quinta-feira, agosto 07, 2008

Cobrar imposto ao Estado

Segundo esta notícia, a Galp não lucrou com o aumento do petróleo. Para além do óbvio embaraço em que ficam os criadores de emails em cadeia a pedir o boicote à petrolífera nacional e os promotores da iniciativa de não abastecimento das viaturas na Galp durante três dias, existe ainda uma outra entidade que não sai nada bem vista neste processo.

Vejamos, todo o preço de um produto tem incorporado várias rubricas: o custo da matéria-prima, o custo da produção/distribuição, lucro e imposto. Como sabemos, o petróleo aumentou 50% no primeiro semestre do ano, fruto das aventuras especulativas dos pitbulls (nome carinhoso como são tratados os operadores do NYSE) - aqui por estas bandas não acreditamos em aumento da procura com os EUA em recessão. Como o custo da produção/distribuição se manteve, havia duas hipóteses: ou os combustíveis aumentavam 50%, o que não aconteceu, ou o lucro da empresa ia pelo cano abaixo - o que aconteceu em 76%. Resta-nos uma rúbrica: o imposto.

Há um mês o Governo, cheio de moralidade, anunciou a criação da Taxa Robin. Como se vê, ela não vai servir para nada - as margens de comercialização baixaram e portanto não há mais-valias «especiais» para ninguém. Porém, o outro imposto, aquele que realmente dói a cidadãos e a empresas, o ISP, está a ser a salvação deste ano fiscal. Ou seja, num semestre em que a Galp vê os lucros reduzidos em três quartos por ter suportado com o lucro parte do aumento da matéria-prima e em que os cidadãos e empresas produziram autênticos milagres para continuar a pôr as suas viaturas a andar , o Estado aumenta a sua receita fiscal com a escalada do preço do petróleo. Moralmente falando, estamos conversados. Apetece pois sugerir a criação de um imposto para a sociedade cobrar ao Estado. Deixo uma sugestão para nomeá-lo - Taxa Robin dos Bosques.

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