Cinco Leituras de Verão
Respondendo ao desafio do Pedro do Corta-Fitas, aqui vão os meus últimos cinco livros:
Orgulho e Preconceito de Jane Austen - é uma obra que não sai da minha mesa-de-cabeceira, encontra-se, por isso, num estado lastimável: folhas soltas e anotadas, de várias cores. Já o reli meia dúzia de vezes e continuo a sorrir, com Mr. e Mrs. Bennet, Mr. Bingley, Jane, Mr. Collins, e, fundamentalmente, com uma das minhas heroínas da literatura: Elizabeth Bennet. A inteligência, ironia, força, vivacidade, irreverência e lucidez de Elizabeth Bennet, não encontram equivalente na literatura Universal, apesar de Bovary, apesar de Cordélia, apesar da mulher de Bath, apesar de Maria Parda, todas fortíssimas candidatas, cada uma explorando géneros.
Os pedidos de casamento de Mr. Collins e Mr. Darcy a Elizabeth são, ambos, esfuziantes; o primeiro pela comicidade da situação e das palavras; o segundo pela força interior e acutilância de EB.
Jane Austen pretenderá sugerir algo?
A primeira ilação a retirar e a mais evidente:
a vida em comum deverá perspectivar uma luta igual entre dois. Nenhuma mulher/homem resiste, durante muito tempo, a um "matrimónio" desigual. Contudo a desigualdade reside, fundamentalmente, na discrepância entre o carácter e a inteligência do casal. Mr. e Mrs. Bennet representam a falência do casamento por esse motivo, o sarcasmo de Mr. Bennet são disso reveladores; o auto-reconhecimento de Darcy por Elizabeth (e vice-versa) reside no respeito comum pela inteligência. Ambos são seres humanos pouco sofisticados a lidar com a subserviência e o aplauso.
Memórias de Brás Cubas de Machado de Assis - é uma obra hilariante em todos os sentidos; se por um lado estamos perante uma personagem fútil e pouco profunda, por outro encontramo-nos perante um narrador constantemente a apelar à nossa inteligência e à nossa capacidade de lermos o invisível. A originalidade e a criatividade de Machado de Assis despertam nos leitores uma cumplicidade estonteante. Sentimo-nos gratos por tal ovação à nossa inteligência.
A morte de Ivan Ilitch de Léon Tólstoi - Nunca tinha lido nada de Tólstoi, comecei por um conto/novela (?) excepcional. Ivan Ilitch é uma das mais dramáticas personagens da literatura, e que explora o viver pelas aparências, pelos cargos, pelo ter, de uma forma crua e sem receio de desnudar o carácter dos homens. A dimensão da falsidade proporcionada por uma vida semelhante, são momentos de literatura Universal e, nos últimos anos, não li obra que se lhe comparasse
Poesias Completas de Alexandre O'Neill - O'Neil é um dos maiores talentos poéticos do século XX português. O'Neill está à frente de tudo e todos. O´Neill é irreverente, criativo, sarcástico, cru e genial. Comprei tb o DVD "Tomai lá, do O'Neill" ainda não vi.
Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa de Eugénio de Andrade - para além de uma panorâmica geral de toda a poesia portuguesa até Ruy Belo, excluindo os autores vivos, permitiu reler alguns poetas e encontrar desconhecidos. Uma antologia vale pela escolha pessoal do autor, e, como diz EA, remete para um outro exercício: as antologias pessoais de cada leitor. O que me deu a conhecer? Carlos Queiroz, João Roiz de Castelo-Branco, Gil Vicente e Nicolau Tolentino. E relembrar? A genialidade e a generosidade inigualáveis de Luís de Camões.
Convido os/as seguintes bloggers a prosseguirem o desafio:
Lote 5 - 1.º direito;
125 azul;
Pitucha;
Espumante;
A Cidade Surpreendente;
Days of Angst.
Os pedidos de casamento de Mr. Collins e Mr. Darcy a Elizabeth são, ambos, esfuziantes; o primeiro pela comicidade da situação e das palavras; o segundo pela força interior e acutilância de EB.
Jane Austen pretenderá sugerir algo?
A primeira ilação a retirar e a mais evidente:
a vida em comum deverá perspectivar uma luta igual entre dois. Nenhuma mulher/homem resiste, durante muito tempo, a um "matrimónio" desigual. Contudo a desigualdade reside, fundamentalmente, na discrepância entre o carácter e a inteligência do casal. Mr. e Mrs. Bennet representam a falência do casamento por esse motivo, o sarcasmo de Mr. Bennet são disso reveladores; o auto-reconhecimento de Darcy por Elizabeth (e vice-versa) reside no respeito comum pela inteligência. Ambos são seres humanos pouco sofisticados a lidar com a subserviência e o aplauso.
Memórias de Brás Cubas de Machado de Assis - é uma obra hilariante em todos os sentidos; se por um lado estamos perante uma personagem fútil e pouco profunda, por outro encontramo-nos perante um narrador constantemente a apelar à nossa inteligência e à nossa capacidade de lermos o invisível. A originalidade e a criatividade de Machado de Assis despertam nos leitores uma cumplicidade estonteante. Sentimo-nos gratos por tal ovação à nossa inteligência.
A morte de Ivan Ilitch de Léon Tólstoi - Nunca tinha lido nada de Tólstoi, comecei por um conto/novela (?) excepcional. Ivan Ilitch é uma das mais dramáticas personagens da literatura, e que explora o viver pelas aparências, pelos cargos, pelo ter, de uma forma crua e sem receio de desnudar o carácter dos homens. A dimensão da falsidade proporcionada por uma vida semelhante, são momentos de literatura Universal e, nos últimos anos, não li obra que se lhe comparasse
Poesias Completas de Alexandre O'Neill - O'Neil é um dos maiores talentos poéticos do século XX português. O'Neill está à frente de tudo e todos. O´Neill é irreverente, criativo, sarcástico, cru e genial. Comprei tb o DVD "Tomai lá, do O'Neill" ainda não vi.
Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa de Eugénio de Andrade - para além de uma panorâmica geral de toda a poesia portuguesa até Ruy Belo, excluindo os autores vivos, permitiu reler alguns poetas e encontrar desconhecidos. Uma antologia vale pela escolha pessoal do autor, e, como diz EA, remete para um outro exercício: as antologias pessoais de cada leitor. O que me deu a conhecer? Carlos Queiroz, João Roiz de Castelo-Branco, Gil Vicente e Nicolau Tolentino. E relembrar? A genialidade e a generosidade inigualáveis de Luís de Camões.
Convido os/as seguintes bloggers a prosseguirem o desafio:
Lote 5 - 1.º direito;
125 azul;
Pitucha;
Espumante;
A Cidade Surpreendente;
Days of Angst.
5 Comments:
Agora é que me fo**** lixaste.
Abraço
e porque não o chileno Luís Sepúlveda?
Excelentes escolhas.
Acho que foi das melhores críticas que alguma vez li do"Orgulho e Preconceito"
Já respondi ao desafio lá no meu Cinzento.
Beijos
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