Eça à la carte
Munido de algum do melhor espírito crítico queirosiano, mas com um pendor bastante menos satírico, Saramago tem vindo a caracterizar implacavelmente no seu novo Caderno, alguns dos principais actores da cena política nacional e internacional. De Bush a Aznar, passando por Cavaco Silva, António Guterres ou Berlusconi, Saramago não dá tréguas a nenhum daqueles que elegeu de inimigos privados de estimação. A propósito do tema da Justiça e do uso abusivo do Poder em causa própria [Chavez & cia à parte], a dado momento Saramago insurge-se contra o absurdo “veto” de Berlusconi à exibição no Festival de Cinema de Roma de "W", o último filme de Oliver Stone. Para dar mais ênfase à sua crítica, recorda Eça: "passa-se sete vezes uma gargalhada à volta de uma instituição, e a instituição alui-se". E foi precisamente a propósito de desmoronamentos, de injustiça, e de uso indevido do Poder que após ter tomado conhecimento desta boa-nova, e apesar de confessar que o primeiro autor que me veio à ideia ter sido Kafka, recordei-me à posteriori de outra frase de Eça que parece fazer todo o sentido na actual conjuntura: "este governo não cairá porque não é um edifício, sairá com benzina porque é uma nódoa".
Etiquetas: Abuso de Poder, As Farpas, Blogosfera, Conferências do Casino, José Saramago, Liberdade de expressão, Processos Kafkianos, Proudhon
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