sexta-feira, janeiro 26, 2007

Razão, consciência, responsabilidade e liberdade [1]

Foto: Kalle Helminen

Não era difícil de imaginar que blogosfera se tornaria num meio de excelência para os movimentos envolvidos no próximo referendo propalarem as suas crenças. Também não é de estranhar que se tenha transformado num intrincado campo de batalha de [e entre] egos, alter egos e super egos. Como não tenho qualquer interesse em entrar nesta funesta contenda, e como não consigo notar nenhuma diferença qualitativa entre a argumentação do Louçã e do Bispo da Guarda, fui-me limitando [ultimamente] a transcrever e a linkar alguns textos que me pareceram pertinentes para o tema em causa. Hoje descobri neste testemunho do Diogo Almeida – texto que quase poderia subscrever na íntegra –, um comentário “assinado” que me remeteu [via link] para um sítio, onde se pode ler este sentido apelo:

Ajude-nos a corrigir uma enorme injustiça.

A ciência indica-nos de forma clara que num feto não existe vida. Num agregado de células tão primitivo e ainda em formação, o desenvolvimento do cérebro não tem de forma alguma o necessário para ser o de um ser humano.

Não é um bebé, muito menos uma pessoa.

Estamos convictos que este é o pensamento correcto do ponto de vista científico. Quem pense o contrário que tenha a liberdade de agir em contrário, mas por favor dê-nos também esse direito.

Peço-lhe que não permita que nos impeçam de viver em paz com a nossa consciência.

Acreditamos que, enquanto seres humano, temos a obrigação de só ter filhos quando temos boas condições para os criar. Não existindo ainda vida temos que poder pôr termo aos processos químicos que levam à sua criação. Não podemos limitar-nos a ter filhos quando calha.

Por favor ajude-nos a viver bem, a viver em paz e em liberdade e harmonia com o próximo. Só o seu voto SIM nos pode dar aquilo que tão desesperadamente necessitamos: A nossa liberdade de consciência

O justo e certo está na sua mão. VOTE SIM

Crenças são crenças, e se há pessoas que acreditam convictamente que não existe vida num feto humano, estão no seu pleno direito. O que talvez não convenha é, evocar em vão o nome da ciência. Nem sequer me parece necessário conhecer as classificações taxonómicas básicas das ciências biológicas para se concluir que num feto existe vida [caso contrário seria um feto morto]. Porém, plenamente convictos que a ciência fundamenta as suas crenças, avançam para um apelo à consciência de todos aqueles que não pensam como eles [entre os quais me incluo]. Como prova de boa-fé, imagine-se, até conferem a todos aqueles que discordam deles um direito adquirido [a liberdade de continuar a não praticar abortos], desde que os deixem viver em paz com as suas consciências. Evidentemente que eu não tenho nada contra a consciência de ninguém, mas só quem não sabe o que é a consciência é que pode pedir [de ânimo leve] a outrem para abdicar da sua em favor da dele. E quando se trata de consciências, cada um sabe da sua [quando sabe].

[continua…]

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3 Comments:

Blogger menina-m said...

mas não é isso que nos andam a obrigar a fazer aqueles que querem que votemos não?
ao menos eu deixo a liberdade de consciência a cada um.



mas lá está, a isso chama-se tolerância.

sábado, janeiro 27, 2007 2:34:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

LOL! Que sabemos nós Portugueses, quando segundo Eurostat - A POPULAÇÃO EUROPEIA ESTÁ EM QUEDA ABSOLUTA:
Segundo as previsões da ONU (State of World Population 2004, UNFPA) a UE25, que actualmente representa 7,1% da população do mundo, descerá para 4,8% a meio do século.
Portugal tem um contínuo défice de 55000 nascimentos por ano, isto é, 6 por hora.

Dá para valorizar a causa de Malta quando aderiu à União Europeia com um protocolo específico que garante que a posição de Malta sobre o aborto não será alvo de pressões da EU em caso de legislação comunitária que venha a surgir nesta matéria no futuro — ler Protecting the unborn child (PDF)http://www.mic.org.mt/AGGORNAT/special_edition/AGGSE21e_Abortion.pdf.

sábado, janeiro 27, 2007 3:16:00 da manhã  
Blogger cristina said...

andré:
Sim, a frase: «A ciência indica-nos de forma clara que num feto não existe vida.» é infeliz, mas o que se lhe segue não, pelo menos de maneira tão banal:

«Num agregado de células tão primitivo e ainda em formação, o desenvolvimento do cérebro não tem de forma alguma o necessário para ser o de um ser humano.

Não é um bebé, muito menos uma pessoa.»

Apesar da infelicidade ou mesmo da falta de rigor da frase inicial, acho que era a estas que o autor queria chegar, pois a primeira, em face da vastidão de vida que há no mundo, parece-me irrelevante...

domingo, janeiro 28, 2007 2:07:00 da manhã  

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