terça-feira, janeiro 16, 2007

Olha, que lindo!

A última invenção do Ministério da Educação deste país prevê que um mesmo professor, no segundo ciclo do Ensino Básico, ensine disciplinas variadas como Português, Matemática, Língua Estrangeira e Ciências da Natureza, de acordo com o noticiado. Muito bem! Depois venham falar de qualidade no Ensino. Apenas com um professor, o Estado poupará milhões, milhares de professores ficarão no desemprego e os alunos, as principais vítimas destas ideias peregrinas, ficarão como estão, quando saem do Ensino Básico: sem conseguir ler e escrever sem dificuldade, com uma falta de vocabulário elementar de arrepiar até carecas ou executar as operações mais simples.
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17 Comments:

Blogger cristina said...

Um professor???!!! Eu já tinha ouvido falar em agrupar por áreas: línguas, ciências, história/geografia, artes,... O que me parecia bem, até porque, habitualmente, o professor do 2o ciclo já tem habilitação para mais do que uma disciplina na sua área. E assim, de facto, podia reduzir-se o choque do professor primário para os 10 professores do ciclo. Mas um professor para todas as áreas???!!! Isso só pode ser gozo...

terça-feira, janeiro 16, 2007 1:25:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Mas qual choque? Até aqui isso nem sequer era assunto. A questão principal nem é essa, todos temos de nos habituar a lidar com todos. Se conservarmos os alunos em redomas temos o que temos. Duvido que um professor consiga fazer esse trabalho de forma competente e ainda mais da formação que é dada, e sei muito bem do que falo. Que há dsiciplinas que só ocupam espaço não tenho dúvidas, que um só professor resolva os problemas do Básico é que duvido.

terça-feira, janeiro 16, 2007 1:32:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

disciplinas

terça-feira, janeiro 16, 2007 1:33:00 da tarde  
Blogger cristina said...

Qual choque?! A sério que não percebes?! Não é uma questão de conservar os meninos em redomas, é um modo de facilitar a transição. Não vais negar que do 1o para o 2o ciclo há muitas mudanças, pois não? A pluridade de professores é apenas uma dessas mudanças. E não é pelo facto de não podermos resolver tudo que havemos de deixar de fazer alguma coisa.

Como já disse, um só professor acho que só pode ser gozo, não me parece que seja uma proposta séria, até porque na passagem para o 3o ciclo teríamos um problema análogo.

Mas um professor por área já é o que se verifica em alguns casos. Agora seria uma questão de generalizar essa prática.

«Até aqui isso nem sequer era assunto.» - Não acho que seja bem assim...

«Que há disciplinas que só ocupam espaço não tenho dúvidas» - A sério???!!! Já agora, quais? E, ignorando, por completo, qual será a tua resposta, um professor por área, em vez de um professor por disciplina, não seria um modo de rentabilizar esse espaço?

terça-feira, janeiro 16, 2007 2:59:00 da tarde  
Blogger Aquela que escreveu said...

Um professor de matemática a dar português ainda acredito, agora um professor de português a dar matemática, não me parece...

Os miudos já se queixam dos professores agora, imagino se isto entra em pratica...

terça-feira, janeiro 16, 2007 3:29:00 da tarde  
Blogger Jana said...

Quando andei no ciclo tinha um professor que bebia....e vinha ressacado para as aulas! No 3º ciclo tive uma professora de inglês que era presidente do concelho executivo... logo nunca paarecia às aulas! Consequência falata de bases em Inglês! No 12º ano tive uma professora de sociologia... que ia para as aulas falar das taras dela e não fazia ideia sequer do que era a disciplina! Infelizmente não soua única pessoa que teve INCOMPETENTES a dar aulas... toda agente tem histórias dessas! O problema não é passar de 1 para 10 professores... é a sua falta de capacidade e de preparação! Se andarem para a frente com essas medidas... cada prof terá tanto trabalho que mais não fará do que ir para as auals com guiões preparados de uns anos para os outros, não se adaptando às reais especificidades das turmas! E isso é que é mau!

terça-feira, janeiro 16, 2007 5:42:00 da tarde  
Blogger Gotinha said...

Vou ali tirar mais 8 licenciaturas e já volto!!
;-)

terça-feira, janeiro 16, 2007 6:29:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

a mão que escreve,
nem os de Matemática a dar Português, nem os de Português a dar Matemática. Adianto que não sou professora de nenhuma das duas.

Jana, lamento que tal tenha acontecido. Quando assim é pode e deve fazer queixa ao Conselho Executivo, devidamente fundamentada, e posteriormente à Inspecção Geral de Educação, é para isso que existem os mecanismos legais, para serem accionados em situações inaceitáveis.

gotinha,
oito no mínimo ;-)

terça-feira, janeiro 16, 2007 6:49:00 da tarde  
Blogger O MEU OLHAR said...

Professores,preparem-se! É a Flexigurança na Educação...

terça-feira, janeiro 16, 2007 7:24:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Com este governo, já nada me surpreende!

De qualquer forma, pelo que me estiveram a explicar (corrijam-me se estou enganado), os professores que se formam das ESEs (Escolas Superiores de Educação), têm formação para dar todas essas disciplinas até ao 6º ano. Suponho que serão eles os desgraçados que vão levar com isto.

