terça-feira, maio 31, 2011

O meu voto

O meu ideal de sociedade é a social-democracia como ela é entendida nos países nórdicos. Com Estado, com letra maiúscula, que garante as necessidades básicas dos cidadãos, e que administram escrupulosamente, ao cêntimo, a Coisa Pública. Com empresas que pagam muitos impostos, e pagam-nos todos, mas que criam riqueza e remuneram proporcionalmente os seus colaboradores na medida dessa riqueza criada; com sindicatos que em vez de fazerem greves, pré-avisos de greve e manifestações, têm assento no CA das empresas para estudar as melhores formas de criar mais riqueza e, depois, exigem que esses ganhos sejam distribuídos pelos colaboradores. Estas sociedades têm também defeitos, mas como eu já tive a oportunidade de estar por lá uns meses, são bem suportáveis...


Portugal passou os seis anos de Sócrates a fazer as coisas pela metade deste tipo de sociedade: com Estado, com letra grande e não maiúscula, porque se trata de um Estado que tudo vigia e em tudo se intromete, mas que não é capaz de administrar a Coisa Pública, já não digo ao cêntimo; mas ao bilião...os desvios são sempre de mil milhões. Com empresas afogadas em impostos - e cidadãos idem - para serem gastos em fazer três autoestradas para lado nenhum. A aposta na qualificação foi uma rotunda oportunidade perdida, com milhares de milhões de euros a serem gastos no Parque Escolar (escolas com soleiras em granito «Negro Angola», dos mais caros e importados) ao mesmo tempo que se reduziam salários a professores e se aumentavam as propinas. Como disse o Governador de Banco de Portugal: Portugal é uma empresa que construiu um belo edifício e ficou sem dinheiro para comprar máquinas... ou para formar e remunerar os seus colaboradores, acrescento eu. E ainda entrou em insolvência.


A comunicação social tem um fraquinho por Sócrates, isso é evidente, e legítimo - temos sempre mais consideração pelos melhores profissionais da nossa área: Sócrates é um infalível comunicador, mas levou Portugal à falência. Para além disso, apresenta-se a estas eleições visivelmente cansado e com uma única ideia de governo: o contrário do que Passos Coelho diz de manhã, ele propõe da parte da tarde. Vejo com uma certa pena que ninguém do PS assuma um erro de governação; já não digo os abrantes, mas parece que gente, como por exemplo Francisco Assis, que tenho por inteligente e deputado dedicado, se esquecem de apontar um erro que seja que nos conduzisse a este descalabro.


Vou votar Passos Coelho, não para correr com Sócrates, mas porque ele representa uma certa serenidade em tempos tempestuosos, um homem normal, como quase todos os políticos dessas sociedades nórdicas que eu aprecio, um homem que comete gaffes, mas que está empenhado em criar alguma coisa, em vez de só criticar as ideias dos outros e, acima de tudo, um cidadão que prometeu que não aprovava subidas de impostos, mas que quando o teve de fazer fez veio pedir desculpa - e esta humildade não serve de nada para quem os tem de pagar, mas é exactamente essa noção de que faltar à palavra não é correcto que separa Passos Coelho de Sócrates.
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3 Comments:

Anonymous André Carvalho said...

Fazes bem e pelas razões certas.

Abraço

quarta-feira, junho 01, 2011 11:43:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Apoiado!

quarta-feira, junho 01, 2011 12:42:00 da tarde  
Blogger Regina Figueiredo said...

Partilho da sua opinião! exactamente pelas razões que apresentou, eu mudo nestas eleições a minha orientação de voto ! O primeiro ministro não tem carácter nem moralidade para continuar a gerir um governo e a orientar os destinos do nosso País, e os nossos...

quinta-feira, junho 02, 2011 2:37:00 da tarde  

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