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Foto: Jomppe Vaarakallio
«é mais fácil para qualquer Governo, sabendo que o aborto é um problema muito complexo, resolver o assunto dizendo: façam à vontade, sem problemas, sem penalizações, à sua discrição»
Manuela Ferreira Leite, Portugal Diário
Manuela Ferreira Leite, Portugal Diário
Etiquetas: Aborto, Passeando pelos media, Simplex
15 Comments:
andré:
Tu acreditas mesmo nisso que citaste?...
O que é que te parece?
Pela forma como apresentas, sem qualquer comentário teu, parece-me que sim... Mas pensamentos desses assustam-me: assusta-me pensar que há quem ache que isto é SIMPLESMENTE uma política de facilitismo. Que a senhora diga isso, é triste, mas é quase o papel dela - a política é um mundo complexo (que não deveria ser para aqui chamado desta forma, mas é mais forte que eles)... Mas que haja quem, fora desse mundo das politiquices, não queira ver para além dele, assusta-me...
Então, parece-me bem? Tenho razões para ficar assustada?
Se acreditas no que dizes não tens qualquer razão para ficar assustada. Eu é que já não posso dizer o mesmo.
Estás demasiado enigmático, ou eu demasiado lenta de compreensão... Fiquei sem perceber se partilhas ou não a posição da senhora...
André, achas mesmo que se vencer o Sim vai haver a liberalização do aborto? Olha que o que se pertende não é isso...
Completamente Cristina.
Susana (belinha), ;)
Acho que é óbvio que se o SIM vencer vai haver aborto livre, por opção da mulher, até às 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado. E vai ser livre, porque quem o pretender fazer não vai precisar de evocar qualquer estado de necessidade. O embrião ou o feto até às 10 semanas fica sem qualquer protecção durante este período. Segundo o que tenho ouvido, ninguém (nem os sins) consideram isto uma "coisa" boa. A diferença é que há quem ache que é um mal necessário, e quem considere [como eu] que esta desprotecção total do feto até às 10 semanas é inaceitável.
"(...) O embrião ou o feto até às 10 semanas fica sem qualquer protecção durante este período. Segundo o que tenho ouvido, ninguém (nem os sins) consideram isto uma "coisa" boa. A diferença é que há quem ache que é um mal necessário (...)"
André:
É justamente isso que eu penso. Equacionaste a coisa muito bem. Se me perguntassem numa mesa de café se eu era "a favor da despenalização do aborto" eu recusar-me-ia liminarmente a responder com um "Sim" ou um "Não" preto no branco.
O meu problema é que tratando-se de um referendo o resultado do dia 11 não me é indiferente. Pelas consequências praticas.
Tem piada que nesta questão eu assumo uma posição pragmática e tu uma posição de princípio. Se a memória não me falha (e se calhar está mesmo a falhar) isso não é muito habitual. Eu não vejo mal nenhum nesta alegada inversão de posições, pelo contrário isto até tem a sua beleza se for visto pelo prisma certo.
O problema é outro. O João Cesar das Neves, que é um conservador puro, em questões de moralidade, defende a posição dele muito mais facilmente do que tu defendes a tua.
No fundo a tua posição nesta matéria é muito mais aceitável para mim do que a do João Cesar das Neves. O João Cesar das Neves é muito mais "coerente" do que tu, mas eu identifico-me muito mais com a tua posição do que com a do João Cesar das Neves.
André, não vejo as coisas dessa forma. Até porque se o Sim vencer espero que a classe política trate seriamente de equacionar e implementar medidas de prevenção também. Isto porque apesar votar Sim, não entendo a interrupção voluntária da gravidez como mais um método anti-concepcional.
Susana,
Se o que tu esperas nunca foi feito até agora, se o SIM vencer, menos probabilidades terá de ser feito. Também por isso espero que vença o NÃO.
Espero não ter de te dar razão André... Chama-me naif se quizeres, mas espero efectivamente que de uma vez por todas se repense uma série de coisas.
pode ser que os do não arranquem com campanhas de educação sexual a sério. ou então, que não as achem divulgadoras de maus costumes...não sei, mas parecia-me bem.
“pode ser que os do não arranquem com campanhas de educação sexual a sério”? “
“os” do sim não o podem fazer é? Nem que fosse para variar, sei lá, podiam tentar começar a fazer qualquer coisinha para combater o flagelo do aborto para além de se limitarem a aparecer nas alturas dos referendos com um ar muito indignado. Se não querem ajudar a combater as causas, podem sempre contribuir com a dízima para algumas das associações que apoiam as mulheres mais desfavorecidas quando querem fazer abortos.
Su,
Pelo comentário da mariana já podes perceber do que o SIM está preparado para fazer na prevenção do problema caso ganhe [ou perca]: o que fez até agora [nada!].
André, como disse espero não ter de te dar razão.
Tenho pena que só se discuta o assunto com base em posições extramadas.
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