quarta-feira, julho 16, 2008

É o que dá [não acreditar em bruxas]

Vital Moreira não acredita em bruxas e o “nosso” Primeiro em bruxarias, pero que las hay, las hay.
Efectivamente, e como é do senso comum, não é possível prever, com precisão [ao dia/hora/mês], o início de uma crise económica mundial – Nostradamus e Júlio Verne também se debateram com o mesmo problema, quando se puseram a tentar adivinhar outras coisas. Porém, até eu, um comum mortal, sem qualquer responsabilidade política/governativa, nem contactos “privilegiados”, poderia facilmente antecipar, mesmo em 2004, que entre 2007 e 2009 nos iria certamente bater à porta mais uma crise económica. Assim sendo, e como não é crível que estas duas ilustres personalidades da nossa praça nunca tenham ouvido falar de ciclos económicos, restar-me-ia concluir que [também] existe alguma falta de seriedade, e falso assombro, nas afirmações que proferiram.
Mas se em 2004 não seria fácil antever, com exactidão, nem o ano, nem a dimensão da próxima crise, já em pleno Verão de 2007, nem sequer seria necessário ser bruxo para se poder adivinhar que a crise que se tinha começado a abater nos mercados financeiros mundiais acabaria por se alastrar, e numa proporção similar, à economia real, o mais tardar, no decorrer do ano seguinte [2008].
Se até se pode entender, com naturalidade, que quem detém responsabilidades governativas possa/deva procurar evitar pronunciar-se sobre uma previsível futura [a curto/médio prazo] crise económica – pois é já conhecido o efeito propulsor psicológico que estas declarações têm na confiança de investidores e consumidores –, não sou capaz de deixar de ficar perplexo com o facto de se poder considerar normal que alguém que tem a responsabilidade de governar um país e que anda, dia sim dia sim, a bradar aos sete ventos o seu virtuosismo, tenha o despudor de confessar publicamente que não teve capacidade para discernir em meados de 2007 a mais que previsível mudança de ciclo na economia mundial em 2008.
Das duas uma: ou José Sócrates foi apanhado completamente desprevenido nesta crise, o que nada abona em seu favor; ou as suas declarações não passam de desculpas de “mau pagador”. Seja qual for o caso [e qual deles o pior], uma coisa é mais que certa: continuamos a ser governados por incompetentes.


P.S. Menos-mal seria que a nossa sina passasse somente por andar no rasto dos ciclos económicos de crescimento e recessão das nações mais industrializadas do planeta. Mas o nosso problema é muito mais profundo: passa sempre, e invariavelmente, pela falta de preparação e de visão a longo prazo dos nossos governantes – com tudo de trágico que isto acarreta: ciclos políticos seculares que “alternam”, invariavelmente, entre o péssimo e o muito mau.

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1 Comments:

Blogger MRP said...

é como dizes. há um pressuposto básico para qualquer análise sobre o país: aquilo é uma cambada de incompetentes que parecem umas baratas tontas sem saber o que fazer!

quinta-feira, julho 17, 2008 9:58:00 da manhã  

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