terça-feira, junho 17, 2008

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades….

Com as conversas sobre o referendo irlandês voltou o argumento de que certas decisões não deveriam ser referendadas, devendo antes ser deixadas unicamente ao cuidado de governantes e legisladores. Diz-se que a União Europeia não teria sido possível, nem atingidos os patamares em que hoje se encontra, se no seu caminho se tivessem feito referendos sobre os temas mais importantes.

O argumento é antigo e deverá ter a sua origem no tempo em que os governantes europeus eram reconhecidos como elites, e a generalidade das pessoas não tinha dificuldade em deixar os seus destinos nas mãos destas proeminentes figuras. Hoje, há que admitir, é mais difícil reconhecer a autoridade intelectual e moral das elites em personagens como o nosso engenheiro dos projectos piratas, nos manos polacos ou no sorridente Berlusconi (só para citar de cor).

Além disto poder-se-á gostar ou não mas a forma como hoje as pessoas interagem com a informação é muito diferente do que era há 50 anos atrás, e continua a mudar a velocidades impressionantes. E no entanto não vimos os políticos europeus a tentarem seriamente adaptar a sua forma de fazer politica a estas novas realidades. Nos EU acho que eles já perceberam a situação um bocadinho melhor e o Obama, por exemplo, conseguiu donativos recorde através das suas várias presenças na Internet.

O fenómeno não é exclusivo da política. Hoje quase ninguém aceita de barato o diagnóstico do médico sem vir para o google confirmar o que se diz por aí sobre o tema. E é fácil encontrar outros exemplos nesta ou noutras áreas em que a exigência de mais informação (em quantidade e não necessariamente em qualidade, diga-se) é uma tendência em crescendo. Tendência que não pode nem deve ser ignorada também pelos nossos políticos. E bastava que desta vez tivessem feito a coisa com um bocadinho mais de empenho, e hoje não estaríamos nesta desconfortável situação.

Pela minha parte fico à espera de poder mandar um five ao José Sócrates; afinal ele é um porreiro, pá!

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nada ver com o o conteúdo do artigo, claro!
Berlusconi voltou a propor, e os deputados aprovaram novamente, projecto de lei que consagra a imunidade dos altos funcionários do Estado dando origem a estimada suspensão de 100 (cem) mil processos judiciais. É o que se pode dizer « não brincar em serviço. »
A geração de 37 é assim de vibrante, ó seu fedelho sem valores!

segunda-feira, junho 23, 2008 7:27:00 da manhã  

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