sábado, fevereiro 10, 2007

em reflexão...

Auguste Rodin, "O Pensador"
[retirado daqui]


Apoiando na mão rugosa o queixo fino,
O Pensador reflete que é carne sem defesa:
Carne da cova, nua em face do destino,
Carne que odeia a morte e tremeu de beleza.

E tremeu de amor; toda a primavera ardente,
E hoje, no outono, afoga-se em verdade e tristeza.
O "havemos de morrer" passa-lhe pela mente
Quando no bronze cai a noturna escureza.

E na angústia seus músculos se fendem sofredores.
Sua carne sulcada enche-se de terrores,
Fende-se, como a folha de outono, ao Senhor forte

Que o reclama nos bronzes. Não há árvores torcida
Pelo sol na planície, nem leão de anca ferida,
Crispados como este homem que medita na morte.


Gabriela Mistral, "O Pensador de Rodin"
[encontrado aqui]



A minha ideia inicial era pôr apenas a imagem, mas, no meio da busca, apareceu-me o poema - que eu não conhecia... Eu sei que o tempo é de reflexão - aliás era essa a ideia inicial da imagem - mas achei que o poema, de alguma forma, também se adequava... Hesitei... Poderia estar a tomar partido - e não era essa, agora, a minha ideia... Li e voltei a ler... Achei que podia publicar: sendo todos nós pela vida, a reflexão em consciência - aquela que se pretende, pelo menos neste último dia -, esteja ela inclinada para onde estiver, torna-se crispante porque, de alguma forma,... «medita na morte»...

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3 Comments:

Blogger Nelson Reprezas said...

Not fair, Cristina. Ia agora postar uma foto do Pensador :)))
Fica para daqui a 8 anos se o não ganhar...

sábado, fevereiro 10, 2007 10:51:00 da manhã  
Blogger cristina said...

=) Gostei da sintonia! Que não seja por isso... Estás à vontade para postar agora ;)

sábado, fevereiro 10, 2007 3:40:00 da tarde  
Blogger Maria Ortigão e Manuela Queirós said...

Nós vimos isso em Amarante, muito mais pequena do que julgava.
Manuela e Rosa.

terça-feira, fevereiro 13, 2007 6:19:00 da tarde  

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