Revenons à nos moutons
«Como era de esperar, os "esclarecimentos" do primeiro-ministro à RTP esclareceram apenas os que queriam, acima de tudo, ser "esclarecidos". (…) Não vale a pena perder muito tempo com a suposta "irrelevância" das notícias que têm vindo a público. Como se viu esta semana, é impossível ignorar a sucessão de factos controversos que enfeitam o percurso universitário do eng. Sócrates. As datas não coincidem, os documentos são contraditórios, as avaliações incompreensíveis, o plano de equivalências inexplicável e as "explicações" oficiais claramente insuficientes. Neste momento, fazendo um ponto provisório da situação, existem dois certificados de licenciatura que não coincidem, um plano de equivalências que não passou pelo conselho científico da Universidade e que não foi sequer aprovado pelo seu reitor, dois curricula na Assembleia da República, quatro cadeiras dadas, no mesmo ano, pelo mesmo professor, uma cadeira que não foi dada pelo professor responsável e, por fim, um exercício de Inglês Técnico feito e avaliado depois da data em que terá sido concluída a licenciatura. Se, no meio de todo este enredo, há quem se considere devidamente "esclarecido", não sou eu, com certeza, que vou desfazer essa doce e miraculosa fantasia. (…) Acontece que os factos não desaparecem perante as conveniências de uns e o entendimento de outros tantos. (…) Por trás da imagem de Estado que ele habilidosamente construiu, durante estes dois anos de Governo, surge, agora, à vista de toda a gente, o Sócrates que ele sempre foi: um político sem espessura, educado nos meandros do aparelho e nos favores do partido, que se notabilizou, a dada altura, pelas qualidades cénicas que revelou. O facilitismo que se detecta no seu percurso académico conjuga-se mal com o "rigor" de que faz gala e com a "determinação" com que enfrenta os "interesses" estabelecidos e os grupos de "privilegiados". Não vale a pena escamotear a realidade.(...)»
Constança Cunha e Sá no Público de 19/04/2007
Constança Cunha e Sá no Público de 19/04/2007
Etiquetas: Amor et tussis non celantur, José Sócrates, Verbum pro verbo, Vincit omnia veritas
2 Comments:
O que eu venero o que esta senhora escreve!
Obrigada, André, que na quinta-feira me esqueci que era dia de D. Constança.
Beijola e bom fim-de-semana.
Bom fim-de-semana Carlota. :)
Bjs
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