terça-feira, março 10, 2009

Ideias Precisam-se

Churchill foi o primeiro homem de Estado do pós-guerra a apelar para a criação dos Estados Unidos da Europa. No entanto esta Europa de Churchill deixava de fora a própria Grã-Bretenha que, na sua opinião, estaria mais próxima da Austrália ou dos Estados Unidos da América do que dos restantes países europeus. A sua participação nas entidades supranacionais deveria centrar-se primeiro na Commmonwealth e na aliança anglo-americana e só depois na nova Europa Federal. Esta atitude britânica não está assim tão longe da que mantêm hoje em dia.

Hoje o federalismo Europeu (ou pelo menos a via para) volta à actualidade, desta vez como resposta à actual crise mundial, quer na resolução dos problemas mais imediatos (através de uma resposta estratégica comum) quer como garante da futura estabilidade económica e financeira da Europa. As palavras de Chruchill são de novo actuais:

"Temos que construir uma espécie de Estados Unidos da Europa. Só assim é que centenas de milhões de seres humanos terão a possibilidade de recuperar as pequenas alegrias e esperanças que tornam a vida digna de ser vivida. Podemos chegar lá da maneira mais simples. Só precisamos da determinação de centenas de milhões de homens e mulheres em fazer o bem em vez do mal, para receber bênçãos em vez de maldições."

É óbvio que os obstáculos e as dificuldades são muitas, e que o actual cenário não deixa antever grandes possibilidades de sucesso para tal aventura. No entanto, nos dias de hoje as coisas acontecem muito depressa, e ninguém nos garante que um qualquer simples evento não possa criar a dinâmica necessária para que se comece a pensar mais seriamente no assunto. Lembro-me, por exemplo, da proposta dos círculos concêntricos do Guy Verhofstadt (à qual, na minha opinião, não foi dada a devida atenção), que poderia muito bem servir de base para avanços efectivos nesse sentido.

E Portugal? Devemos nós estar na primeira linha da causa federalista, ou privilegiar antes a nossa vocação além-mar e as nossas relações com os países da CPLP e, tal como a Grã-bretanha, pormos a nossa relação Europeia para segundo plano?
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