terça-feira, junho 30, 2009

Movimento Social Europeu

"A política não deixou de se afastar dos cidadãos, mas temos motivos fundados para pensar que alguns dos objectivos de uma acção política eficaz se situam ao nível europeu, na medida em que as empresas e as organizações europeias conservam um peso determinante na orientação do mundo. E podemos dar-nos por fim devolver a Europa à política ou a política à Europa, lutando pela transformação democrática das instituições profundamente antidemocráticas das quais se encontra dotada: um banco central exempto de qualquer controlo democrático, um conjunto de comités de funcionários não eleitos que trabalham rodeados de segredo e que decidem acerca de tudo sob pressão dos lobbies internacionais e à margem de qualquer controlo democrático e burocrático, uma Comissão que, concentrando poderes imensos, não tem contas a prestar nem perante um falso executivo, o Conselho de Ministros da Europa, nem perante um falso legislativo, o Parlamento, instância ela própria mais ou menos totalmente desarmada perante os grupos de pressão e desprovida da legitimidade que só lhe poderia ser dada por uma eleição por sufrágio universal pelo conjunto da população europeia. Não podemos esperar uma verdadeira transformação destas instituições, cada vez mais submetidas às directivas de organismos insternacionais, que visam libertar o mundo de todos os obstáculos ao exercício de um poder económico cada vez mais concentrado, senão por meio de um vasto movimento social europeu capaz de elaborar e de impor uma visão ao mesmo tempo aberta e coerente de uma Europa política rica de todas as suas conquistas culturais e sociais do passado e forte de um projecto generoso e lúcido de renovação social abrindo deliberadamente para todo o universo."

BOURDIEU, Pierre (2001). Contrafogos 2. Por Um Movimento Social Europeu. Oeiras: Celta, p. xi-xii.

O movimento social europeu é uma reacção à globalização económica. Bourdieu defende, nestas linhas, um movimento capaz de fazer frente à débil transparência representativa da UE.
O problema do movimento social europeu é o mesmo que enfrenta a actual UE, quando as mudanças históricas ocorrem, a história não é determinista, ficamos "presos" a perspectivas supranacionais demasiado distantes e com tentações de imposição de formas de ver o mundo diferentes das sufragadas pelos estados nacionais.
É certo que o problema da débil representatividade existe, mas de que forma poderíamos fazer frente a uma forte representatividade que nos pretenda impor determinadas directivas imaginadas à escala supranacional por quem está afastado da nossa realidade? A forte representatividade será a solução?

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1 Comments:

Blogger Unknown said...

http://www.youtube.com/watch?v=D1KZNQSd3G0&feature=player_embedded

sexta-feira, março 11, 2011 3:51:00 da tarde  

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