divagações em torno de uma regra de três simples...
A regra de três simples é uma das poucas coisas que aprendemos na Matemática escolar e que fica para a vida de muita gente. É uma regra básica que permite decidir que se para 4 pessoas preciso de 500g de arroz, para 6 preciso de... «ora, 4 está para 500 assim com 6 está para...» e lá chegávamos ao 750. No entanto, a regra de três simples não resolve tudo – coisa que os nossos alunos se esquecem frequentemente... e agora pelos vistos não são só os alunos!!! (mas já lá iremos) Estava eu a dizer que a regra de três simples nem sempre é solução... Muitas vezes, é mais barato comprar por junto do que individualmente... Muitas vezes, mais trabalhadores não significa mais produção... Muitas vezes, mais pessoas a pensar não significa maior competência intelectual!!!
Quero eu chegar aos exames nacionais e à solução "inovadora" do GAVE para resolver um erro de exame...
Antes de mais, não percebo como é que há falhas nos exames nacionais!!! Diz a Sra. Ministra que num total de mil perguntas só houve um erro... Não é mau de todo, mas, mesmo assim... não percebo!!! Como é que uma comissão especificamente designada para a situação elabora um exame com erros científicos ou questões irrespondíveis... Não percebo, não percebo, não percebo!
Mas vamos ao que agora interessa... O erro está feito! Numa questão do exame de Física e Química A, «a figura apresenta uma incorrecção que inviabiliza a concretização de uma resposta correcta». É uma tristeza, mas e agora?! Agora, dizem os senhores do GAVE, a questão é anulada e repondera-se a cotação do resto do exame. Ou seja, a cotação dessa questão é distribuída de forma proporcional à cotação total. E explicam os senhores muito bem como se faz... regras de três simples e tudo! Mas, no meio de tudo isto, justificam esta solução como garante «de modo a que a situação apontada não afecte negativamente a respectiva classificação final». Ai sim?!... Então o que é que lhes passou pela cabeça?! E o Público ainda vem ilustrar a "benesse", dizendo que «no caso de um aluno ter 12 valores na prova, por exemplo, a sua nota final no exame será de 12,5». É mandá-los todos de volta para os bancos da escola aprender a pensar e não só a fazer contas!!!
Eu sei que isto dos números assusta muita gente, mas vamos lá tentar ver as coisas devagar. A questão anulada valia 0.8 valores, o que quer dizer que esse tal aluno do 12, se tivesse acertado na resposta, teria 12,8 em vez dos 12,5 com que fica agora... Onde é que está a parte do não afectar negativamente a classificação final?! É claro que ele podia não acertar e, portanto, neste caso o 12,5 é uma benesse... Mas não é isso que está em causa, não se questiona que há alunos que saem beneficiados – é claro que há! Não se pode é permitir que haja alunos prejudicados!!!
A história das regras de três simples, que servem para resolver muita coisa, não serve para resolver tudo – lembram-se?!!! Aplicam-se em situações de proporcionalidade directa, donde resulta que quanto mais se tem, mais se recebe!!! Mas se a ideia é não prejudicar ninguém, há que nivelar por cima e de igual modo, não de forma proporcional... O que é que me garante que o aluno de 10 não ia responder acertadamente e o de 17 não iria errar?!...
Solução típica nestas situações (misteriosamente não adoptada neste caso): atribuir a cotação total da questão a toda a gente! Não é perfeita – pois não! Há sempre injustiças relativas – pois há! Mas, pelo menos, não há injustiças absolutas... No meio de tanta desgraça, sempre se salvava alguma coisa...
Quero eu chegar aos exames nacionais e à solução "inovadora" do GAVE para resolver um erro de exame...
Antes de mais, não percebo como é que há falhas nos exames nacionais!!! Diz a Sra. Ministra que num total de mil perguntas só houve um erro... Não é mau de todo, mas, mesmo assim... não percebo!!! Como é que uma comissão especificamente designada para a situação elabora um exame com erros científicos ou questões irrespondíveis... Não percebo, não percebo, não percebo!
