quarta-feira, novembro 12, 2008

Uma Certa Política

Não quero sequer entrar na discussão sobre se o discurso de Obama tem ou não tem conteúdo, se o homem é de plástico ou de qualquer outro material ou ainda sobre a evidência de que ele não terá gabarito para estar à altura das responsabilidades. Eu assumo-me como Obamista convicto, e estas coisas das convicções, para serem sérias, têm que vir do coração e não da razão. Dos seus críticos espero apenas que concedam que ele não seguiu o caminho mais fácil e populista que seria o de explorar até à exaustão o filão Bush/Crise Financeira (inclusive cheguei a ler comentadores que opinavam que ele poderia estar a pôr a sua posição em risco por não o fazer devidamente) através do qual não teria sido difícil criar um estado de alienação colectiva capaz de por a populaça a pendurar cordas nas árvores do National Mall.

E isto para chamar a atenção para um ponto que não tem sido muito debatido: que o entusiasmo que a campanha de Obama gerou (lá, cá e acoli) contraria a tese de que as pessoas já não se interessam por política. É que perante este fenómeno julgo que a tese terá que ser reformulada para qualquer coisa do género: as pessoas já não se interessam por uma CERTA política.

Claro que é sempre muito fácil e divertido pôr aquele ar nonchalant e passar um atestado de pobre inocente e mentecapto aos não-sei-quantos milhões de pessoas que votaram nele e a outros tantos que, por esse mundo fora, acreditam que ele poderá "fazer a diferença".

Mas eu julgo que não se deveria ir por aí.

Partilhar

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Clap, Clap!

nonchalan?! Não estou a ver o que é...

quarta-feira, novembro 12, 2008 3:01:00 da tarde  
Blogger MRP said...

nonchalant vem do frances que quer dizer qualquer coisa como nao aquece, ou seja, que nao se deixa entusiasmar com qualquer palermice como fenomenos obamicos.

quarta-feira, novembro 12, 2008 6:20:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Apesar de a campanha de Obama dever muito às tecnologias de Informação, apesar de ele usar a retórica com eficácia (a retórica em si não é um mal, antes pelo contrário), é evidente que se criaram expectativas reais que, tudo indica, não serão frustradas. Ele ter ultrapassado Hillary Clinton, que era a minha candidata e era uma grande caandidata, é, por si, um facto notável. Veremos o que o futuro nos reserva, mas à partida, os prognósticos são de bom augúrio.

quinta-feira, novembro 13, 2008 12:50:00 da manhã  
Blogger André Carvalho said...

Miguel,
Talvez por não possuir a tua imensa capacidade cardíaca, não sou sequer capaz de conseguir invejar a tua convicção Obamistica. Na política, e especialmente quando se trata da política norte-americana, procuro ser fundamentalmente racional. E apesar de já ter um dia assumido no GR que em certas ocasiões me chego a sentir um pouco norte-americano, este teu post acaba por me deixar algo frustrado: afinal, e ao contrario do que eu esperaria, não sou capaz de partilhar contigo, nem aparentemente com muitos outros milhões de concidadãos [portugueses e europeus], de tanta euforia em torno de uma presidência norte-americana. Afinal, não sou assim tão norte-americano como julgava, sendo bastante mais francês do que desejava. Este teu post tem diversos pontos que discordo em absoluto e que merecem ser comentados, porém, como se trata de uma matéria que se presta a análises mais extensas e complexas, e como não te apetece discutir o assunto, resta-me ir coontinuando a procurar exprimir a minha opinião sobre esta matéria noutros posts.

Abraço

sexta-feira, novembro 14, 2008 1:06:00 da manhã  
Blogger MRP said...

caro andré,

a racionalidade de uns será certamente a irracionalidade de outros…( e isto não quer dizer absolutamente nada, mas fica giro!)

pela minha parte há de facto diversas coisas que eu prefiro deixar a cargo da minha capacidade cardíaca (apesar de também não depositar nela muita confiança devido aos maus tratos que constantemente lhe inflijo!) e a politica americana é definitivamente uma delas.

e isto não porque me queira escusar a qualquer tipo de discussão (de todo e antes pelo contrário: estou certo de que qualquer troca de argumentos contigo me enriqueceria a alma, o coração e a minha própria racionalidade). é só porque não me julgo com os conhecimentos necessários para discutir politica americana. por isso prefiro o caminho dos simples e deixar-me levar na onda! (mas vou ficar atento aos teus proximos posts sobre a matéria)

quanto à possibilidade de tu te sentires francês, pela tua saúde! conta comigo para o que for preciso para exorcizares esse mal.

sexta-feira, novembro 14, 2008 9:41:00 da manhã  

Enviar um comentário

Voltar à Página Inicial