segunda-feira, agosto 04, 2008

Nuclear? Em princípio não, obrigada!

O semanário SOL, e o debate sobre a Energia Nuclear:
- começou por publicar um artigo de José António Saraiva, contra a Energia Nuclear;
- depois o semanário invocou argumentos caros ao jornalismo (liberdade de expressão) para fomentar o debate;
- e destacou personalidades públicas e as suas posições acerca do tema.

No artigo publicado no fim de semana surgem várias fotos de algumas personalidades marcantes da vida pública e as suas respectivas posições:
- algumas contra a energia nuclear;
- algumas a favor da energia nuclear;
- algumas a favor de um debate esclarecedor acerca da energia nuclear.

Contudo, há uma forma algo "inquinada" de tratar qualquer tipo de debate fracturante, menosprezar a contribuição dos especialistas*.

Eu como sou da geração do "Nuclear? Não, Obrigado!" à partida estou contra, mas estou aberta ao debate. O único motivo que me anima, confesso, é ficar mais esclarecida e debater a questão de uma forma mais esclarecida, o esclarecida provavelmente não abdicará de um preconceito, para alguns, questão de princípio, para outros:

- a natureza é uma aliado inestimável do ser humano e à partida sou contra investimentos económicos demasiado agressivos à sua\nossa saúde.

O que disse anteriormente está consciente do seguinte:
se esta posição fosse fundamentalista e se o meu comportamento fosse coerente, provavelmente viveria numa palhota e cantaria, bastante mal infelizmente, ao som do folclore aqui da zona. É que os "investimentos económicos" e as construções, sejam elas quais forem, são à partida, quase todas, uma agressão ao ambiente.

Assim, a minha posição anterior pretende estabelecer o compromisso possível entre os ganhos e as perdas da actuação do homem.

No debate quero, acima de tudo, compreender o que é que ganhamos, em termos energéticos, e o que é que perdemos, em termos ambientais.

À partida não me interessam argumentos pouco esclarecedores, como:
- o de levarmos com o lixo nuclear dos espanhóis e não usufruirmos dos benefícios energéticos do nuclear - este argumento é apenas ruído e não acrescenta nada ao debate.

Gostaria de ver esclarecido argumentos, como:
- a favor - combate à dependência do petróleo, energia nuclear versus petróleo? esta relação parece-me complicada; combate à nossa dependência energética: nuclear versus investimentos recentes na energia eólica e nas barragens;
- contra - ordenamento do território - argumento do arquitecto monárquico; ambiente - agressividade ambiental;
entre outras.

É claro que no meio deste debate há uma triagem necessária:
Os argumentos "trapaceiros", os que jogam ao faz de conta, mas cujo pano de fundo é simples: há um interesse económico de investimento. Este interesse envolve uma actuação concertada e de tentativa de manipulação jornalística, por exemplo: artigos que veiculam catástrofe da dependência económica (cá está de forma velada: o velho argumento do interesse patriótico) o fantasma da crise (nas últimas semanas repararam quantas vezes surgiu no semanário Expresso a palavra "crise" associada a vários conteúdos) e a assumpção do velho valor determinista: se não fizermos isto só nos poderá acontecer aquilo.

A economia como motor absoluto e hegemónico de uma sociedade, seja ela qual for, parece-me um tanto "agressiva" para a natureza, local onde, por ora, habita o ser humano.


* Vimos isso num debate recente: OTA versus Alcochete, o encaminhamento do debate pretendeu esclarecer-nos uma manipulação agora evidente: o interesse económico (OTA) versus interesse patriótico (Alcochete).
Parece-me algo digno de desconfiança que uma poderosa Associação "encaminhe" alguns subsídios, de alguns "patriotas" para uma causa fundamentalmente patriótica, aliás Joe Berardo encarna muito bem essa figura. Devemos, aliás, tentar compreender como um programa televisivo como o "Prós e Contras" poderá ser, facilmente, objecto de manipulação.

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