Mas vamos ao que agora interessa... O erro está feito! Numa questão do exame de Física e Química A, «a figura apresenta uma incorrecção que inviabiliza a concretização de uma resposta correcta». É uma tristeza, mas e agora?! Agora, dizem os senhores do GAVE, a questão é anulada e repondera-se a cotação do resto do exame. Ou seja, a cotação dessa questão é distribuída de forma proporcional à cotação total. E explicam os senhores muito bem como se faz... regras de três simples e tudo! Mas, no meio de tudo isto, justificam esta solução como garante «de modo a que a situação apontada não afecte negativamente a respectiva classificação final». Ai sim?!... Então o que é que lhes passou pela cabeça?! E o Público ainda vem ilustrar a "benesse", dizendo que «no caso de um aluno ter 12 valores na prova, por exemplo, a sua nota final no exame será de 12,5». É mandá-los todos de volta para os bancos da escola aprender a pensar e não só a fazer contas!!!
Eu sei que isto dos números assusta muita gente, mas vamos lá tentar ver as coisas devagar. A questão anulada valia 0.8 valores, o que quer dizer que esse tal aluno do 12, se tivesse acertado na resposta, teria 12,8 em vez dos 12,5 com que fica agora... Onde é que está a parte do não afectar negativamente a classificação final?! É claro que ele podia não acertar e, portanto, neste caso o 12,5 é uma benesse... Mas não é isso que está em causa, não se questiona que há alunos que saem beneficiados – é claro que há! Não se pode é permitir que haja alunos prejudicados!!!
A história das regras de três simples, que servem para resolver muita coisa, não serve para resolver tudo – lembram-se?!!! Aplicam-se em situações de proporcionalidade directa, donde resulta que quanto mais se tem, mais se recebe!!! Mas se a ideia é não prejudicar ninguém, há que nivelar por cima e de igual modo, não de forma proporcional... O que é que me garante que o aluno de 10 não ia responder acertadamente e o de 17 não iria errar?!...
Solução típica nestas situações (misteriosamente não adoptada neste caso): atribuir a cotação total da questão a toda a gente! Não é perfeita – pois não! Há sempre injustiças relativas – pois há! Mas, pelo menos, não há injustiças absolutas... No meio de tanta desgraça, sempre se salvava alguma coisa...
Etiquetas: Educação, Matemática Politica
8 Comments:
E desta vez a culpa não é dos professores? E eu a pensar que o Ministério da Educação e a Ministra estavam com a solução para os males da Educação nas mãos... Estou a brincar mas há coisas que só entendemos quando estamos por dentro, esta é uma delas. É inadmissível que os exames tenham erros e sejam mal elaborados. É uma vergonha.
Bjs
leonor:
Para entender que «é inadmissível que os exames tenham erros e sejam mal elaborados» não me parece que seja preciso estar por dentro do que quer que seja! :)
Para isso não, mas para entender que os exames estão errados e que o Ministério da Educação exige o que não dá, nem demonstra nas suas práticas é necessário estar por dentro e estar por dentro não é apanhar no ar o que se vai dizendo aqui e ali dos professores e do ensino.
Se te der o exame de Alemão ou de Inglês, partindo do princípio que não falas a língua e que não conheces o programa, serás incapaz de detectar as incongruências. ;-)
Sim, sim. Eu gostava de saber o que fazem durante o ano os excelsos pensadores destas provas...
Nada de jeito, pelos vistos ;-)
Mas...já agora e sem querer parecer demasiado burra...as provas não são elaboradas por professores?, ñ é por nada,né?,mas eu estou total e completamente...por fora!:=»
As provas são da responsabilidade do GAVE - Gabinete de Avaliação Educacional - que é um serviço autónomo do Ministério. Se são professores ou não é lá com eles. Mas não é isso que está em causa!
As provas de exame são elaboradas por uma comissão nomeada pelo Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação, portanto, caso se queira fazer uma reclamação, o responsável é o Ministério porque o anonimato de quem elabora as provas é mantido e as mesmas são da responsabilidade do GAVE. Se são professores do ensino básico, secundário e superior, o GAVE deverá actuar em conformidade, demitir a equipa, se assim o entender.
Enviar um comentário
Voltar à Página Inicial