Uma semana diferente
1 - Esta minha semana vai ser ligeiramente diferente.
Vou começar uma actividade qualquer, é ponto assente, quando falo em actividade qualquer, quero dizer uma actividade desportiva. Não! Não é para agradar a troianos é porque me sinto cansada fisicamente e nada melhor que o cansaço psicológico para espevitar o físico.
Caríssimo leitor, a frase anterior denota alguma incapacidade intelectual para a coerência.
Contudo, a frase anterior quer apenas significar que o meu pensamento, por vezes, dá nós dificeis de descortinar, até para mim.
Não vou explicar o porquê.
Uma pessoa também precisa de cultivar uma certa áurea de mistério, é chique!
2 - Outro aspecto marcante da semana é eu hoje de manhã ter descoberto que quando se apagam ficheiros de música da directoria «iTunes Music» os mesmos desaparecem, como por magia, do iPop. Quer dizer que as 1293 músicas passaram a 112, o que é uma resposta intransigente e parcial a uma das dúvidas existenciais que troco, amiúde, com o aparelhinho branco.
3 - Aspecto intelectual da semana: acabei de ler um livro genial: As Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, necessito urgentemente de outro. O romancista brasileiro elaborou um dos narradores mais canónicos da literatura Universal. Segui uma recomendação do FJV, no dia Mundial do Livro, não sei se ouviram ao longo do dia as suas pequenas crónicas. Só ouvi três crónicas: Madame Bovary, Brás Cubas e Moby Dick, mas penso que houve mais. Estarão disponíveis em poadcast? Tenho de investigar.
4 - "Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade*. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...", p.172
* - o narrador está morto, o que se sabe logo no primeiro capítulo: "Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.", p. 19
5- Ao invés do presente livro poder parecer, principalmente com este
começo, mórbido, é dos livros mais hilariantes que eu li nos últimos anos.
A minha edição:
ASSIS, Machado de, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Lisboa, Livros Cotovia,
Col. Curso Breve de Literatura Brasileira, 2005, p. 336
6 - Quanto aos outros "piriquitis" da semana? Bem, trabalho, sorrisos, cansaço e projectos.
Uma boa semana para todos!
Foto de Machado de Assis
(1839-1908)
Caríssimo leitor, a frase anterior denota alguma incapacidade intelectual para a coerência.
Contudo, a frase anterior quer apenas significar que o meu pensamento, por vezes, dá nós dificeis de descortinar, até para mim.
Não vou explicar o porquê.
Uma pessoa também precisa de cultivar uma certa áurea de mistério, é chique!
2 - Outro aspecto marcante da semana é eu hoje de manhã ter descoberto que quando se apagam ficheiros de música da directoria «iTunes Music» os mesmos desaparecem, como por magia, do iPop. Quer dizer que as 1293 músicas passaram a 112, o que é uma resposta intransigente e parcial a uma das dúvidas existenciais que troco, amiúde, com o aparelhinho branco.
3 - Aspecto intelectual da semana: acabei de ler um livro genial: As Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, necessito urgentemente de outro. O romancista brasileiro elaborou um dos narradores mais canónicos da literatura Universal. Segui uma recomendação do FJV, no dia Mundial do Livro, não sei se ouviram ao longo do dia as suas pequenas crónicas. Só ouvi três crónicas: Madame Bovary, Brás Cubas e Moby Dick, mas penso que houve mais. Estarão disponíveis em poadcast? Tenho de investigar.
4 - "Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade*. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...", p.172
* - o narrador está morto, o que se sabe logo no primeiro capítulo: "Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.", p. 19
5- Ao invés do presente livro poder parecer, principalmente com este
começo, mórbido, é dos livros mais hilariantes que eu li nos últimos anos.
A minha edição:
ASSIS, Machado de, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Lisboa, Livros Cotovia,
Col. Curso Breve de Literatura Brasileira, 2005, p. 336
6 - Quanto aos outros "piriquitis" da semana? Bem, trabalho, sorrisos, cansaço e projectos.
Uma boa semana para todos!
Foto de Machado de Assis
(1839-1908)
Etiquetas: iPop, Machado de Assis, Narradores canónicos
1 Comments:
Em relação ao cansaso fisico-psicológico... ao contrário das tuas intenções, esta semana eu devia era NÃO fazer alguma actividade... Mas isso também faz parte da minha «áurea de mistério» chique - "chique a valer!" (como diria o Dâmaso).
Enviar um comentário
Voltar à Página Inicial