Um doente ligeiramente stressado
Também me manifestei contra o encerramento das urgências no Centro de Saúde.
Os Centros de Saúde são um exemplo notável do bom funcionamento do nosso Sistema Nacional de Saúde.
O meu foi construído há cerca de 20 anos, rodeiam-no árvores lindíssimas e está no centro da vila, mas, acima de tudo, é um lugar bastante agradável para se estar quando gozamos de saúde.
A classe médica é profissional e atenciosa, não nos trata como se fossemos ET's acabadinhos de aterrar numa coisa moderna chamada, sim o meu centro de saúde também é tecnologicamente inovador, consulta alargada, as ex-urgências.
Graças a Deus, as ex-urgências levaram consigo todos os funcionários incompetentes, deformados profissionalmente e cuja simpatia era um exemplo extraordinário de como desenferrujar ferraduras.
Reciclar designações também tem, pelos vistos, as suas vantagens.
Então o doente acabadinho de chegar à consulta alargada regista-se e paga ou não paga, aguarda algum tempo pelo outro doente alargado e entra finalmente no gabinete de atendimento do médico em alargamento.
É verdade, antes passou por um enfermeiro excelentíssimo que perante uma picada de abelha, um atropelamento ou uma gripe, nos trata da mesma maneira, afinal todos temos direito ao termómetro.
Consulta no gabinete do Sr. Enfermeiro:
Enfermeiro - Ó pá, senta-te!
O doente obedece
Enfermeiro preenchendo o papel - Qu'é que tu tens?
O doente - Acabei de ser atropelado pela burra da Fernanda.
Enfermeiro - Ó senhores, e com tanta gente doente lá fora! - estende o termómetro e exclama - toma lá!
O doente - Ó Senhor Enfermeiro, mas eu fui atropelado.
Enfermeiro - E depois? Pensas qu'a febre não é importante? Olha qu'eu já vi morrer muita gente de febre, ignorante!
O doente encolhe o termómetro nos ombros e ali fica até ao final da triagem.
Após tão aprofundada triagem lá entra no gabinete de atendimento do médico.
Doente - Boa tarde, senhora doutora.
Doutora com ar carrancudo mas simpático - Qual boa tarde qual carapuça, s'a tarde 'tivesse boa eu não estava aqui. Qu'é que tu tens?
Doente - Tenho aqui estas borbulhas, fazem-me imensa comichão.
Doutora preenchendo os dados no computador - Borbulhas? Mostra lá! - continuando a preencher os dados no computador - isso tá mau! - os olhos saltam do rato para o teclado - pois é, isso tá mau! - ajeitando o papel na impressora - vais tomar isto e aquilo da seguinte maneira.
Doente - Doutora, afinal o que são estas borbulhas?
Doutora observando o teclado esbugalhado - Ó homem eu sei lá o que são as borbulhas. Toma lá Daflon e toma duas vitaminas por dia: de manhã e de noite. Para a semana vai ao teu médico de família p'ra ver como isso está.
Doente chega à farmácia para aviar a receita.
Farmacêutico observando a receita - Isto é uma pouca vergonha.
Doente admirado - O quê?
Farmacêutico ligeiramente irritado - Então não está a ver? O código de barras do remédio está cortado. Aquela gente 'tá lá a fazer o quê? Incompetentes, nem sabem pôr um papel na impressora.
Um outro cliente, por acaso o enfermeiro do Centro de Saúde - Agora não havia de aviar a receita e obrigá-lo a lá ir. 'Tou farto de dizer àquela gente como se colocam as folhas na impressora, mas só assim é que resultava. Obrigar o utente a ir ao Centro de Saúde e reclamar com a médica de serviço.
Doente de repente exalta-se, mas ligeiramente - Senhor farmacêutico ora dê lá ouvidos ao competente aqui do lado. Ora dê!
Os Centros de Saúde são um exemplo notável do bom funcionamento do nosso Sistema Nacional de Saúde.
