terça-feira, junho 26, 2007

Tríptico

Quem passa por Alcobaça, não passa sem lá voltar, diz o adágio, que, como é proverbial nestas coisas, também se engana. Já passei por lá, nunca lá voltei. Nada contra, aliás o tempo contra. A cidade é dominada pelo portentoso Mosteiro de Santa Maria. Se se costuma dizer que os romancistas só devem escrever sobre o Amor e a Morte, por serem essas as duas únicas questões importantes da Humanidade, então deve escrever-se sobre um mosteiro onde estão sepultados Pedro e Inês. Além disso, a imponência meticulosa da arquitectura pode sempre dar uma ajuda às descrições.


Gosto de Tomar. Uma cidade feita ao longo do Rio Nabão, parece uma aldeia grande, não existissem tantos e tão variados monumentos, desde conventos a ermidas, e de aquedutos a sinagogas. Dizer que Tomar é a cidade do Convento de Cristo é redutor, muito redutor. Há um encanto qualquer daquela pequena cidade que sobreviveria, imaginemos, ao desaparecimento do Convento. Aliás, ele está altaneiro em relação à cidade e, portanto, não acrescenta nada ao fascínio do centro dela. Contudo, o Convento de Cristo é talvez a única coisa em que eu e a Ministra estamos de acordo: se votasse nas Sete Maravilhas, o meu primeiro voto iria para ele.




Eu não sei se foi a aldeia da Batalha que deu o nome ao Mosteiro ou o contrário. Segundo reza a História, foi erigida como cumprimento de uma promessa de D. João I por ter vencido a Batalha de Aljubarrota. Contou com a ajuda, como se sabe, da Virgem que acudiu ao pedido, do célebre método do «Quadrado» e de uma improvável padeira. Mas o mais improvável é que o local do Mosteiro onde se atinge o expoente máximo da perfeição dê pelo nome de Capelas Imperfeitas.


Para fechar este tríptico com um pouco de anarquia, nada melhor que falar sobre mais dois sítios. Em noventa por cento dos casos, a primeira viagem às «Portas do Sol» em Santarém, decorre na visita de estudo do 10.º ano para melhor enquadrar as «Viagens na Minha Terra» de Garrett. Assim como Joaninha e um homónimo descobrem o amor por essas bandas, assim nós descobrimos a infinidade da lezíria ribatejana. Outra terra digna de registo neste mapa é Almeirim, mas por motivos gastronómicos. Não, não é a sopa de pedra, que é um assombro, nem os sumos Compal, que também não são nada de se deitar fora. O que me vem à memória quando falo em Almeirim é o Magusto de Bacalhau, meus senhores, que, com tanto mosteiro, convento e igreja a rodear deve ter sido criado a partir de uma receita de deus. Só para terminar, e dando razão ao Nobel português, uma perguntinha aos caros leitores da zona centro: onde foram buscar essa imensa lua brilhante que vocês têm?

fotos 1, 2, 3

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bonitas escolhas, sem dúvida que pelos caminhos de Portugal muitas regiões, sejam, aldeias vilas ou cidades, nos surpreendem pela sua natural beleza!

quarta-feira, junho 27, 2007 1:24:00 da manhã  
Blogger Carlos Malmoro said...

Friedrich,´
Um mês dedicado a este tema parece-me que vai ser curto...

quarta-feira, junho 27, 2007 11:36:00 da tarde  

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