sábado, julho 28, 2007

Drive

O “mal” está feito e a responsabilidade assumida: sem viamichellin, estamos por nossa conta e risco. Aliás, por conta e risco do melhor GPS do mundo: perguntar às pessoas como se vai para. Mas não pensem que é só em Portugal que quando se pergunta uma direcção recebe-se quatro opiniões diferentes de duas pessoas. Isso é uma epidemia mundial. A partir daí segue-se para Lugo. São cerca de cem quilómetros até mais uma das imensas cidades dentro de muralhas romanas que existem no noroeste ibérico e, também como Santiago, com uma majestosa catedral. No entanto, aquilo que mais me recordo de Lugo é de uma rua que era tão simples e tão, perdoem o regionalismo, castiça, que achei que todas as ruas deveriam ser assim. A um canto um saxofonista arrancava um What a Wonderful World, do outro lado, uma vendedora de recuerdos pescava os olhos dos transeuntes para os caçar, as pessoas caminhavam ao ritmo da música e as cores das lojas pareciam ter sido escolhidas por um pintor, tal o efeito de harmonia que o conjunto proporcionava. Fora das muralhas, o pior de Lugo: o trânsito. Ou melhor, as indicações de trânsito: penso que nunca demorei tanto tempo para sair de uma cidade como nesta.
Sai-se de Lugo e entramos na maratona. Vão ser quatro horas de viagem até Gijon. Troca-se de CD, porque, como é sabido, não há uma única estação de rádio em toda a Espanha que não passe a Ágata lá do sítio, e, embora Pessoa tenha contrariado aquilo que Amiel disse, “a paisagem é um estado de alma”, colocando-a nos termos de que um estado de alma é que é uma paisagem, não há poetas nem estados de alma que contestem a percepção de que a paisagem começa a mudar.
Não perca o emocionante epílogo desta blogonovela de viagens

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