domingo, agosto 31, 2008

WALL-E

A informação maciça num determinado sentido é lida por uma escola da economia (Escola Austríaca, Hayek,...), como uma oportunidade de negócio, não sendo de todo descartável pelo empresário criativo, o qual deve estar atento aos fenómenos sociais (big bang social).
Até aqui nada em contrário.
Tal teoria económica poderá tornar-se um problema político-social-económico quando, os empresários criativos, assumindo esta perspectiva como matriz convertem esta ideia numa deslealdade concorrencial (quando são donos de impérios da comunicação com ligações a outros ramos de negócios, por exemplo).
O que podemos aprender com os economistas liberais/neoliberais?
Na sociedade não se movimentam seres humanos, homens e mulheres de carne e osso, afinal movimentam-se potenciais clientes de futuros produtos.
Contudo, a sociedade actual não deixa de ser uma caixinha de surpresas para qualquer forma de determinismo/dogmatismo.
É que, por vezes, o homem abstracto (consumidor) é um ser dado a humores, interesses e emoções(*), o que é uma redundante chatice. E, por vezes, a produção maciça de informação desencadeia o inverso do que se pretende. O ser humano não é, graças a Deus, assim tão imprevisível.
Contudo, a nossa responsabilidade pelo futuro das próximas gerações exigem-nos uma vigilância constante, principalmente e relativamente a quem pretende transformar o homem comum num homem abstracto.
É por tudo isto e por nada disto que WALL-E é imperdível.

(*) - o discurso apologético da Inteligência Emocional deverá ser, por isto, questionado, problematizado, criticado. A sua utilização poderá ser desencadear uma leitura totalitária/autoritária: cada um, no seu cantinho, não chateando muito, tudo numa onda: afinal até somos muito democráticos. Ao contrário do que nós pensamos a democracia não é, de todo, um dado adquirido.


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8 Comments:

Blogger Unknown said...

Mas a Dona Melancia anda a ditar-te os posts ao ouvido ou quê?

domingo, agosto 31, 2008 11:14:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Sem ter visto WALL-E e, baseando-me apenas neste texto, nada do que foi dito é novidade, sabemos que não são situações novas.

É verdade que quem tem um grupo empresarial ligado aos média, em principio aproveita para vender outros seus produtos de outras actividades.

Esses economistas liberais são monetaristas, defendem que uma empresa é feita para dar lucro e, tudo o resto se sujeita a esse principio.

Nós achamos bem? É claro que não. Uma organização empresarial que emprega dezenas, centenas, milhares de pessoas não pode "transformar o homem comum num homem abstracto", sem necessidades, sujeito apenas a velar pelos interesses do empregador.

Por outro lado, uma organização com capacidades monopolistas não deve utilizar essa capacidade para impor previlégios.

A supervisão que a sociedade deve fazer sobre as organizações empresariais e corporativas, deve e costuma objectivar-se em "thinktanks" de investigadores/pensadores, ONGS, Fundações, que são um contraponto aos defensores do monetarismo, que defendem que o que milhares de pessoas produzem, deve ser usufruido apenas por meia dúzia.

Refinem-se e aperfeiçoem-se os mecanismos de supervisão!

domingo, agosto 31, 2008 1:13:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não resisto a um segundo comentário: "a curiosidade e a solidariedade como raízes centrais de uma nova teodiceia".
Definição de teodiceia: "parte da metafísica que trata de Deus e dos seus atributos". Eu recuso-me a usar esta palavra, este conceito, por ser algo abstracto.

domingo, agosto 31, 2008 11:00:00 da tarde  
Blogger cristina said...

francisco tavares.
Vou-me intrometer só para perguntar: não utiliza palavras/conceitos abstractos?!

segunda-feira, setembro 01, 2008 12:41:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Claro que utilizo! Mas aqui a questão é teodiceia e o que ela significa.
Como sabe, Cristina, nós partimos de factos concretos, de dados, para generalizar e criar conceitos. É este o método científico.
A ideia de Deus, foi criada para explicar aquilo que não se conseguia perceber, uma espécie de explica-tudo e mais alguma coisa, mas que não explica coisa nenhuma.
Não é um conceito que parte de dados, é um conceito que explica dados, factos, parte de cima. Só isso.

segunda-feira, setembro 01, 2008 11:31:00 da tarde  
Blogger cristina said...

francisco.
A abstracção não é, então, aqui o seu problema. Tudo reside na referência religiosa. Mas isso parecem-me questões bem mais complexas que a simplicidade que lhes quer dar.

terça-feira, setembro 02, 2008 3:05:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Devo dizer que apesar de tudo, adorei o filme.

terça-feira, setembro 02, 2008 7:01:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cristina,

Eu admito que para mim, analisar questões religiosas seja mais fácil por ter sido seminarista. Depois fiz toda uma evolução mental, de início penosa, mais depois mais fácil e linear e assumida sem apelo nem agravo.

Por isso a complexidade a que se refere depende do grau de conhecimento que tivermos do assunto em questão.

No entanto, a evolução em relação à laicização da sociedade é real e está em andamento. E ainda bem. Porque a religião, as várias religiões, têm dados origens a muitas guerras.

Fico por aqui, mas podia dizer muito mais.

terça-feira, setembro 02, 2008 11:25:00 da tarde  

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