segunda-feira, julho 07, 2008

Amores imperfeitos (3/4)

Mas Iracema voltou à carga. Numa altura que coincidiu com uma sobrecarga de trabalho no escritório, relacionada com o início do julgamento num mega processo-crime. Iracema achou então que o melhor que havia a fazer, era denegrir a imagem de Artur junto dos sócios do escritório e dos próprios clientes de Artur. Na cabeça dela, pensava que se conseguisse que despedissem Artur, então podia tê-lo junto dela mais tempo. Poderiam iniciar um negócio juntos e ela já sabia qual: importariam biquinis e sungas brasileiros, que venderiam numa qualquer loja de um centro comercial ao triplo do preço de compra. Já se estava a ver, a ela a atender os clientes e a Artur na parte de trás da loja, num pequeno escritório, a tratar das papeladas e formalidades. O seu momento de felicidade suprema teve-o no dia em que Artur chegou a casa e anunciou que tinha perdido o emprego. Recebeu-o nos braços, consolou-o e contou-lhe os planos que tinha para os dois. Artur decidiu não lhe falar dos telefonemas invariavelmente feitos por uma mulher de sotaque brasileiro, a incriminá-lo disto e daquilo, a contar histórias inventadas, a relatar barbaridades. Ela não estranhou que ele reagisse assim. Burra, pensou.

(continua)

Ilustração
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