Um português na Índia
O português é um rapaz inquieto no que toca ao viajar. Amiúde faz comparações com o seu país natal e tece comentários saudosos em torno da gastronomia lusa. Nada, mas rigorosamente nada, o satisfará: se come goulash, o guisado de casa é que é bom, se tenta uma moqueca, ai que é da minha rica caldeirada, se prova pão preto de cereais, ai o meu rico pãozinho português e por aí adiante. Não conheci português ainda, além de quem me é chegado, que em viagem se mostre satisfeito com o encontro com o Outro e com a descoberta de que esse outro, não tendo que ser necessariamente igual a ele, também por isso se viaja, pode também ser agradável e gratificante. Melhor ficar em casa, quando assim é. Não tendo que aceitar tudo o que é novo como bom, não ter de o eliminar só porque é diferente não me parece má ideia.
Ontem pela hora de jantar fui brindada com um desses comportamentos, numa reportagem sobre a visita presidencial à Índia. Dizia Cavaco Silva, Presidente de todos nós, que, tanto ele como a sua esposa, atenta e de queixo erguido, não gostavam de picante e, portanto, têm comido arroz, pão indiano e iogurtes. Muito importante, de resto. Não gostar de picante não é pecado, pobre homem, sabe deus, alá e jah o que tem padecido, mas, quando se ocupa o lugar que se ocupa, um pouco mais de elegância e um pouco menos de provincianismo seria desejável, a menos que esteja a devolver a simpatia ao Primeiro-Ministro indiano quando este afirmou que lhe haviam dito que, à sua semelhança, Cavaco não tinha muito jeito para a política.
Ontem pela hora de jantar fui brindada com um desses comportamentos, numa reportagem sobre a visita presidencial à Índia. Dizia Cavaco Silva, Presidente de todos nós, que, tanto ele como a sua esposa, atenta e de queixo erguido, não gostavam de picante e, portanto, têm comido arroz, pão indiano e iogurtes. Muito importante, de resto. Não gostar de picante não é pecado, pobre homem, sabe deus, alá e jah o que tem padecido, mas, quando se ocupa o lugar que se ocupa, um pouco mais de elegância e um pouco menos de provincianismo seria desejável, a menos que esteja a devolver a simpatia ao Primeiro-Ministro indiano quando este afirmou que lhe haviam dito que, à sua semelhança, Cavaco não tinha muito jeito para a política.
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