende "fotografar" uma cidade esplendorosa como Lisboa, atribuindo-lhe tão veneráveis adjectivos, num dos locais desagradáveis de Bruxelas: a Place du Luxembourg, ou será que nos últimos três anos a famosa praça se modificou assaz?
Quanto à sua argumentação, gostaria de lhe dizer que Lisboa também tem a sua faceta miserável, desolada e piolhenta, tal como qualquer cidade do mundo, se calhar ainda bem, pelo menos para os eternos detractores de Portugal e defensores do: lá fora é que é bom. Enfim, temos de ter de tudo, para contentar toda a gente.
Quanto à questão da exposição ser "aproveitada" como arma de arremesso ideológico, gostaria só de colocar as seguintes questões:
- caso o governo português fosse do PSD, o que faria o honorável deputado Vasco Graça Moura se a sua família ideológica europeia cometesse o mesmo tipo de "sacrilégio"?
- qual a razão da existência de famílias ideológicas na europa?
- estarão os deputados europeus a defender o seu país ou o seu partido?
- de que forma poderá ser encarado o combate político?
- será o combate político benéfico ou nefasto para a democracia?
- estarão os políticos europeus a salvaguardar os interesses da democracia europeia?
A riqueza de um artigo também se mede pelas perguntas que suscita.
Etiquetas: Apostar na esmifração dos portugueses, Dicionário Político
2 Comments:
É, no entanto, verdade que a Praça do luxemburgo se transformou muito, Nancy. Está um local cada vez mais agradável.
Beijos
Olha, passo lá todos os dias e, em tempos idos, reparei que lá havia umas fotografias à volta da estátua (?), mas a verdade é que nunca me dei ao trabalho de parar o carro e ver o que era.
Hoje estava decidida a ir espreitá-las (porque NÃO ESTAVA A CHOVER!), mas já não estão lá... :S
Quanto à praça em si, digamos que melhorou com as obras de alargamento do Parlamento Europeu. Aproveitaram a fachada da velha estação, que foi integrada nos prédios novos e o ambiente é engraçado porque no Verão (quando NÃO CHOVE!) anda por lá muita gente nova, nomeadamente os escravos do Parlamento, mais conhecidos por assistentes parlamentares. Um dia destes páro mesmo o carro para tirar uma chapa que ilustre bem aquilo em que a praça de transformou.
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