Algo está podre
Notícias matinais dão-me conta de que o Primeiro-Ministro, José Sócrates, fez uma aparição privada, longe do povão, na inauguração da ponte sobre o Tejo no Carregado. Estranho certamente, mas, ao que parece, estas bizarras aparições têm como objectivo evitar os apupos de que tem sido alvo nos últimos tempos. A Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, segue-lhe o exemplo e deixou de se anunciar quando faz visitas às escolas. O discurso de ambos é pautado por uma arrogância desmedida. A Ministra da Educação, mesmo após o Tribunal Constitucional ter considerado inconstitucional a medida que permitiu a repetição dos exames de Física e Química de 12º ano no ano passado, continua a afirmar que assim o faria de novo. Nada me surpreenderia se ambos se afirmassem orgulhosamente sós, e com eles Correia de Campos, mas de uma coisa tenho a certeza absoluta, há actos que falam mais do que palavras e fugir do confronto, além de revelar a incapacidade de lidar com a crítica e pluralidade de opiniões, salutar em democracia, é um sinal inequívoco de fraqueza. Arriscar-me-ia a dizer de cobardia, mas como a democracia está como está, e os bufos espreitam a cada esquina, fico-me só por fraqueza. Afinal que mal poderá fazer um nome tão neutro?
Etiquetas: 24 de Abril
4 Comments:
Cara amiga Leonor Barros,
Por sorte minha, no exercício das minhas funções profissionais, não conheço desses problemas que o promeiro ministro tem, pois trabalho para uma empresa privada (e estrangeira)... mas digo-lhe uma coisa... se cada vez que tivesse que comparecer em parte ou lugar onde se reuniam grupos de gente, organizada, preparada, incentivada, manipulada, com propósitos simples de me ofender... obviamente que passava a ser mais discreto, incógnito.
O que é certo é que se o ministro vai a lugares, sem publicidade prévia da sua deslocação (é um direito ou não que tem?), as populações locais o recebem bem (como a mim, como a si, como a todos) e com ou menos agrado, mas com respeito.
Então porque é ofendido se avisa e publicita as suas deslocações? Acções espontâneas do povo... isso não existe... nem em cerimónias nem em revoluções.
A "liberdade" tem os seus limites, principalmente quando as individuai colidem os limites de outras liberdades individuais, sejam elas públicas ou não.
Está certo um cidadão português ofender outro cidadão português? Não. O anonimato de oportunamente se misturarem em multidões para sugerir as ofensas ou atirá-las desde lugar escondido da massa de gente, não outorga esse direito a qualquer cidadao. Seja o visado figura pública ou não.
Numa coisa concordamos: a liberdade tem os seus limites e eu sou adepta do respeito. Não obstante, acho que quem ocupa lugares de destaque deve estar preparado para enfrentar as "multidões" independentemente daquilo que estas têm para lhe dizer. Mais, deve até ponderar por que razão é recebido da maneira que é. Resta-me dizer que não se pode esperar algo quando não se dá primeiro. Se eu desrespeitar os meus alunos é quase certo que serei desrespeitada e não terei maneira de exigir o que eu própria não dou. No caso deste governo, a falta de respetio pelos cidadãos tem sido evidente: Mário Lino diz que a margem sul é um deserto, Correia de Campos manda dar aos pobrezinhos os medicamentos fora de prazo, a Minstra da Educação não respeita nem pais nem alunos, muda as regras dos concursos a meio dos mesmos... enfim, estes são apenas exemplos.
Se o povo se sente insultado deve manifestar o seu desagrado, certamente sem ofensas e claro que nem todos os locais são adequados.
obrigada Leonor! Subscrevo e assino! As atitudes mencionadas são sinónimo de arrogância, prepotência e medo, muito medo - quem não deve, não teme! E quando aparece faz-se anunciar - não podemos querer ser "famosos" e depois escondermo-nos por detrás de uns escuros óculos de sol! Dar exemplo não é a melhor maneira de influenciar as pessoas, é a única!
Já lá dizia Sting "A gentleman will walk but never run..." :-)
Sinceramente acho que nunca estive tão desiludida com o défice democrático dos nossos governantes.
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