a minha aldeia...
Sou uma menina da cidade. Nasci na cidade grande e sempre morei na cidade. Já os meus pais moravam na cidade e as minhas avós também cá andavam. Conclusão, nunca tive uma aldeia minha...
A minha aldeia tem ruas estreitas e sinuosas de paralelos tortos... ou ruas direitas e amplas – ainda não decidi. A minha aldeia tem casas de pedra encavalitadas... ou casas caiadas muito bem alinhadas – ainda não decidi! A minha aldeia tem em volta um vale recortado... ou planícies imensas – ainda não decidi. Acho que a minha aldeia tem um rio... ou um ribeiro – ainda não decidi –, mas um daqueles que «não faz pensar em nada» e que «quem está ao pé dele está só ao pé dele». Na minha aldeia, o azul é do céu e o verde é dos campos. Na minha aldeia, come-se sentado em casa de volta da mesa ou em roda do meio do monte. A minha aldeia tem recantos escondidos e portas abertas. A minha aldeia tem gente! Tem gente que conversa, tem gente que se conhece, tem gente que cumprimenta quem passa, tem gente que conta histórias, tem gente que sabe esperar, tem gente que vive devagar, tem gente que sabe ouvir, tem gente com memória... Na minha aldeia, «sinto mais longe o passado» e «sinto a saudade mais perto», apenas porque, na minha aldeia,... sinto!
Na minha aldeia a vida é maior...
A minha aldeia não é a minha cidade...[Excertos de Alberto Caeiro ("O Guardador de Rebanhos") e Fernando Pessoa ("O sino da minha aldeia")]
imagens: Montalegre (1) (2) e Castro Verde (3) (4)Etiquetas: Pelos caminhos de Portugal
6 Comments:
Obrigado por me fazeres recordar uma aldeia onde passei algumas das «férias grandes da minha infância...
Sempre às ordens! Enquanto não tenho uma aldeia "minha" vou pedindo emprestadas as aldeias dos outros...
Mo;a, que coisa mais bonita. Temtempos que n'a leio algo assim.
Moça, que coisa mais bonita. Tem tempos que não leio algo assim...
Moça, que coisa mais bonita. Tem tempos que não leio algo assim...
carol
Agradecida.
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