terça-feira, novembro 25, 2008

A Política que Vem do Frio

Nos anos que se seguiram ao 25 de Abril era normal a miudagem dedicar-se à política. Fossem as rga’s, rge’s, pinturas murais, cartazes nas paredes ou disputadas trocas de argumentos, vulgo andar à pedrada, havia muito espaço para a participação cívica da pequenada. Levado no calor revolucionário, também eu, acabado de me tornar teenager, enveredei por uma carreira política.

Comecei por me inscrever na UEC (então uma das organizações que, com a UJC, reunia a juventude comunista). Diga-se que esta vontade de juntar a minha voz à deles não foi propriamente fundamentada numa sólida convicção Marxista-Leninista; foi antes por influência da minha irmã mais velha.

Tanto assim foi que, ainda o Barroso e o JPP não tinham visto a luz, e já eu tinha dado o salto para o PPD, onde as miúdas eram muito mais giras. Enquanto uns despertavam para o liberalismo através da leitura de Locke ou de Adam Smith, eu tornei-me num liberal por via das hormonas.

No entanto esta militância partidária exigia um rigor para o qual eu não estava preparado e depressa me deixei disso.

Segui traçando o meu próprio percurso político ao sabor do que ia sendo mais importante na minha vida: apesar de ter sempre seguido uma linha directora baseada no respeito pelos outros, tanto me deixei levar por derivas anarquistas como por laivos conservadores. Hoje sou um preocupado.

E o porquê desta história? Para sustentar a ideia de que fazer política baseada em apriorismos ideológicos em nome da santa coerência não é necessariamente sempre a melhor opção. Muitas vezes o pragmatismo serve melhor a causa pública e resolve mais depressa os problemas.

Isto perceberam há algum tempo os países nórdicos onde penso que este princípio tem melhor expressão. Estes são os países onde, muito provavelmente, o peso do Estado é maior. Mas no entanto tenho a nítida sensação que são os países onde as populações se sentem mais livres, onde existem menos preconceitos de qualquer espécie (e isto basta conhecer alguns nórdicos para o confirmar!). Caso sintomático é, por exemplo, o sistema sueco de gestão das escolas, que deixa embevecido o mais empedernido dos liberais.

E assim estes pragmáticos nórdicos não são só os mais livres como também os mais ricos, os mais bonitos (e isto basta conhecer algumas nórdicas para o confirmar!), os mais fortes e diz até que são os mais felizes.


PS: E não, não estou a defender a adopção de nenhum modelo Finlandês!

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5 Comments:

Blogger Carlos Malmoro said...

Já eu defendo a adopção das modelos finlandesas.

terça-feira, novembro 25, 2008 2:46:00 da tarde  
Blogger Carlota said...

Vislumbro aqui um excesso cometido no arrebatamento do post, para usar palavras do próprio MRP. Excesso contagiante, como o comentário do Carlos deixa transparecer.
Estou relativamente disponível para desencadear uma crise fundamentada. O que acham?

terça-feira, novembro 25, 2008 3:41:00 da tarde  
Blogger Carlos Malmoro said...

Quantifica-me esse «relativamente», sff

terça-feira, novembro 25, 2008 4:31:00 da tarde  
Blogger Carlota said...

Aquele "relativamente", Carlos, é mais qualificável do que quantificável. Tem a ver com o meu lado sofista, que me assola quando vislumbro uma boa oportunidade de comprar uma valente briga. Contrapõem-se-lhe o meu lado realista, que sabe que há discussões que nunca terão frutos, e a consciência de que não tenho assim tanto tempo para esgrimir argumentos.
Este comentário parece um bocado presunçoso, mas a intenção não é essa. Deve, por isso, ler-se com ironia nas entre-linhas. :)

terça-feira, novembro 25, 2008 9:27:00 da tarde  
Blogger MRP said...

Credo, Carlos! Ainda assim, mesmo pobrezinhas, tristes e feiosas, prefiro as portuguesas (ou, vá lá, as brasileiras).

Carlota, seja lá qual for o excesso que cometi retracto-me já e faco penitencia. Valente briga com uma Senhora é que nao!

quarta-feira, novembro 26, 2008 7:58:00 da manhã  

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