sexta-feira, junho 15, 2007

DREN e a noção de delação

Em relação a todas as interpretações que possamos fazer sobre a actuação da directora da DREN algo me parece claro:
punir alguém por um sms enviado por interposta pessoa é um erro crasso.
Principalmente quando tal não é desmentido e é, aliás, menorizado.
A delação, ou em termos mais corriqueiros as "queixinhas", passam para a opinião pública como comportamentos indesejáveis, apesar da directora da DREN esclarecer que está a agitar muitos interesses.
Agora vejamos a delação com o seguinte exemplo:
A escola tem a seguinte praxe:
Os alunos mais velhos, do sexo masculino, atiram os alunos mais novos do mesmo sexo a um determinado poste, pois na escola institui-se que esse é um comportamento instituído há alguns anos e os mais velhos deverão testar os mais novos através desta prática.
Tal comportamento não deverá ser do conhecimento do Conselho Executivo da Escola, uma vez que revela perigosidade, a todos os níveis, para o(s) aluno(s) alvo(s) da prática?
E o aluno que faz "queixa" não estará a enveredar pela prática de delação, no sentido de denúncia?
A diferença óbvia entre uma prática e outra é a questão dos direitos humanos, ninguém tem direito a agredir ninguém através de uma prática irracional de testar os limites físicos e psicológicos do outro.
Perguntarão: mas então agredir verbalmente uma figura pública, por exemplo, não será, também, uma forma de agressão psicológica?
Parece-me que a liberdade de expressão envereda, por vezes, por falta de bom senso, mas também sabemos que o bom senso é uma palavra demasiado gasta e subjectiva para a maior parte das pessoas.

Nota final: No outro dia ouvi alguém chamar ao rato do computador Cavaco Silva, tal expressão, para mim, também demonstrou falta de respeito para com o chefe de estado, mas eu sei que se verbalizasse isto, com a pessoa em causa, lá vinha a liberdade de expressão à baila e o bom senso, algo que me parece demasiado subjectivo para poder ser discutido com objectividade.

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3 Comments:

Blogger LeonorBarros said...

Acho que não há comparação. Ser alegadamente insultuoso com o Primeiro-Ministro que é grandinho e sabe defender-se não é o mesmo que agredir crianças e transformar a Escola como um inferno para os agredidos e deixá-los com sequelas físicas e psicológicas graves. Por essa ordem de ideias, os atentados aos direitos humanos não seriam denunciados, porque se "estava a fazer queixinhas". São situações substancialmente diferentes, em minha opinião.

sexta-feira, junho 15, 2007 2:02:00 da tarde  
Blogger O MEU OLHAR said...

É perigoso jogar com as palavras; querer comparar uma delação (denúncia) de um colega a um superior hierárquico, com uma “queixinha” de um aluno “caloiro” ao Conselho Executivo da escola que frequenta, por ter sido alvo, por parte de colegas mais velhos, de uma praxe estúpida, não é, em minha opinião, a mesma coisa, é querer comparar alhos com bugalhos, ou será uma questão de semântica…

sexta-feira, junho 15, 2007 7:57:00 da tarde  
Blogger NancyB said...

Leonor,
Concordo contigo em teoria.

chico esperto,
jogar com palavras é uma das minhas actividades preferidas.

sábado, junho 16, 2007 8:42:00 da manhã  

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