Que és um dia de verão não sei se diga.
Que és um dia de verão não sei se diga.
És mais suave e tens mais formosura:
vento agreste botões frágeis fustiga
em Maio e um verão a prazo pouco dura.
O olho do céu vezes sem conta abrasa,
outras a tez dourada lhe escurece,
todo o belo do belo se desfasa,
por acaso ou pelo curso a que obedece
da Natura; mas teu eterno verão
nem murcha, nem te tira teus pertences,
nem a morte te torna assombração
quando o tempo em eternas linhas vences:
enquanto alguém respire ou possa ver
e viva isto e a ti faça viver.
Fernando Pessoa
Poema 18, p. 47
Tradução Vasco Graça Moura
2002
Os Sonetos de Shakespeare
Lisboa
Bertrand
És mais suave e tens mais formosura:
vento agreste botões frágeis fustiga
em Maio e um verão a prazo pouco dura.
O olho do céu vezes sem conta abrasa,
outras a tez dourada lhe escurece,
todo o belo do belo se desfasa,
por acaso ou pelo curso a que obedece
da Natura; mas teu eterno verão
nem murcha, nem te tira teus pertences,
nem a morte te torna assombração
quando o tempo em eternas linhas vences:
enquanto alguém respire ou possa ver
e viva isto e a ti faça viver.
Fernando Pessoa
Poema 18, p. 47
Tradução Vasco Graça Moura
2002
Os Sonetos de Shakespeare
Lisboa
Bertrand
Etiquetas: Poemas Lusófonos, Poesia para os dias de verão
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