Ensaio sobre a desconfiança
Contrariamente à autoconfiança dos americanos nós possuímos um cognome um pouco mais inventivo: a desconfiança.
A desconfiança transforma o Zé Carlos num ser muito particular.
O Zé Carlos nunca fala de si, está sempre a falar do Zé Carlos do andar de cima.
A forma de ser do Zé Carlos do 2.º direito é, felizmente, a mesma do Zé Carlos do 3.º esquerdo e restantes andares.
Os Zés Carlos daquele condomínio desconfiam, coitadinhos, da performance comum.
As asserções menos corriqueiras dos Zés Carlos são as seguintes:
Isto é tudo uma cambada de incompetentes!
Este país não vai a lado nenhum!
São todos uns corruptos e uns ignorantes!
Tenho vergonha deste país!
Se este país não existisse teria de ser inventado!
Este país é uma espécie de república das bananas!
... (aceitam-se propostas)
Então:
- se ninguém sabe fazer contas
- se ninguém conhece o Turguenev
- logo são todos uns ignorantes
o melhor a fazer é dar de frosques deste condomínio.
Como o Zé Carlos raramente "dá de frosques" torna-se expert num exercício muito particular a auto-flagelação, ligeiramente apimentada de sado-masoquismo.
Mas encontra-se sempre convicto numa certeza:
ah, como me arrependo de não ter partido!
ah, como passei ao lado de uma carreira brilhante!
ah, com gente tão ou mais inteligente do que eu!
Também poderá travestir-se desta forma:
- ridicularizar militantemente os restantes habitantes do seu país;
- alienado em crenças pessoais, logo partidário activo de uma espécie de moralismo totalitário a raiar a insanidade;
- corroído pela desconfiança, logo paralisado na acção;
- idolatrador militante de celebridades culturais, desportivas, sociais e políticas que, infelizmente, são humanas, logo acertam e erram.
A desconfiança transforma o Zé Carlos num ser muito particular.
O Zé Carlos nunca fala de si, está sempre a falar do Zé Carlos do andar de cima.
A forma de ser do Zé Carlos do 2.º direito é, felizmente, a mesma do Zé Carlos do 3.º esquerdo e restantes andares.
Os Zés Carlos daquele condomínio desconfiam, coitadinhos, da performance comum.
As asserções menos corriqueiras dos Zés Carlos são as seguintes:
Isto é tudo uma cambada de incompetentes!
Este país não vai a lado nenhum!
São todos uns corruptos e uns ignorantes!
Tenho vergonha deste país!
Se este país não existisse teria de ser inventado!
Este país é uma espécie de república das bananas!
... (aceitam-se propostas)
Então:
- se ninguém sabe fazer contas
- se ninguém conhece o Turguenev
- logo são todos uns ignorantes
o melhor a fazer é dar de frosques deste condomínio.
Como o Zé Carlos raramente "dá de frosques" torna-se expert num exercício muito particular a auto-flagelação, ligeiramente apimentada de sado-masoquismo.
Mas encontra-se sempre convicto numa certeza:
ah, como me arrependo de não ter partido!
ah, como passei ao lado de uma carreira brilhante!
ah, com gente tão ou mais inteligente do que eu!
Também poderá travestir-se desta forma:
- ridicularizar militantemente os restantes habitantes do seu país;
- alienado em crenças pessoais, logo partidário activo de uma espécie de moralismo totalitário a raiar a insanidade;
- corroído pela desconfiança, logo paralisado na acção;
- idolatrador militante de celebridades culturais, desportivas, sociais e políticas que, infelizmente, são humanas, logo acertam e erram.
Etiquetas: Ensaio sobre a desconfiança, Excesso de moralismo ou alienação colectiva
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