quarta-feira, setembro 03, 2008

mas afinal o que é o Comunismo?...

Ora aí está uma boa pergunta!

Esta questão abre uma das faixas do "A Mãe" de José Mário Branco. O músico segue jogando às adivinhas, de resposta alegadamente simples, sensata e justa... e evidente.

A evidência da sensatez... A simplicidade da justiça... Eu gostava, a sério que sim, que a sensatez fosse algo de evidente e que a justiça fosse claramente simples... Mas não só não é como, para além disso, a evidência não é nada sensata e a simplicidade acaba por não ser justa...

Não obstante, faço parte da gente que se presume formada [apesar de, pessoalmente, muito mal informada - isso tenho de confessar] e que mantém como paradigma uma solução social para as mazelas do mundo. Continua, portanto, a custar-me compreender toda a falta de justiça e de sensatez que parte de algo tão simples e evidente...

Qual é coisa, qual é ela
que é possível conquistar
se a gente lutar por ela
que não é pra complicar
mas sim para resolver

A nova ordem que acaba
com a diferença de classe
entre o que come e o que lavra
Qual é coisa que é tão fácil
tão difícil de fazer

José Mário Branco, "Qual é a coisa qual é ela (elogio do Comunismo)" (1978)


Logo à noite, na RTP2 a partir da 23h30, segue a segunda parte (de três) do documentário Comunismo - história de uma ilusão...


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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O Comunismo é um ideal, um anseio de igualdade entre os homens, que muita gente procura realizar.

Não é fácil de pôr no terreno, não tem sido possível. Nem Max nem Lenine podiam imaginar que ainda hoje, o ideal proclamado na Manifesto de 1848, não tivesse ainda feito cessar a exploração do homem pelo homem.

Na verdade, a Rússia anterior à soviética, sempre foi uma sociedade caracterizada por uma forte exploração das classes populares e pela tendência em ser autocrática.

A implosão do chamado socialismo real é devida, penso eu, à falta das liberdades, a principal das quais é a liberdade de imprensa. O regime fechou-se, reprimiu a crítica, sempre necessária para haver progresso.

Há hoje uma grande desilusão pelo que se passou, mas o ideal comunista não morreu, nem nunca morrerá.

O que há a fazer é procurar novas metodologias, aprender com os erros passados, e lançar projectos criativos e inovadores.

Como? Talvez criando "ilhas exemplares" que sirvam de exemplo e, estimulem a criação de novas ilhas, até o planeta se transformar.

Ou então, lentamente, fazer com que a educação de todas as populações crie uma mentalidade propícia ao florescimento da solidariedade entre todos os homens.

A EDUCAÇÃO É, DE QUALQUER MODO, A BASE DE TODAS AS TRANSFORMAÇÕES. CRIEMOS UM SISTEMA EDUCATIVO APROPRIADO.

quinta-feira, setembro 04, 2008 1:43:00 da manhã  
Blogger Nelson Reprezas said...

Este comentário foi removido pelo autor.

quinta-feira, setembro 04, 2008 4:53:00 da tarde  
Blogger Nelson Reprezas said...

Olá Cristina

O meu post a que aqui te referes está longe de pretender fazer uma análise do comunismo. Tão só referia a forma ao que parece recalcitrante como a RTP começou a emitir um programa de três episódios, ficando-se pelo primeiro. Agora, muito provavelmente porque estamos à beira da festa do Avante acharam por bem transmiti-lo no totalidade.
Se reparares bem, a essência do post era essa e não a de uma análise exaustiva do comunismo. Para isso teria de fazer um post muito maior e onde as ideias em que assentam as minhas convicções e experiência assentassem em premissas bem mais sólidas do que as que usei.
Em qualquer caso, receio não ter entendido bem este teu post. Porque repara, e isto só como exemplo, quando citas José Mário Branco no "elogio do comunismo" de 1978, transcrevendo dois versos, as perguntas que te deixo são: - Porquê Mário Branco? E que autoridade tem Mário Branco para afirmar A nova ordem que acaba
com a diferença de classe
entre o que come e o que lavra
Qual é coisa que é tão fácil
tão difícil de fazer... se a gente lutar por ela ... é para resolver...

Mas resolver o quê? Como? Como resolveram com a experiência soviética? Como os países da Europa do Leste? Como os exemplos actuais da Coreia da Norte e de Cuba ou mesmo da China (neste caso, de resto, com uma profunda coméstica, antes que morressem todos de fome...). Como é que em 2008 ainda se acha que a visão romântica do comunismo é ajustável à realidade dos dias de hoje? Como é que ainda hoje se emula, por exemplo, Zeca Afonso, autor e intérprete e apologista velado da violência (basta percorrer muitas das suas letras...) ou se pactua com uma festa (e aqui vais ficar muito zangada comigo porque acabaste de fazer a apologia da festa do Avante) popular que gera e cultiva a promiscuidade com grupos de assassinos como as FARC?
Regresso ao moto inicial deste comentário, referindo que o meu post tinha uma orientação específica sobre a comportamento da RTP no caso do documentário. Não era nada que se parecesse com qualquer processo analítico sobre o comunismo. Mas dispõe de mim quando e como quiseres para trocar impressões sobre o tema. No maior respeito, como já antes referi, por quem pensa de forma diferente da minha.

quinta-feira, setembro 04, 2008 5:00:00 da tarde  
Blogger cristina said...

francisco tavares.

«aprender com os erros passados»
Sim, sem dúvida. Mas antes disso é preciso identifcá-los, reconheê-los... quais foram os erros passados?...

«fazer com que a educação de todas as populações crie uma mentalidade propícia ao florescimento da solidariedade entre todos os homens.»
E que os coelhos saltitem nos campos verdes por entre as flores amarelas ao pôr-do-sol... Desculpa a brincadeira, mas foi a primeira visão que me trouxe esta tua frase. Por outro lado a segunda visão, passa por uma reflexão acautelada do conceito de uma educação que "cria mentalidades"... Tenho um bocado de medo disso. Mas percebo onde queres chegar, a génese da bondade da humanidade... - eu gosto de acreditar nisso...


espumante.

Isto não é uma resposta, nem uma crítica ao teu post. Eu apenas me identifico com parte daquilo que tu criticas - a referência que utilizei.

Sei perfeitamente que não te estavas a explanar sobre o Comunismo, mas apenas a deixar uma nota sobre o programa da RTP.

Quanto ao meu post, apesar da questão inicial, eu não tenho pretenções de lhe dar resposta. Apenas vim partilhar alguns pensamentos, ambíguos, confusos que me passam pela cabeça.

«Porquê Mário Branco?»
Porque é um músico que aprecio bastante, porque «A Mãe» - que tantas vezes já ouvi - é um trabalho marcadamente ideológico e porque, como referi, nele apresenta explicitamente a questão com que abri o post e que tantas voltas me dá à cabeça. Não disse que o senhor é dono da razão, não disse que os versos que citei são verdades absolutas... Mas acho-os bem representativos da - nas tuas palavras - «visão romântica do Comunismo», da, digamos, "ilusão" antes da "desilusão"...

Isto não é um post de respostas, é um post de perguntas, de ambiguidades... Não acho que se devam olhar os fins, esquecendo os princípios; não acho que se devam adular os princípios, ignorando os fins... E é de tentar olhar às duas coisas ao mesmo tempo, que de vez em quando me saem coisas destas...

Zangada?!... Eu até queria, mas não posso =) É o que dá o «respeito por quem pensa de forma diferente» ;)

quinta-feira, setembro 04, 2008 6:10:00 da tarde  

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