quarta-feira, março 21, 2007

há dias assim


Hoje é dia de muita coisa e de coisas está repleto o mundo...
Dia da árvore, começa hoje a Primavera e é, sem dúvida nenhuma, a minha estação preferida.
Dia da água, um bem essencial à vida e tão menosprezado, por vezes, pelo homem.
Dia Mundial da Poesia, pelos vistos em Santo Tirso alguns poetas encarceraram-se em conventos e o seu "desencarceramento" é realizado através de um cortejo e de alguém que diz um poema.
Estranha forma de comemorar a poesia, penso eu.
Preconceito, dirá o digníssimo leitor, talvez.
Gosto pouco de conventos e mosteiros, apesar de ser capaz de lhes apreciar a arquitectura.
Há até um transformado em Pousada pelo Arqto Souto Mouro uma reconversão digna de nós e do nosso repouso.
Aqui no "GR" comemoramos a poesia de outra maneira.
Oferecendo, ao caríssimo leitor, poesia.
Hoje, nesta esfera, passo então a palavra.
E a quem?
Há imensa poesia portuguesa excelente, canónica e há até quem chegue rapidamente ao século XVI e dali não saia.

Descalça vai para a fonte

Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.

Luís de Camões

Etiquetas:

Partilhar