domingo, julho 12, 2009

Canções.Mais.Que.Imperfeitas@19



Bob Marley quase sempre me comove, quase sempre me relembra as causas que me dizem respeito. Nenhum povo, em nome de um profeta do desenvolvimento económico, social e político poderá abrir mão da sua cultura e identidade. Tal senso comum para alguns é claro como certa cristalinidade de um certo rio Mondego, apesar de todas as tropelias autárquicas em nome do progresso e do desenvolvimento não sustentado, não integrado, apenas sinónimo de construção predadora a todos os níveis.

Todo o desenvolvimento que exclua as tradições, a terra, a inventividade e a participação dos locais em nome de palavras da moda dos economistas, dos políticos, dos cientistas sociais e dos bem colocados e enredados homens dos negócios, não passam de propostas, algumas até muito bem intencionadas, mas cuja persistência dos predadores quase sempre as faz resvalar para oportunismos a la carte.

Daí que qualquer proposta "desenvolvimentista" articulada com a palavra progresso, seja, para mim, sinónimo de necessidade de vigilância, muita vigilância, não vá continuar a ser palco de poiso de alguma ave rara cujo interior é sempre o mesmo: muito para poucos e pouco para muitos.

Há muito que se percebeu que as diversas elites em Portugal se preocupam bem mais com a depredação do Estado, a rapinagem dos bens públicos, o incentivo à desgovernação (bem presente nos seus representantes mediáticos) do que com o tal povo que representam, enfim não passam de uns deseducados, ignorantes e que "não se deixam governar", enfim lá disse o romano (este discurso é transversal a todos os representantes ideológicos).

Assim parece-me que a conclusão óbvia é um dado cada vez mais empírico: um povo que é desrespeitado pelas suas elites é um povo que não as deve respeitar!

Assim, como diria Marley, a luta continua!

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