quarta-feira, maio 21, 2008

Dos insectos e similares em duas rodas


Maio tem sido um mês bastante agradável aqui por Bruxelas. As temperaturas subiram, houve dias quentes ao ponto de deixar o miúdo chapinhar numa pequena piscina no jardim, vestimos roupas sem mangas, andámos de sandálias e chinelos, transpirámos nas incómodas roupas de trabalho se andámos pela rua à hora do almoço, fizemos refeições no jardim, admirámos a boa disposição das pessoas que invadiram as esplanadas da cidade, enfim... há anos com meses assim. Esta semana, depois de uns dias de interregno em que se abateu um temporal do género daqueles que impedem os aviões de aterrar ou descolar, voltaram as temperaturas amenas, na ordem dos vinte graus durante o dia e, sobretudo, voltou o sol.

Mas como nunca há bela sem senão, não seria certo esquecer que o tempo bom também tem desvantagens. Uma, é que traz sempre a reboque os bichos, os insectos que, eu sei, têm direito à vida, mas são uma verdadeira praga. Aliás, eu acredito que a natureza é perfeita e compreendo o motivo por que chove por aqui durante a maior parte do tempo. Se assim não fosse, seríamos com certeza comidos pelos mosquitos.

A outra praga é, quem me conhece já está a adivinhar, os ciclistas, que são uma outra espécie de insectos, mas de comportamento menos previsível. Esta espécie, que invade a cidade aos primeiros raios de sol, é composta, por um lado, por indivíduos civilizados, com amor à vida e cumpridores das mais básicas regras de trânsito e, por outro, por verdadeiros imbecis de comportamento animalesco que diariamente se candidatam a levar com um carro em cima, o que não se pode dizer, no fundo, que seja uma coisa má.

Estas bestas que invadem as ruas não têm o menor respeito pelos demais utentes da via pública. Não dão passagem aos peões nas passadeiras, não respeitam sinais vermelhos, atravessam nas passadeiras como se de peões se tratassem (mas a uma velocidade muito superior, o que significa que os condutores não os vêem chegar), não circundam as rotundas e, podendo circular em contra-mão em ruas de sentido único (porque, de facto, lhes é permitido), não o fazem com o cuidado e atenção que deviam.

Esta manhã, por exemplo, uma imbecil numa bicileta em contra-mão numa rua de sentido único para os carros, sem capacete!, livrou-se, por um fio, de levar uma pancada do meu carro, que saía da garagem muito devagar porque aqui a condutora sabe que há peões no passeio e sabe, também, que sai à hora da chegada das crianças à escola ali ao lado. A criatura em duas rodas que se cruzou à frente da saída da garagem, em velocidade, escondida pelos carros estacionados na rua, hoje, teve sorte, mas, se não tivesse, não era a mim que doía.


Imagem daqui.
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4 Comments:

Blogger Hélder Franco said...

Concordo com tudo o que escreveste excepto a parte final: "(...)não era a mim que doía". Essa inconsciência da ciclista, se o pior tivesse acontecido, iria sempre doer-te. Felizmente tudo acabou bem, e eu prometo que quando andares por cá não tiro a bicicleta de casa. ;)

quarta-feira, maio 21, 2008 12:54:00 da tarde  
Blogger Carlota said...

Eu pensei nisso, Hélder. Mas aqui estava a referir-me à dor física.
Quanto ao resto, se fores um ciclista civilizado, não há problema!

quarta-feira, maio 21, 2008 1:24:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

E melgas? Por cá é mais melgas...

quinta-feira, maio 22, 2008 6:43:00 da tarde  
Blogger Carlota said...

Também. Mas, mesmo assim, há mais melgas com 'b'. :)

sexta-feira, maio 23, 2008 8:16:00 da manhã  

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