Ostras e pérolas
Em conversa com uma aluna sobre Roma, e no rescaldo de uma visita em comum a Munique, ela foi assertiva ao afirmar que tinha preferido algumas coisas de Munique, não haver prédios altos, por exemplo. Perorámos entretanto sobre o facto de a cidade ter sido destruída durante a 2ª Guerra Mundial, estima-se entre 80 a 90%, e informei-a ainda sobre as leis muito restritivas no que respeita ao planeamento urbano da cidade, nomeadamente, à proibição de construir mais alto do que as torres de Frauenkirche no centro da cidade, assim me disseram também no passado. Como futura estudante de arquitectura, as questões do planeamento urbano despertam-lhe o interesse e, durante os dias de Munique, andou encantada com a arrumação e organização da cidade, os espaços verdes como entremeios na cidade.
Voltámos a Roma e ela rematou É que não é como Roma, aquela fonte muito conhecida… é só prédios à volta e nisto a voz esganiçou-se na indignação. Puxei, por espaços ínfimos de segundo pela memória, e fonte alguma me ocorria que tivesse visto em Roma que fosse ladeada por prédios. Ela continuou na tentativa de explicar, uma vez que se lhe tinha varrido o nome e, depois de algumas tentativas, cheguei à conclusão que se tratava da Fontana di Trevi. Prédios? Por prédios não iria lá, de facto. Prédios para mim são atentados de betão decorados com marquises de alumínio de roupa pendurada do lado de fora como picot kitsch num pano de louça, oferecendo-se aos transeuntes. Para ela apenas casas altas encavalitadas. E depois, a conversa continuou em torno de uma das mais conhecidas, talvez a mais conhecida fonte de Roma, imortalizada no cinema com La Dolce Vita e posteriormente vinda a público ao se descobrir que um homem sobrevivia, vivia e sustentava uma numerosa família com a receita da Fonte, ao recolher as moedas que os turistas ingénuos ou apenas turistas arremessavam para o fundo das águas luminosas na esperança de melhores dias bafejados pela sorte. Esta seria a segunda vez que a Fontana di Trevi era acusada de estar encafuada num espaço ínfimo para a sua grandiosidade e, hoje ao abrir os jornais pela manhã, dei-me conta de uma opinião semelhante.
Viajar é sentir e, nos sentimentos, não há certo nem errado, mas a Fontana de Trevi separa-me dos demais em matéria de opinião. Na verdade, apenas conhecia imagens da fonte, desconhecia a sua localização exacta. Imaginava-a num praça arejada, talvez semelhante à Piazza Navona. Quando, seguindo as indicações e o mapa e depois de percorrer ruelas estreitas, me deparei com a fonte, fiquei literalmente boquiaberta. Ao contrário de outros monumentos também na Cidade Eterna e noutros lugares do mundo, a praça recolhe-se, não se deixa adivinhar de lado algum, uma pérola escondida da superfície rugosa e irregular da ostra que a protege e envolve. Também por isso é tão bela.
Voltámos a Roma e ela rematou É que não é como Roma, aquela fonte muito conhecida… é só prédios à volta e nisto a voz esganiçou-se na indignação. Puxei, por espaços ínfimos de segundo pela memória, e fonte alguma me ocorria que tivesse visto em Roma que fosse ladeada por prédios. Ela continuou na tentativa de explicar, uma vez que se lhe tinha varrido o nome e, depois de algumas tentativas, cheguei à conclusão que se tratava da Fontana di Trevi. Prédios? Por prédios não iria lá, de facto. Prédios para mim são atentados de betão decorados com marquises de alumínio de roupa pendurada do lado de fora como picot kitsch num pano de louça, oferecendo-se aos transeuntes. Para ela apenas casas altas encavalitadas. E depois, a conversa continuou em torno de uma das mais conhecidas, talvez a mais conhecida fonte de Roma, imortalizada no cinema com La Dolce Vita e posteriormente vinda a público ao se descobrir que um homem sobrevivia, vivia e sustentava uma numerosa família com a receita da Fonte, ao recolher as moedas que os turistas ingénuos ou apenas turistas arremessavam para o fundo das águas luminosas na esperança de melhores dias bafejados pela sorte. Esta seria a segunda vez que a Fontana di Trevi era acusada de estar encafuada num espaço ínfimo para a sua grandiosidade e, hoje ao abrir os jornais pela manhã, dei-me conta de uma opinião semelhante.
Viajar é sentir e, nos sentimentos, não há certo nem errado, mas a Fontana de Trevi separa-me dos demais em matéria de opinião. Na verdade, apenas conhecia imagens da fonte, desconhecia a sua localização exacta. Imaginava-a num praça arejada, talvez semelhante à Piazza Navona. Quando, seguindo as indicações e o mapa e depois de percorrer ruelas estreitas, me deparei com a fonte, fiquei literalmente boquiaberta. Ao contrário de outros monumentos também na Cidade Eterna e noutros lugares do mundo, a praça recolhe-se, não se deixa adivinhar de lado algum, uma pérola escondida da superfície rugosa e irregular da ostra que a protege e envolve. Também por isso é tão bela.
foto: minha
Etiquetas: Viajar é sentir
6 Comments:
como é possivel falar na fontana de trevi sem mencionar o aspirador que todas as noites lhe sorve as moedas dos desejos?
Como é possivel falar na Fontana di Trevi e ter de mencionar o dito aspirador?
Excelente, como sempre. E de facto o aspirador não faz aqui falta nenhuma.
Obrigada, Pedro.
Por acaso parece maior a Fontana do que a (minúscula) Piazza. Certo é que ela lá cabe, tornando hercúlea a tarefa da a incluir na sua totalidade na foto para a posterioridade!
Tarefa hercúlea, de facto.
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