ao contrário aqui do André...
Conheci um poeta, escritor e solidário
Um livre-pensador, vanguarda e visionário
Falava em proteger florestas, oceanos
Os rios e o ar que já não respiramos
Escrevia com alma, com coerência e energia
O tempo ia passando, ninguém o compreendia
E livre de discursos, promessas, teorias
Podiam-lhe chamar para melhor o definir
Livre pensador convicto ecologista,
Um grande idealista
Ele era um poeta, um pintor, um pianista
Seu nome não vem na lista
Conheci um pintor que pintava aguarelas
Criava obras-primas e morria com elas
Conheci um pianista, um músico anarquista
Que compunha canções, que eram sua conquista
E tocava com alma, sentimento e alegria
O tempo ia passando ninguém o compreendia
E livre de discursos, promessas, teorias
Podia-se dizer para o melhor definir
Dava sons à vida, coloria a vida, alegrava a vida
Ele era um poeta, um pintor, um pianista
Um músico anarquista
Ele era um poeta, um pintor um pianista
Seu nome não vem na lista
José Cid, “O poeta, o pintor e o músico” (1993)
Eu até ia escrever sobre outra coisa, mas visto que o chefe voltou a por música nacional ali no cantinho - e depois de tanta afronta =) - eu tinha de dizer alguma coisa!
Ao contrário aqui do André, como já devem ter reparado, eu gosto de música portuguesa, e, além disso, de há uns tempos para cá, até gosto de gostar de música portuguesa – torna-me assim numa espécie de bicho raro!... Não estou a dizer que toda a música nacional é boa, mas há boa música nacional. Também não estou a dizer que o que é estrangeiro não presta, mas tenho uma propensão natural para o que é nosso – e não é só na música...
Ao contrário aqui do André, os CD cantarolados na língua de Camões dominam esmagadoramente a minha pequena discoteca particular e tenho gosto em assistir a espetáculos de músicos nacionais – não “um qualquer” só porque é português, mas um bom espetáculo, que aprecio especialmente por ser português.
Ao contrário aqui do André, não assisti à gala do Gil tempo suficiente para ter uma opinião formada, mas, à partida não me parecia mal a junção em palco desses artistas. No entanto, como não tenho conhecimento de causa e reconhecendo que por vezes há boas ideias que não correm muito bem, abstenho-me de mais comentários.
Ao contrário aqui do André... não, desta vez não é ao contrário do André... Eu também vi a tal reportagem na SIC sobre José Cid, apesar de ter ficado um bocado descontextualizada porque perdi o início – aquilo veio a propósito de quê?... Adiante! A imagem que eu tenho do José Cid está um bocado afectada pela posição demasiado ofensiva que ele tem vindo a tomar face ao panorama musical pouco dado à música portuguesa. As coisas não estão muito bem, mas nem tudo vai mal e a música nacional vai passando (pouco, mas alguma coisa!) nas rádios – que eu ouço! A Antena1 e a Antena3, como rádios de serviço público, têm dado alguns bons exemplos: e viva a Quinta dos Portugueses da Antena3 – onde as 5as feiras são exclusivamente nacionais. Mas voltando ao Cid, deu há uns anos uma 3ª feira de Queima das Fitas com algum nível – dia tradicionalmente “pimba” – e também eu fiquei espantada com as músicas que sabia do senhor... Eu não o catalogaria como pimba, a imagem em que se transformou é que o torna caricato, não é tanto a música, ou, pelo menos não era... A visão imediata que tenho dele é ao piano a cantar a música ali do início: “Ele era um poeta, um pintor, uuuuuuuuuuuuuuuum pianista” – não me lembro do resto da música, mas a letra (que fui buscar a um site sobre o Festival) não é má e adequa-se um bocado aqui ao espírito de incompreensão do músico nacional.
Ao contrário aqui do André, e falando agora ali no cantinho musical do chefe, tenho os três álbuns dos The Gift. Gosto bastante do primeiro – Vinyl – saiu uma coisa diferente, as cordas dão-lhe um toque especial. Os outros dois – Film e AM/FM – estão mais electrónicos, já não gosto tanto... Diz, quem gosta, que este último é, de longe, o melhor... Eu não aprecio... Quanto ao grupo em si, não gosto da postura que têm em palco e em entrevistas – demasiado pretensiosos e não primam pela simpatia. Neste campo de apresentações em palco, vivam os Clã e a Manuela Azevedo, que estão para os The Gift e a Sónia como a noite para o dia.