O meu foi construído há cerca de 20 anos, rodeiam-no árvores lindíssimas e está no centro da vila, mas, acima de tudo, é um lugar bastante agradável para se estar quando gozamos de saúde.
A classe médica é profissional e atenciosa, não nos trata como se fossemos ET's acabadinhos de aterrar numa coisa moderna chamada, sim o meu centro de saúde também é tecnologicamente inovador, consulta alargada, as ex-urgências.
Graças a Deus, as ex-urgências levaram consigo todos os funcionários incompetentes, deformados profissionalmente e cuja simpatia era um exemplo extraordinário de como desenferrujar ferraduras.
Reciclar designações também tem, pelos vistos, as suas vantagens.
Então o doente acabadinho de chegar à consulta alargada regista-se e paga ou não paga, aguarda algum tempo pelo outro doente alargado e entra finalmente no gabinete de atendimento do médico em alargamento.
É verdade, antes passou por um enfermeiro excelentíssimo que perante uma picada de abelha, um atropelamento ou uma gripe, nos trata da mesma maneira, afinal todos temos direito ao termómetro.
Consulta no gabinete do Sr. Enfermeiro:
Enfermeiro - Ó pá, senta-te!
O doente obedece
Enfermeiro preenchendo o papel - Qu'é que tu tens?
O doente - Acabei de ser atropelado pela burra da Fernanda.
Enfermeiro - Ó senhores, e com tanta gente doente lá fora! - estende o termómetro e exclama - toma lá!
O doente - Ó Senhor Enfermeiro, mas eu fui atropelado.
Enfermeiro - E depois? Pensas qu'a febre não é importante? Olha qu'eu já vi morrer muita gente de febre, ignorante!
O doente encolhe o termómetro nos ombros e ali fica até ao final da triagem.
Após tão aprofundada triagem lá entra no gabinete de atendimento do médico.
Doente - Boa tarde, senhora doutora.
Doutora com ar carrancudo mas simpático - Qual boa tarde qual carapuça, s'a tarde 'tivesse boa eu não estava aqui. Qu'é que tu tens?
Doente - Tenho aqui estas borbulhas, fazem-me imensa comichão.
Doutora preenchendo os dados no computador - Borbulhas? Mostra lá! - continuando a preencher os dados no computador - isso tá mau! - os olhos saltam do rato para o teclado - pois é, isso tá mau! - ajeitando o papel na impressora - vais tomar isto e aquilo da seguinte maneira.
Doente - Doutora, afinal o que são estas borbulhas?
Doutora observando o teclado esbugalhado - Ó homem eu sei lá o que são as borbulhas. Toma lá Daflon e toma duas vitaminas por dia: de manhã e de noite. Para a semana vai ao teu médico de família p'ra ver como isso está.
Doente chega à farmácia para aviar a receita.
Farmacêutico observando a receita - Isto é uma pouca vergonha.
Doente admirado - O quê?
Farmacêutico ligeiramente irritado - Então não está a ver? O código de barras do remédio está cortado. Aquela gente 'tá lá a fazer o quê? Incompetentes, nem sabem pôr um papel na impressora.
Um outro cliente, por acaso o enfermeiro do Centro de Saúde - Agora não havia de aviar a receita e obrigá-lo a lá ir. 'Tou farto de dizer àquela gente como se colocam as folhas na impressora, mas só assim é que resultava. Obrigar o utente a ir ao Centro de Saúde e reclamar com a médica de serviço.
Doente de repente exalta-se, mas ligeiramente - Senhor farmacêutico ora dê lá ouvidos ao competente aqui do lado. Ora dê!
Etiquetas: Ora dê lá ouvidos ao competente aqui do lado
4 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
Excelente estória, muio bem contada. Infelizmente retrata muitos dos nossos centros de saúde e hospitais.
Por acaso eu tenho um médico de família que é de cinco estrelas, mas na urgência de um determinado hospital já me aconteceram boas.
Há histórias que parecem anedotas!
Senhor Carlos,
Ora dê lá uma leitura à competente que escreveu isto. Ora dê! ;)
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