quinta-feira, maio 24, 2007

The bright side of life

Look, you've got it all wrong! You don't NEED to follow ME, You don't NEED to follow ANYBODY! You've got to think for your selves! You're ALL individuals!

Brian in The Life of Brian

E, todos os anos, a época anunciava-se. No tempo dos dois canais de televisão, Internet inexistente, não havia como fugir do peso que se nos instalava na alma sempre que, findo há um tempo o Carnaval, a Páscoa se anunciava deprimente. Música soturna e filmes que se repetiam até à exaustão: a vida de Cristo, a vida e a paixão de Cristo, a vida, a paixão e a ressurreição de Cristo. O Estado é laico, já o era então, mas os canais de televisão não se reconheciam como tal talvez e, caso o fizessem, impunha-se a contenção da época, eventualmente o gosto e fervor dos espectadores por estas coisas da fé. Muito embora se apregoe que quando não se gosta de algo, pode sempre fechar-se os olhos, desligar a televisão, o rádio, ou virar-se as costas, tal nunca surgiu como opção nesses tempos remotos dos dois canais e de uma idade de pouca autonomia e diversidade à escolha.
O meu filme da Páscoa chegou uns anos mais tarde, não sei exactamente quando, nem interessa para a história, sei que veio para ficar e Páscoa que se quer Páscoa por estes lados é certamente celebrada com A Vida de Brian. Lado a lado com o pão-de-ló e o queijo da serra – há hábitos que não se perdem nunca – ouve-se always look on the bright side of life. Pode até ser blasfemo, censurado pelos mais fervorosos cristãos com ou sem sentido de humor, porém poucos filmes me divertem tanto como a Vida do pobre Brian, na Páscoa ou fora dela. Tomado pelo Messias desde o dia em que nasceu, o mesmo do Messias e no estábulo imediatamente ao lado, Brian vai experimentando as agruras de viver com a aura do Salvador numa sátira hilariante do implacável e corrosivo humor inglês à boa maneira Monthy Python. Estar no sítio errado à hora errada nunca foi tão verdade, pobre Brian, contudo, há sempre que olhar para o lado mais sorridente da vida e, com este filme, não há como não fazê-lo.


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