sexta-feira, setembro 21, 2007

Sinopses

Continuando o post anterior cujo ponto de partida é este.

Nem sempre a inteligência de uma pessoa poderá ser sinónimo de boas opções de vida, e, consequentemente, de uma vida "feliz".

Concordo, contudo, que existem milhões de exemplos que se encaminham tanto numa direcção como noutra.

Isto é, pessoas que sendo inteligentes optaram pelo caminho certo, daí uma vida tendencialmente feliz; e outras, inteligentes, com opções erradas e uma vida "parcial" ou "totalmente" infeliz.

Contudo, não concordo com a consequência:

inteligência = felicidade

falta de inteligência = infelicidade

A capacidade de saber "gerar" uma vida feliz é muito complexa e, quer se queira quer não, o factor sorte é, frequentemente, singular (o tal "estar no sítio certo à hora certa).

Por exemplo, no mundo das estrelas (rock, pop, cinema, desporto, etc) a ascensão meteórica produz, nalguns casos, vidas verdadeiramente infelizes.

Não vale a pena citar outros casos, Britney Spears é um excelente exemplo.

Parece-me importante que, para além da inteligência, o sujeito meteoricamente milionário deva possuir uma grande capacidade de "recauchutagem" interior.

A "recheado" interior deverá possuir respostas bastante claras às seguintes reflexões:

- o presente adequa-se às minhas "pretensões" de futuro?
- o meu perfil adequa-se a que tipo de "estrela"? (vítima, fatal, depressiva, sanguessuga, objectiva, oportunista, realista, etc)
- como lidar com o staff de apoio? (de forma ingénua, profissional, emocional, ...)
- e as estrelas da órbita, como lidar com elas? (idem)
- e os milhões de amigos rapidamente disponíveis? (idem)
- e os fãs? (idem)
- e a comunicação social? (idem)
- e a vida pessoal? (idem)
- o meu talento está atento à minha evolução pessoal?
- de que forma acompanho a evolução dos tempos?

Poderão acrescentar: mas a condição "milionário meteórico" invalida a impossibilidade de reflexão, pois estamos perante uma espécie de fama passageira.

Sim, nalguns milhares de casos, mas também há exemplos de quem o soube fazer.

Madonna, é um excelente exemplo, tal como muitos outros ídolos rock, pop, cinema, desporto, etc.

A estrutura pessoal, aliada à capacidade de relacionamento com a vasta multidão de indivíduos que se cruzam pela sua esfera, parecem-me condições essenciais para a sobrevivência.

Normalmente o guião é previsível:

O cónego chega à cidade, a cidade possui uma grande necessidade de alimento espiritual, e o futuro líder espiritual é megalómano, enfim pretende espiritualizá-los. Depois de resolver uns quantos mal-entendidos e outras tantas oposições, a "capela/igreja" (depende da dimensão da freguesia) enche-se, meteoricamente, de fiéis. E o padre repleto de auto-estima e capacidade de espiritualizar. Mas o bispo está atento ao excesso de público e, consequentemente, de trabalho do seu novo delfim. Para o "ajudar" recruta um novo cónego, tem a sorte de ser igualmente talentoso, na sua especificidade, e coloca-o numa paróquia limítrofe. A proximidade de um exemplo de sucesso alimentará, certamente, o calcanhar de Aquiles do novo talento. Depois de perceber, rapidamente, o que poderá oferecer de acrescento à capacidade de espiritualização do colega de profissão, vê os seus esforços recompensados, a sua igreja/capela está agora repleta "existencialistas", cidadãos com uma espiritualidade um nadinha mais existencial. O cónego anterior, de espiritualidade nada existencial, ou se "existencializa" ou corre o risco de se "espiritualizar" definitivamente. As razões que potenciaram a sua decadência são tão exemplares, quanto específicas, falta de fiéis, excesso de zelo, ingenuidade perante a espiritualidade/existencialidade alheia, relacionamentos "complicados" com staff de apoio, e um aglomerado de diversos tipos de autismo, quanto ao staff, à mobilidade do tipo de fé dos fãs, "amigos" e "amigas", agentes de representação, e, principalmente, ao excesso/ou míngua de estrutura do núcleo familiar. Classificação? Tragédia. As estrelas dependerão do tipo de desenlace e, obviamente, do desempenho.

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2 Comments:

Blogger Fábula said...

a felicidade depende de muitas coisas, inteligência pode (ou não) ser uma delas, mas isolada não é o único factor... creio que a felicidade depende sobretudo da forma como as pessoas encaram a vida! =)
(excelente post, gostei mto.)

sexta-feira, setembro 21, 2007 9:58:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

antes de chegar ao fim, tinha a certeza de que isto tinha sido escrito por uma mulher.

e ainda bem que acertei!

sábado, setembro 22, 2007 10:55:00 da tarde  

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