ganhámos ou não?...
- Não acho bem que distribuam folhetos destes na fábrica, enquanto duram as negociações!
- Aí vem o Alves... Sempre quero ver o que ele conseguiu...
- Colegas, chegámos a um acordo!
- Que espécie de acordo? Ganhámos?
- Apresentámos os nossos cálculos ao patrão e demonstramos-lhe que com a redução dos nossos 800 salários ele ia meter ao bolso 2000 notas por ano. Tínhamos de impedí-lo custasse o que custasse. E conseguímo-lo! Após uma batalha de 4h!
- Ganhámos ou não?
- Colegas, a lixeira à entrada da fábrica representa um perigo constante!
- Ganhámos ou não?...
Sempre que se rompe o casaco do pobre
Aparecem uns doutores que descobrem
Que assim não pode ser
Há que achar remédio
Seja lá como for
Vão então negociar com os senhores
Enquanto cá fora os trabalhadores
Ao frio esperam que eles voltem triunfantes com
Um belo remendo
Remendo sim pois bem mas onde é que ficou
O casaco todo?
[...]
José Mário Branco, "Remendos e Côdeas" (1978)
o diálogo inicial antecede a música no álbum "A Mãe" (associado à peça do teatro da Comuna)
Esta foi uma das músicas ouvidas no espectáculo do mês passado na Casa da Música - espectáculo que eu até louvei pela actualidade da mensagem. Mas ainda não me consegui decidir da actualidade desta música... Parece-me, simultaneamente, adequada, um passo atrás e um passo à frente!... Vejamos... É certo que as condições de trabalho já não são o que eram há uns anos e, portanto, a necessidade dessa luta não é tão forte. Por outro lado, para nos queixarmos do pouco que trazem as negociações, é preciso que elas tragam alguma coisa e, antes de mais, é preciso que, efectivamente, elas existam! Quanto aos trabalhadores que esperam cá fora ao frio... saberiam eles o que se queria ganhar?... Hoje continuam sem saber, e, além disso, não têm o empenho que tinham nas lutas da altura, porém também acho que não lhes cobram tanto: se na altura se limitavam em querer saber se tinham ganho, hoje acho que nem isso...
- Aí vem o Alves... Sempre quero ver o que ele conseguiu...
- Colegas, chegámos a um acordo!
- Que espécie de acordo? Ganhámos?
- Apresentámos os nossos cálculos ao patrão e demonstramos-lhe que com a redução dos nossos 800 salários ele ia meter ao bolso 2000 notas por ano. Tínhamos de impedí-lo custasse o que custasse. E conseguímo-lo! Após uma batalha de 4h!
- Ganhámos ou não?
- Colegas, a lixeira à entrada da fábrica representa um perigo constante!
- Ganhámos ou não?...
Sempre que se rompe o casaco do pobre
Aparecem uns doutores que descobrem
Que assim não pode ser
Há que achar remédio
Seja lá como for
Vão então negociar com os senhores
Enquanto cá fora os trabalhadores
Ao frio esperam que eles voltem triunfantes com
Um belo remendo
Remendo sim pois bem mas onde é que ficou
O casaco todo?
[...]
José Mário Branco, "Remendos e Côdeas" (1978)
o diálogo inicial antecede a música no álbum "A Mãe" (associado à peça do teatro da Comuna)
Esta foi uma das músicas ouvidas no espectáculo do mês passado na Casa da Música - espectáculo que eu até louvei pela actualidade da mensagem. Mas ainda não me consegui decidir da actualidade desta música... Parece-me, simultaneamente, adequada, um passo atrás e um passo à frente!... Vejamos... É certo que as condições de trabalho já não são o que eram há uns anos e, portanto, a necessidade dessa luta não é tão forte. Por outro lado, para nos queixarmos do pouco que trazem as negociações, é preciso que elas tragam alguma coisa e, antes de mais, é preciso que, efectivamente, elas existam! Quanto aos trabalhadores que esperam cá fora ao frio... saberiam eles o que se queria ganhar?... Hoje continuam sem saber, e, além disso, não têm o empenho que tinham nas lutas da altura, porém também acho que não lhes cobram tanto: se na altura se limitavam em querer saber se tinham ganho, hoje acho que nem isso...
Etiquetas: Formas de pressionar não se sabe é bem o quê, Piquete de greve
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