Concluindo, e ao contrário aqui do que acha o André, “o maravilhoso planeta da música portuguesa” existe e recomenda-se – sendo certo que aquela foto não é, obviamente, a sua melhor imagem de marca! Dependendo do local e da altura, é importante sentir as mensagens, apreciar as letras, ser envolvido pela melodia, saltar com a batida, dançar com o ritmo, gritar com o som... É claro que também podem fazer tudo isto com a música estrangeira – acredito! –, isso parece que nunca esteve em causa, o que está em causa é o facto, para muitos, surpreendente, de o poderem fazer com música portuguesa!
PS: No próximo sábado há Gaiteiros de Lisboa na Casa da Música, às 22h, com bilhetes a 10€. Confesso que foi a minha “propensão natural” (aliada a um gostinho especial pela música tradicional) me alertou para este espetáculo, mas o que me convenceu foi esta apreciação do Nuno Sousa ao espetáculo de Lisboa.
Um livre-pensador, vanguarda e visionário
Falava em proteger florestas, oceanos
Os rios e o ar que já não respiramos
Escrevia com alma, com coerência e energia
O tempo ia passando, ninguém o compreendia
E livre de discursos, promessas, teorias
Podiam-lhe chamar para melhor o definir
Livre pensador convicto ecologista,
Um grande idealista
Ele era um poeta, um pintor, um pianista
Seu nome não vem na lista
Conheci um pintor que pintava aguarelas
Criava obras-primas e morria com elas
Conheci um pianista, um músico anarquista
Que compunha canções, que eram sua conquista
E tocava com alma, sentimento e alegria
O tempo ia passando ninguém o compreendia
E livre de discursos, promessas, teorias
Podia-se dizer para o melhor definir
Dava sons à vida, coloria a vida, alegrava a vida
Ele era um poeta, um pintor, um pianista
Um músico anarquista
Ele era um poeta, um pintor um pianista
Seu nome não vem na lista
José Cid, “O poeta, o pintor e o músico” (1993)
Eu até ia escrever sobre outra coisa, mas visto que o chefe voltou a por música nacional ali no cantinho - e depois de tanta afronta =) - eu tinha de dizer alguma coisa!
Ao contrário aqui do André, como já devem ter reparado, eu gosto de música portuguesa, e, além disso, de há uns tempos para cá, até gosto de gostar de música portuguesa – torna-me assim numa espécie de bicho raro!... Não estou a dizer que toda a música nacional é boa, mas há boa música nacional. Também não estou a dizer que o que é estrangeiro não presta, mas tenho uma propensão natural para o que é nosso – e não é só na música...
Ao contrário aqui do André, os CD cantarolados na língua de Camões dominam esmagadoramente a minha pequena discoteca particular e tenho gosto em assistir a espetáculos de músicos nacionais – não “um qualquer” só porque é português, mas um bom espetáculo, que aprecio especialmente por ser português.
Ao contrário aqui do André, não assisti à gala do Gil tempo suficiente para ter uma opinião formada, mas, à partida não me parecia mal a junção em palco desses artistas. No entanto, como não tenho conhecimento de causa e reconhecendo que por vezes há boas ideias que não correm muito bem, abstenho-me de mais comentários.
Ao contrário aqui do André... não, desta vez não é ao contrário do André... Eu também vi a tal reportagem na SIC sobre José Cid, apesar de ter ficado um bocado descontextualizada porque perdi o início – aquilo veio a propósito de quê?... Adiante! A imagem que eu tenho do José Cid está um bocado afectada pela posição demasiado ofensiva que ele tem vindo a tomar face ao panorama musical pouco dado à música portuguesa. As coisas não estão muito bem, mas nem tudo vai mal e a música nacional vai passando (pouco, mas alguma coisa!) nas rádios – que eu ouço! A Antena1 e a Antena3, como rádios de serviço público, têm dado alguns bons exemplos: e viva a Quinta dos Portugueses da Antena3 – onde as 5as feiras são exclusivamente nacionais. Mas voltando ao Cid, deu há uns anos uma 3ª feira de Queima das Fitas com algum nível – dia tradicionalmente “pimba” – e também eu fiquei espantada com as músicas que sabia do senhor... Eu não o catalogaria como pimba, a imagem em que se transformou é que o torna caricato, não é tanto a música, ou, pelo menos não era... A visão imediata que tenho dele é ao piano a cantar a música ali do início: “Ele era um poeta, um pintor, uuuuuuuuuuuuuuuum pianista” – não me lembro do resto da música, mas a letra (que fui buscar a um site sobre o Festival) não é má e adequa-se um bocado aqui ao espírito de incompreensão do músico nacional.
