quinta-feira, junho 26, 2008

É mau e nem é preciso ler

Anda pelas livrarias um “livro” que tem a seguinte sinopse: « Stella Madison, subdirectora de Marketing de uma grande empresa, esconde um enorme segredo: a cor dos seus olhos, um azul e outro castanho. Até ao dia em que concebe a brilhante ideia de aproveitar o facto de possuir olhos com cores diferentes para criar uma nova linha de cosmética. E quem melhor do que ela para dar rosto à campanha ?». O tal livro tem 328 páginas: exactamente 328 páginas sobre a “brilhante” ideia, baseada nos olhos de cor diferente, de utilizar ou não o seu olhar na tal campanha. Para além de se impor a dúvida pertinente se a heroína - ou a autora - nunca teria ouvido falar de lentes de contacto coloridas, uma outra questão se impõe: se a autora considera esta uma trama digna de um livro, ou seja, se isto é o melhor enredo que uma autora consegue arrancar à sua verve para escrever uma obra de arte? Se isto é o melhor, imaginem o "resto".
Este livro é daqueles que deveria ser considerado literatura light; chamem-lhe o que quiserem, mas aquilo é tudo, mas tudo, menos literatura - chame-se ela pop ou light, ou melhor, aquilo é um bom exemplar de um mau livro. E o mais interessante disto tudo é que existe uma editora portuguesa que teve o trabalho de traduzir e colocar no mercado uma coisa destas que se denomina «Não me olhes nos olhos», também ele um título onde se nota a existência de um autêntico êxtase da imaginação para o encontrar. Haja paciência.

Etiquetas: ,

Partilhar

1 Comments:

Blogger Carlota said...

O teu reparo é pertinente, mas a verdade é que existe mercado para este tipo de livros. De outra forma, as editoras não se davam ao trabalho.
E os leitores destas novelas light não estão assim tão longe como isso. Conheci uma mulher de sessenta e poucos anos, economista, deputada, cuja leitura de mesa-de-cabeceira era sempre a literatura de cordel. Argh!

sexta-feira, junho 27, 2008 9:26:00 da manhã  

Enviar um comentário

Voltar à Página Inicial