Sou velho demais para trabalhar
Francisco José Viegas fala da actual apologia da juventude, gostaria de mudar ligeiramente a frequência hertziana e continuar a esmiuçar o tema.
Com licença.
Um dia destes um conhecido colocou um anúncio num jornal nacional a solicitar um determinado profissional.
Para além das centenas de qualificados, [dá licença Eng.º Sócrates?], alguns com quase trinta anos sem nunca terem trabalhado, o tal conhecido recebeu algumas dezenas de profissionais com um Curricula invejável, mas alvos da reengenharia operacional, esse termo que alguns gestores consideram uma genialidade da pós-modernidade, mas que a malta que não percebe nada do assunto traduz como um processo novo para despedir pessoal.
[É pá, isso é um problema para o estado resolver!]
Quando a pós-modernidade fala em estado o sinal que o acompanha é necessariamente menos; quando a mesma desempoeirada pós-modernidade fala em desemprego o sinal que acrescenta é mais. O que não deixa de ser uma ideia inovadora.
Os tais determinados profissionais já demasiado velhos para trabalhar, alguns a rondar os cinquenta, mas outros ainda nos quarenta, são, para os gestores actuais, case study.
[Alguns não souberam expandir a carreira, outros não conseguíram alargar competências, ainda outros não souberam criar uma rede de contactos, termos que os ditos gestores utilizam mas que traduzido em miúdos quer dizer mais ou menos o inefável: é pá, deixaram-se ficar à sombra da bananeira.]
O que os gestores da nova era não revelam é que é mais barato um júnior do que um sénior; é mais barato e menos pesado. E quando esses mesmos gestores se transformarem, eles próprios em vítimas da sua genialidade, teremos oportunidades interessantes de debater temas prementes da pós-modernidade, que entretanto se terá tornado numa outra coisa qualquer.
Entretanto também os desempregados desqualificados vão engrossando as fileiras do desemprego, apesar de o Eng.º Sócrates também perceber de uma reengenharia de processos especial: colocá-los nos cursos subsidiados para baixar a taxa de desemprego. O que traduzido em miúdos é qualquer coisa como desqualificados de parafusos passarem a qualificados de porcas.
Para terminar esta mensagem perigosamente esquerdista, resta-me só dizer-vos que um desses determinados profissionais, altamente qualificado, mendigou uma oportunidade de emprego a esse meu tal conhecido. Ele não se importa de ganhar por projecto o que ele quer mesmo é sentir-se útil, isto é trabalhar.
Com licença.
Um dia destes um conhecido colocou um anúncio num jornal nacional a solicitar um determinado profissional.
Para além das centenas de qualificados, [dá licença Eng.º Sócrates?], alguns com quase trinta anos sem nunca terem trabalhado, o tal conhecido recebeu algumas dezenas de profissionais com um Curricula invejável, mas alvos da reengenharia operacional, esse termo que alguns gestores consideram uma genialidade da pós-modernidade, mas que a malta que não percebe nada do assunto traduz como um processo novo para despedir pessoal.
[É pá, isso é um problema para o estado resolver!]
Quando a pós-modernidade fala em estado o sinal que o acompanha é necessariamente menos; quando a mesma desempoeirada pós-modernidade fala em desemprego o sinal que acrescenta é mais. O que não deixa de ser uma ideia inovadora.
Os tais determinados profissionais já demasiado velhos para trabalhar, alguns a rondar os cinquenta, mas outros ainda nos quarenta, são, para os gestores actuais, case study.
[Alguns não souberam expandir a carreira, outros não conseguíram alargar competências, ainda outros não souberam criar uma rede de contactos, termos que os ditos gestores utilizam mas que traduzido em miúdos quer dizer mais ou menos o inefável: é pá, deixaram-se ficar à sombra da bananeira.]
O que os gestores da nova era não revelam é que é mais barato um júnior do que um sénior; é mais barato e menos pesado. E quando esses mesmos gestores se transformarem, eles próprios em vítimas da sua genialidade, teremos oportunidades interessantes de debater temas prementes da pós-modernidade, que entretanto se terá tornado numa outra coisa qualquer.
Entretanto também os desempregados desqualificados vão engrossando as fileiras do desemprego, apesar de o Eng.º Sócrates também perceber de uma reengenharia de processos especial: colocá-los nos cursos subsidiados para baixar a taxa de desemprego. O que traduzido em miúdos é qualquer coisa como desqualificados de parafusos passarem a qualificados de porcas.
Para terminar esta mensagem perigosamente esquerdista, resta-me só dizer-vos que um desses determinados profissionais, altamente qualificado, mendigou uma oportunidade de emprego a esse meu tal conhecido. Ele não se importa de ganhar por projecto o que ele quer mesmo é sentir-se útil, isto é trabalhar.
Etiquetas: Mais vale um espanto que um desengano, Pós modernidade
4 Comments:
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Muito bem! Gostei do teu texto!
Bjs.
«o que ele quer mesmo é sentir-se útil, isto é trabalhar.»
Isso não é uma equivalência! Há imensa coisa que eu posso fazer a sentir-me útil sem ser trabalhar.
Na posição desse tal profissional altamente qualificado mas desempregado, a minha conclusão seria:
Ele não se importa de ganhar por projecto o que ele PRECISA mesmo é ganhar alguma coisa, isto é (na falta de um euromilhões) trabalhar.
António,
Obrigada.
Cristina,
A tua correcção é pertinente, mas o sentimento de alguns destes profissionais é que a utilidade acompanha, necessariamente, a actividade profissional.
Nancy
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