quarta-feira, junho 27, 2007

O direito à preguiça

Quarteira é o meu refúgio de férias. Apesar do imenso mar de gente em Agosto, há em Quarteira, para mim, uma magia especial.
O calçadão, a feira nocturna de artesanato/livro, o delicioso parque infantil, as peixeiras da praça, o peixe fresco, a praça da fruta, caríssima, mas imodesta; a irreverência social de Vilamoura, dos brasileiros, dos luso-africanos, dos turistas, dos regionalismos; o cheiro intenso a mar, as tascas, os restaurantes, o marisco, a padaria, as esplanadas e os nadadores salvadores don juans.
A sujidade das ruas, as damas e os cãezinhos; os preços convidativos do supermercado, do peixe, da fruta; as ruas apinhadas de carros, pessoas, criaturas, figuras e mais transeuntes; e, fundamentalmente, a míngua, insuficiência, escassez e, quiçá, penúria, de areal.
A praia, para mim, é sinónimo de preguiça, indolência, vadiagem e sornice.
Se, por acaso, encontrarem uma preguiceira num qualquer areal, sou eu, e tenham, sobretudo, em atenção, que não são bem-vindos discursos louvando o empenho, a competência e os benefícios da interacção.
Quando um corpo se conforma a um areal, um intelecto vagueia rumo a um desconhecido, o sol inunda uns poros de relaxamento, não há nenhum motivo político ou social que impeçam um certo mirar de faz de conta, um cuidar apaziguador, um vigiar aceso, outro de benevolência, e, aqui e acolá, um contentamento à laia de serviço social; depois, e também, um vaguear ondeante pela impertinência intelectual de certas pernas, físicos ou importunidades matizadas; não sem um quê de consciencialização da irreverência teórica do estudo dos outros.
Enfim, acima de tudo, não peço desculpa, pois, eu e o meu direito à preguiça, são bens inegociáveis.

Nota: as fotos são da responsabilidade de uma senhora muito temperamental, chamada Sony Cyber-shot, é vulgar ouvi-la louvar as suas Carl Zeiss, os efectivos 4,1 mega pixeles, o 3x optical zoom.
Costumo segredar-lhe ao ouvido; uma espécie de chamada a terra, necessária a quem não sente que o sucesso lhe subiu à cabeça; caríssima a Nikon recente observa a realidade com uma outra reverência: 8/9 pixeles, ou qualquer coisa do género, já lhe perdi a conta.
A folgazona encolhe os ombros e murmura:
- e, por acaso, já reparaste na deselegância do seu estojo?
Caríssimos, quando se convive de perto, com maus feitios, temos de encolher os ombros e seguir em frente, é que, acima de tudo, nos tempos que correm, não abunda a pachorra.

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5 Comments:

Blogger Ruela said...

Interessante o vosso blogue.

quarta-feira, junho 27, 2007 7:44:00 da tarde  
Blogger Carlos Malmoro said...

Nancy,
Quando lançares uma petição para inscrever na Constituição Portuguesa o Direito à Preguiça avisa. Quero ser o primeiro subscritor. ;)

quarta-feira, junho 27, 2007 11:39:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

A lembrança mais forte que tenho de Quarteira é de lá ter sido picado duas vezes por peixes-aranha. O que vale é que as outras três não foram em Quarteira.

PS. Gostei da Sony Cyber-shot com as suas lentes Carl Zeiss, os efectivos 4,1 mega pixeles, e o 3x optical zoom. ;)

quinta-feira, junho 28, 2007 12:10:00 da manhã  
Blogger Unknown said...

Nancy:

Deixa-te de merdas e manda-me mas é o número de telmóvel da tua Sony Cyber-shot, é que eu também sou muito temperamental e posso necessitar de uma boa conversa intelectual.

quinta-feira, junho 28, 2007 5:56:00 da manhã  
Blogger Rocio said...

Eu amo a praia. Certamente você gasto incrível. Eu estou indo para a praia quando eu tenho muitos produtos para o cabelo, para não me arruinar. Meu produto esencial é o redutor de volume quando eu sair do mar. Beijos

sábado, novembro 17, 2012 5:45:00 da tarde  

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