Ao contrário aqui do André, e falando agora ali no cantinho musical do chefe, tenho os três álbuns dos The Gift. Gosto bastante do primeiro – Vinyl – saiu uma coisa diferente, as cordas dão-lhe um toque especial. Os outros dois – Film e AM/FM – estão mais electrónicos, já não gosto tanto... Diz, quem gosta, que este último é, de longe, o melhor... Eu não aprecio... Quanto ao grupo em si, não gosto da postura que têm em palco e em entrevistas – demasiado pretensiosos e não primam pela simpatia. Neste campo de apresentações em palco, vivam os Clã e a Manuela Azevedo, que estão para os The Gift e a Sónia como a noite para o dia.
Concluindo, e ao contrário aqui do que acha o André, “o maravilhoso planeta da música portuguesa” existe e recomenda-se – sendo certo que aquela foto não é, obviamente, a sua melhor imagem de marca! Dependendo do local e da altura, é importante sentir as mensagens, apreciar as letras, ser envolvido pela melodia, saltar com a batida, dançar com o ritmo, gritar com o som... É claro que também podem fazer tudo isto com a música estrangeira – acredito! –, isso parece que nunca esteve em causa, o que está em causa é o facto, para muitos, surpreendente, de o poderem fazer com música portuguesa!
PS: No próximo sábado há Gaiteiros de Lisboa na Casa da Música, às 22h, com bilhetes a 10€. Confesso que foi a minha “propensão natural” (aliada a um gostinho especial pela música tradicional) me alertou para este espetáculo, mas o que me convenceu foi esta apreciação do Nuno Sousa ao espetáculo de Lisboa.
7 Comments:
Nem sei por onde começar Não sei se vou conseguir arranjar tempo para uma resposta condigna. Mas vou tentar. :)
eu ajudo.
Os Gift fazem cópias descaradas das bandas estrangeiras que estão a ouvir enquanto gravam os discos - claro que depois as entitulam de influências. Mais, não creditam loops dessas bandas que utilizam nas suas músicas - no último álbum, foram os Müm.
Obviamente, pela falta de cultura musical da maioria dos portugueses, os Gift apresentam uma proposta inovadora. Que não o é, de facto. O mesmo não se passa com os Clã. Esse sim um projecto com um som próprio (que eu pessoalmente não gosto) que, tivéssemos nós uma INDÚSTRIA, poderia ser facilmente exportado.
De resto, as coisas mais interessantes que se fazem por cá são apenas para nichos de mercado - como os Gaiteiros ou os Munchen (acabadinhos de lançar um álbum maravilhoso)- nichos esses, que de tão pequenos (porque somos meia dúzia de pessoas a habitar este país), não permite aos músicos as condições necessárias para continuarem a fazer música. Tantos e tantos projectos interessantes que ficam pelo caminho.
As bandas rock/pop que passam na rádio e que podem vender "a sério" limitam-se a copiar o que vem de fora. Resultam propostas requentadas de coisas feitas no estrangeiro há, pelo menos, um ano e meio.
errata: onde se lê entitulam, leia-se intitulam.
carlos paulo:
Obrigada pela ajuda! Mas fiquei sem perceber muito bem quem estás a ajudar...
A minha ignorância relativamente a bandas estrangeiras impede-me de reconhecer essas influências/cópias descaradas a que te referes. Podes chamar-lhe falta de cultura musical, mas não posso negar que gosto do primeiro trabalho dos Gift (apesar de, como já disse, passar bem sem os outros)...
Quanto aos Clã - de quem também tenho todos os CD's - esses sim, continuo a acompanhar de bom grado. E é bom ver o reconhecimento, mesmo de alguém que pessoalmente não aprecia.
Relativamente aos nichos de mercado, concordo, mas eles também têm de existir - isso prende-se com o estilo da música e não com a sua nacionalidade. Confesso que não conheço os Munchen e mesmo os Gaiteiros só os vou conhecer realmente no sábado =)
eu estava a tentar ajudar o André que disse que nem sabia por onde começar.
carlos paulo:
Pois, o André... mas ajudar o André é um bocado desvalorizar a música nacional - "desvalorizar" é capaz de ser um bocado forte... talvez "não reconhecer", ou, certamente, "não apreciar".
Mas o que me parece é que apesar de veres qualidade duvidosa em alguns trabalhos, reconheces que há grupos lusos "com um som próprio" e "tantos e tantos projectos interessantes", remetendo parte importante desta desvalorização generalizada para quem ouve, e não só para quem toca.
Adenda: Ouvi Munchen ontem no Portugália (Antena3), que parece que este estado a promover o trabalho da banda. Só ouvi uma música - não chegou para formar opinião - mas fiquei com vontade/curiosidade de ouvir mais - o que já não é mau!
Hmm I love the idea behind this website, very unique.
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