Imagino que não deverá ser fácil pronunciar-se uma palavra com catorze letras sendo que nove delas são consoantes. Se para uma pessoa que não entende alemão, como é o caso, aquela palavra parece ser o insulto mais grave que se pode proferir contra alguém, já para um entendido em germânicas, Neuschwanstein significa «Novo Cisne de Pedra».
Foi construído por um homem, o rei Ludwig II, que tinha o vício de construir castelos. Nesta sua paragem, decidiu arquitectar um castelo que homenageasse as óperas de Wagner, com formas de castelo de cavaleiros, vulgo, conto de fadas, e que fosse uma obra com o máximo conforto, tendo para isso recorrido a algumas inovações para a época onde se incluíam telefone, elevador ou aquecimento central, ressalvando, obviamente, o significado que se podem atribuir a esses conceitos numa construção do século XIX. Porém, como tantos outros vícios em tantos outros homens, também este levou à ruína do adicto. Ludwig II apareceu morto num lago, não se sabendo ainda hoje se foi morto ou se suicidou quando compreendeu que estava arruinado. Deixou uma obra a todos os níveis admirável quer pela sua beleza, é o símbolo máximo do conceito de castelo de fadas, tendo servido de inspiração à Walt Disney para conceber o seu logotipo, quer pela inteligência utilizada para inovar no seu conforto.
O que me leva a terminar este arrazoado com uma pequena observação. Na caixa de comentários do post sobre a lista das minhas sete maravilhas favoritas, um leitor chamava-me à atenção para o facto de o Castelo de Neuschwanstein ser, digamos, pouco representativo para ser considerado uma delas. Permita-me que discorde. Entendo, aliás, que é aí que reside grande parte do meu interesse pela obra: não foi construído para representar nada, não tem nenhum significado escondido, não teve utilidade porque foi edificado, como diz a apresentação no site das sete maravilhas, numa época em que já não se utilizavam os castelos como meio de defesa de uma cidade. Foi feito apenas pelo sonho e imaginação de um homem alienado que quis erigir e deixar como legado algo que ele entendia como belo. E se a capacidade de conceber algo formalmente belo é exclusiva do ser humano, mais humana ainda é a capacidade de o apreciar. E isto também é válido para os mamarrachos.
6 Comments:
Concordo contigo, também é uma das minhas. Bjs
O castelo Neuschwanstein tem um estilo de arquitectura muito similar ao Palácio da Pena.
Já o visitei 2 vezes (na verdade estive no local 2 vezes mas so visitei uma, pois da outra vez estava a nevar tao forte que nao era possivel subir), também um castelo que fica em frente a este, mas num plano muito inferior, o Hochenshwangau, nao sei se é assim que se escreve, mas também muito interessante, de côr amarela por fora.
Este castelo é muito interessante (o de Neuschwanstein) principalmente pelo local onde foi erigido.
Acho que é ao contrário, caro James, o Palácio da Pena é que foi inspirado no Neuschwanstein. Fiquei estarrecida com a situação geográfica e com o interior. Ao que parece, Luís II da Baviera costumava passar um tempo da sua infância no Hohenschwangau, o amarelo que refere. A não perder é também o Linderhof, não muito longe do Neuschwanstein.
Of course my dear Leonor.
Nao me passou pela cabeça afirmar que a Pena fora inspirada no castelo de Füssen...
Apenas afirmo que têm um estilo similar.
O de Linderhof, não conheço.
Ah.... mas a propósito... Carlos Malmoro... porque não apresenta uma hipótese de "maravilha do mundo" do tipo conjunta?
I mean, o castelo de Neuschwanstein (caramba que é difícil escrever) com a cervejeira Löwenbrau de Munique (weissbier de categoria num edifício muito interessante por fora e por dentro, com "garten" e uma ementa com especialidade em joelho de porco na brasa e outras iguarias que tais).
Estou a brincar... mas vale a pena lá ir.
O meu reino por um Weissbier e uma Brezel. Pode ser no Augustiner ou no HofBräuhaus :D
James,
essa da maravilha conjunta, presumo, 7 em 1, tinha a sua piada, tinha ;)
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