sábado, julho 07, 2007

divagações em torno de uma regra de três simples...

A regra de três simples é uma das poucas coisas que aprendemos na Matemática escolar e que fica para a vida de muita gente. É uma regra básica que permite decidir que se para 4 pessoas preciso de 500g de arroz, para 6 preciso de... «ora, 4 está para 500 assim com 6 está para...» e lá chegávamos ao 750. No entanto, a regra de três simples não resolve tudo – coisa que os nossos alunos se esquecem frequentemente... e agora pelos vistos não são só os alunos!!! (mas já lá iremos) Estava eu a dizer que a regra de três simples nem sempre é solução... Muitas vezes, é mais barato comprar por junto do que individualmente... Muitas vezes, mais trabalhadores não significa mais produção... Muitas vezes, mais pessoas a pensar não significa maior competência intelectual!!!

Quero eu chegar aos exames nacionais e à solução "inovadora" do GAVE para resolver um erro de exame...

Antes de mais, não percebo como é que há falhas nos exames nacionais!!! Diz a Sra. Ministra que num total de mil perguntas só houve um erro... Não é mau de todo, mas, mesmo assim... não percebo!!! Como é que uma comissão especificamente designada para a situação elabora um exame com erros científicos ou questões irrespondíveis... Não percebo, não percebo, não percebo!

Mas vamos ao que agora interessa... O erro está feito! Numa questão do exame de Física e Química A, «a figura apresenta uma incorrecção que inviabiliza a concretização de uma resposta correcta». É uma tristeza, mas e agora?! Agora, dizem os senhores do GAVE, a questão é anulada e repondera-se a cotação do resto do exame. Ou seja, a cotação dessa questão é distribuída de forma proporcional à cotação total. E explicam os senhores muito bem como se faz... regras de três simples e tudo! Mas, no meio de tudo isto, justificam esta solução como garante «de modo a que a situação apontada não afecte negativamente a respectiva classificação final». Ai sim?!... Então o que é que lhes passou pela cabeça?! E o Público ainda vem ilustrar a "benesse", dizendo que «no caso de um aluno ter 12 valores na prova, por exemplo, a sua nota final no exame será de 12,5». É mandá-los todos de volta para os bancos da escola aprender a pensar e não só a fazer contas!!!

Eu sei que isto dos números assusta muita gente, mas vamos lá tentar ver as coisas devagar. A questão anulada valia 0.8 valores, o que quer dizer que esse tal aluno do 12, se tivesse acertado na resposta, teria 12,8 em vez dos 12,5 com que fica agora... Onde é que está a parte do não afectar negativamente a classificação final?! É claro que ele podia não acertar e, portanto, neste caso o 12,5 é uma benesse... Mas não é isso que está em causa, não se questiona que há alunos que saem beneficiados – é claro que há! Não se pode é permitir que haja alunos prejudicados!!!

A história das regras de três simples, que servem para resolver muita coisa, não serve para resolver tudo – lembram-se?!!! Aplicam-se em situações de proporcionalidade directa, donde resulta que quanto mais se tem, mais se recebe!!! Mas se a ideia é não prejudicar ninguém, há que nivelar por cima e de igual modo, não de forma proporcional... O que é que me garante que o aluno de 10 não ia responder acertadamente e o de 17 não iria errar?!...

Solução típica nestas situações (misteriosamente não adoptada neste caso): atribuir a cotação total da questão a toda a gente! Não é perfeita – pois não! Há sempre injustiças relativas – pois há! Mas, pelo menos, não há injustiças absolutas... No meio de tanta desgraça, sempre se salvava alguma coisa...

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8 Comments:

Blogger LeonorBarros said...

E desta vez a culpa não é dos professores? E eu a pensar que o Ministério da Educação e a Ministra estavam com a solução para os males da Educação nas mãos... Estou a brincar mas há coisas que só entendemos quando estamos por dentro, esta é uma delas. É inadmissível que os exames tenham erros e sejam mal elaborados. É uma vergonha.
Bjs

sábado, julho 07, 2007 12:18:00 da tarde  
Blogger cristina said...

leonor:

Para entender que «é inadmissível que os exames tenham erros e sejam mal elaborados» não me parece que seja preciso estar por dentro do que quer que seja! :)

sábado, julho 07, 2007 5:59:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Para isso não, mas para entender que os exames estão errados e que o Ministério da Educação exige o que não dá, nem demonstra nas suas práticas é necessário estar por dentro e estar por dentro não é apanhar no ar o que se vai dizendo aqui e ali dos professores e do ensino.
Se te der o exame de Alemão ou de Inglês, partindo do princípio que não falas a língua e que não conheces o programa, serás incapaz de detectar as incongruências. ;-)

sábado, julho 07, 2007 10:40:00 da tarde  
Blogger cristina said...

Sim, sim. Eu gostava de saber o que fazem durante o ano os excelsos pensadores destas provas...

sábado, julho 07, 2007 11:13:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Nada de jeito, pelos vistos ;-)

sábado, julho 07, 2007 11:31:00 da tarde  
Blogger amok_she said...

Mas...já agora e sem querer parecer demasiado burra...as provas não são elaboradas por professores?, ñ é por nada,né?,mas eu estou total e completamente...por fora!:=»

terça-feira, julho 10, 2007 10:30:00 da tarde  
Blogger cristina said...

As provas são da responsabilidade do GAVE - Gabinete de Avaliação Educacional - que é um serviço autónomo do Ministério. Se são professores ou não é lá com eles. Mas não é isso que está em causa!

quarta-feira, julho 11, 2007 3:36:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

As provas de exame são elaboradas por uma comissão nomeada pelo Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação, portanto, caso se queira fazer uma reclamação, o responsável é o Ministério porque o anonimato de quem elabora as provas é mantido e as mesmas são da responsabilidade do GAVE. Se são professores do ensino básico, secundário e superior, o GAVE deverá actuar em conformidade, demitir a equipa, se assim o entender.

quarta-feira, julho 11, 2007 9:08:00 da tarde  

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