A grande ilusão
"(...) os governos, através dos impostos, reuniam largas somas de capital, que posteriormente redistribuíam, através de subsídios oficiais, por pessoas ou grupos já grandes detentores de capital. Estes subsídios têm consistido em puras dádivas, geralmente com a justificação duvidosa de finalidade pública (envolvendo essencialmente pagamentos de serviços sobre-avaliados). Mas têm também adquirido formas menos directas, como quando o Estado suporta os custos da criação de um dado produto (supostamente amortizáveis por futuras vendas lucrativas), custeando a preço simbólico actividades económicas de empresários não-governamentais, precisamente no ponto em que termina a fase onerosa de pesquisa e desenvolvimento.
(...) Ao longo do capitalismo histórico, este desvio de fundos públicos, bem como os concomitantes procedimentos fiscais corruptos, constituíram desde sempre uma fonte privilegiada de acumulação privada de capital.
Em suma, os governos têm redistribuído capital pelos ricos, utilizando o seguinte princípio: individualização do lucro, através da socialização do risco. Ao longo de toda a história do sistema capitalista, quanto maior o risco (e as perdas), mais provável a intervenção dos governos, no sentido de impedirem as falências, e mesmo de ressarcirem das perdas, ou pelo menos evitar perturbações financeiras.
(...) Existem assim diversos meios, pelos quais o Estado tem desempenhado um papel crucial na máxima acumulação de capital. De acordo com a sua própria ideologia, era suposto que o capitalismo envolvesse apenas a actividade de empresários particulares, livres da interferência dos aparelhos estatais. Na prática, porém, isto nunca foi verdade em parte alguma. É ocioso especular sobre o capitalismo, e se ele poderia ter florescido sem o papel activo do Estado moderno. No capitalismo histórico, os capitalistas contaram sempre com a possibilidade de utilizar os aparelhos estatais em seu proveito, das várias maneiras que esboçámos."
WALLERSTEIN, Immanuel (1999). O Capitalismo Histórico seguido de A Civilização Capitalista. Vila Nova de Gaia: Estratégias Criativas, pp. 41-42.
(...) Ao longo do capitalismo histórico, este desvio de fundos públicos, bem como os concomitantes procedimentos fiscais corruptos, constituíram desde sempre uma fonte privilegiada de acumulação privada de capital.
Em suma, os governos têm redistribuído capital pelos ricos, utilizando o seguinte princípio: individualização do lucro, através da socialização do risco. Ao longo de toda a história do sistema capitalista, quanto maior o risco (e as perdas), mais provável a intervenção dos governos, no sentido de impedirem as falências, e mesmo de ressarcirem das perdas, ou pelo menos evitar perturbações financeiras.
(...) Existem assim diversos meios, pelos quais o Estado tem desempenhado um papel crucial na máxima acumulação de capital. De acordo com a sua própria ideologia, era suposto que o capitalismo envolvesse apenas a actividade de empresários particulares, livres da interferência dos aparelhos estatais. Na prática, porém, isto nunca foi verdade em parte alguma. É ocioso especular sobre o capitalismo, e se ele poderia ter florescido sem o papel activo do Estado moderno. No capitalismo histórico, os capitalistas contaram sempre com a possibilidade de utilizar os aparelhos estatais em seu proveito, das várias maneiras que esboçámos."
WALLERSTEIN, Immanuel (1999). O Capitalismo Histórico seguido de A Civilização Capitalista. Vila Nova de Gaia: Estratégias Criativas, pp. 41-42.
Etiquetas: 'Dubai' daí acabaram por recriar um novo curso Farinha Amparo, E não é que as minhas piadas são mesmo muito giras
3 Comments:
Quem parte e reparte e não guarda para si a melhor parte, ou é parvo ou não sabe da arte (de repartir).
um feliz 2009!
Um excelente «achado». Vou ver se encontro.
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