terça-feira, fevereiro 06, 2007

esse filho só de sangue que te escorre pelas pernas
sou eu. podíamos ter-lhe ensinado as palavras, mas
o seu nome é agora de sangue, podíamos ter-lhe
mostrado o céu, mas o seu olhar é agora de sangue
podíamos ter fechado a sua mão pequena dentro da
nossa, mas a sua mão é agora de sangue, esse filho
só de sangue que te escorre pelas pernas e morre
sou eu, o meu sangue e a minha memória.
José Luís Peixoto, (2001), A Criança em Ruínas, Edições Quasi.
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20 Comments:

Blogger Unknown said...

Andamos pouco sensasionalistas andamos ...

Agora os fetos também já postam?

terça-feira, fevereiro 06, 2007 11:51:00 da manhã  
Blogger LeonorBarros said...

Lê com atenção. Não há feto nenhum a falar. Mais perguntas só com o José Luís Peixoto. Este livro é de 2001, não foi escrito agora.
E quem postou fui eu, acho que já estou grande demais para feto.

terça-feira, fevereiro 06, 2007 12:06:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Luís,

Segundo depreendo, este post não é nenhum auto de fé. A propósito de um dos temas do momento, a Leonor “cingiu-se” a transportar para um post a extraordinária arte poética de José Luís Peixoto.

PS. Se queres dar uns tirinhos, tenho lá em baixo um post com uma cegonha a voar. ;)

terça-feira, fevereiro 06, 2007 4:28:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Extraordinária arte poética?
Sempre há gente muito generosa...

terça-feira, fevereiro 06, 2007 7:25:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Exactamente, André. José Luís Peixoto é um dos meus autores preferidos.

terça-feira, fevereiro 06, 2007 8:43:00 da tarde  
Blogger André Carvalho said...

Caro anonymous,

Esse ponto de interrogação também é deveras poético.

terça-feira, fevereiro 06, 2007 8:58:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

Fiquei obnubilado pelo tamanho da fonte que o José Luís Peixoto escolheu para o post ... pelos vistos acabei por errar o alvo.

Já estou mais descansado! É que eu, em certos casos, adoro descobrir que estou errado ...

P.S.: Coitada da cegonha ... não tem culpa de nada.

terça-feira, fevereiro 06, 2007 10:54:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Luís,

O tamanho e a fonte, é somente uma questão estética, e a tua obnubilação já entra no campo da ciência da moralidade.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 12:02:00 da manhã  
Blogger MPR said...

Sem dúvida bonitas palavras... Quanto ao tema do momento... não vejo a ligação, por acaso o que está em referendo é se existem pessoas que não querem abortar? Ou que se sentem mal com um aborto? A pergunta acaso é: alguma vez faria um aborto? Ou: concorda que a sua mulher, namorada, companheira, aborte? Da última vez que vi não era...

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 10:55:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

MPR,

Por acaso também não me parece que alguém te esteja a perguntar se vês ligação ou não com o tema do momento [que é tão evidente que chegaste lá num instante].

Por acaso, da última vez que li a pergunta do referendo, essa parte do “concorda que a sua mulher, namorada, companheira, aborte”, única e exclusivamente por sua vontade, até às 10 semanas, em estabelecimento de saúde autorizado, estava lá. Mudaram a pergunta foi?

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 12:12:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Luis,
Que eu saiba, ainda sou livre de usar o tipo e tamanho de letra que me der na cabeça, itálicos, bolds, sublinhados ou cores, logo, não vejo qual é a questão.

MPR,
Tal como o tamanho ou tipo de letra, também não vejo qual é a ligação e porque é que tem de haver ligação sequer.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 12:20:00 da tarde  
Blogger MPR said...

Leonor, não vês a ligação, mas ao que parece há quem veja. André, deves ter lido mal, a pergunta é "concorda que a sua mulher, namorada, companheira, não seja perseguida criminalmente e possa abortar por sua vontade até às 10 semanas em estabelecimento de saúde autorizado. Vês a diferença?

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 1:27:00 da tarde  
Blogger menina-m said...

Anonymous said...

Extraordinária arte poética?
Sempre há gente muito generosa...



=D pensei o mesmo...não sei, cansa-me um bocado, o peixoto, sempre às voltas com sangue e ceninhas gore.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 2:18:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O que é evidente é que existe uma ligação temática. O que eu não vejo, outros parecem ver, é uma ligação entre este texto de JLP e a orientação da Leonor [ou mesmo do JLP] face ao tema do momento.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 2:44:00 da tarde  
Blogger MPR said...

Não sei a orientação do autor, da Leonor parece-me evidente dada a escolha do texto neste momento. Mas pronto, paz, não vale a pena a crispação por um texto que é, questões referendárias à parte, tocante.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 2:55:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Posso estar muito enganado MPR, mas parece-me que está a supor mal a orientação de voto da Leonor.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 2:59:00 da tarde  
Blogger MPR said...

Se calhar.. supus ser Não. Mas seja qual for, o texto, em si, merece a pena.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 4:00:00 da tarde  
Blogger Unknown said...

André e Leonor:

Eu até acho que a Leonor não é obrigada a revelar o sentido de voto, mas se ela vai votar Sim o texto baralha as pessoas, ou pelo menos baralha-me a mim ...

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 7:12:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Quem leu outros textos que aqui publiquei, já terá depreendido qual será o meu voto no dia 11. O facto de publicar aqui o poema do JLP não tem de ser uma declaração de voto, não é mesmo, nem me parece obrigação minha não baralhar as pessoas ou dizer a intenção do meu voto. Parece-me óbvio que o texto aborda uma maternidade/paternidade por realizar, mas não é claro que seja um aborto provocado, que alguém tenha ido a algum lado abortar ou que a IVG esteja aqui em questão. Esse é um das características dos textos literários, em prosa ou poesia, estão cheiinhos de espaços brancos à espera de serem preenchidos por cada leitor.
mpr, ainda bem que concordamos em relação ao poema, não é o meu preferido do JLP mas é um dos que mais toca, de facto. E claro que não vale a pena crispação.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007 8:22:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

maravilhoso poema.

sábado, fevereiro 10, 2007 5:18:00 da tarde  

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