Claro que depois também há o problema da quantidade de professores que vão ficar no desemprego... Enfim... É o país que temos...

terça-feira, janeiro 16, 2007 9:11:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Acho que a habilitação das ESEs é só para o primeiro ciclo do Básico, a antiga Primária, depois ter-se-ão especializado noutras áreas, duas julgo, essas com habilitação para o segundo Ciclo.
Os professores que neste momento ainda não pertencem ao Quadro de Nomeação Definitiva, antigos efectivos, dificilmente lá chegarão, uma vez que com o aumento da idade da reforma e este novo modelo, o número de professores irá reduzir-se drasticamente. Mais desemprego, portanto. O que me preocupa é a qualidade do Ensino e esta aparente protecção dos alunos, como se saber lidar com a diferença não fosse já de si uma boa preparação para a vida adulta.

terça-feira, janeiro 16, 2007 9:53:00 da tarde  
Blogger António Luís said...

Caro Johny!

Sou professor do 2º ciclo e garanto-lhe que NÃO tenho habilitações para leccionar Matemática, Ciências ou História!
Sou professor de EVT e serei, caso esta medida avante, um potencial Hiper-potencial) desempregado.
Quanto à Jana, bom, acredito que tenha tido professores incompetentes, mas o só populismo fácil cede à tentação de meter tudo no mesmo saco de entulho onde, é moda, toda a gente quer enfiar os professores!
Aliás, os professores viraram o saco de pancada colectivo. Qualquer pessoa, perceba ou não do assunto, saiba ou não do que fala, destila raivas e ódios vários para com os professores.
Meus amigos, como em TODAS as profissões, há bons e maus profissionais.
O bom senso aconselha ponderação e informação.

Cumprimentos.
A. Luís

terça-feira, janeiro 16, 2007 10:33:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caríssima Leonor,

Os seus argumentos são poderosos e merecem ponderação. A minha discordância parte de um ponto em que damos diferentes versões do que ouvimos e lemos - um único professor, ou um professor-tutor assessorado por três ou quatro professores para áreas especializadas.

A realidade prova que as ESE têm formado docentes para o ensino básicos especializando-lhes os saberes. A Escola João de Deus é a excepção que deveria fazer regra - nenhum professor dali sai licenciado se não der provas de aproveitamento a Português e a Matemática até ao final dos estudos. Nas ESE oficiais o que se passa é diferente, ao especializarem os futuros professores obrigatoriamente generalistas em Português, Matemática, Música, Educação Física e por aí adiante.

Numa escola básica de Lisboa está colocada uma recém licenciada orientada para o Desporto, das outras matérias sabendo pouco e das respectivas estratégias de ensino, ainda menos. Como este exemplo mais conheço. Perpetuar o actual estado de coisas não pode continuar. Não é, na minha modesta opinião, a proposta governamental que está errada, mas sim a formação dos docentes. Digo eu, respeitando, todavia, o seu raciocínio.

Peço desculpa por ter usado o enfeite da "tábua rasa". Muito obrigada pela sua contribuição.

Beijinho,

Tati

quarta-feira, janeiro 17, 2007 6:22:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

E diz muitíssimo bem! A formação de professores devia ser uma área de absoluta prioridade deste Governo também. Infelizmente a formação reduz-se às Tecnologias de Informação, como se, de repente, fossem a panaceia para os males do Ensino. Preocupante é que com o novo Estatuto, os professores só poderão fazer formação em pós-laboral, logo, congressos, seminários e/ou outras acções formativas ser-nos-ão vedadas. Lamentável. O estado geral do Ensino é preocupante e o que se passa no Básico assustador. Os actuais alunos não são menos dotados do que os anteriores, não é admíssivel que não saibam ler e escrever fluentemente logo nos primeiros anos, portanto, assim como não é aceitável que, caso um aluno não tenha atingido o nível satisfatório, continue a transitar de ano no Básico. Há pouco estive em contacto com uma recém-formada de uma ESE que afirmou não saber ensinar os alunos a ler. Arrepiante.
Obrigada pela troca de opiniões tão saudável.
Beijinho

quarta-feira, janeiro 17, 2007 7:42:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

No entretanto, lembrei-me também que pode muito bem ser possível que o Sinistro, ou a Madame Min, tenham consultado o Prof. Zandinga e este tenha já as previsões, para o resultado ao referendo de 11 de Fevereiro próximo, ou seja, ganhando o SIM, o mulherio passa-se e... resumindo, diminuição drástica da natalidade, ao ponto de se espalharem todos os alunos que existirem, sensivelmente 1 por sala, acompanhado obviamente por um docente de cada disciplina... assim, bate certo e já não serão cobaias, mas futuros Einstein's!!! Outros também poderão candidatar-se a políticos e possíveis 1ºs Ministros, com licenciaturas da "farinha amparo"...

ver aqui:
http://doportugalprofundo.blogspot.com/2005/02/
os-cursos-de-scrates-actualizado.html

quinta-feira, janeiro 18, 2007 3:41:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Será que ninguém se lembra de falar dos anos e anos a fio em temos sido quase proibidos de reprovar meninos?Se atingiram os objectivos "mínimos" toca a passar a rapaziada! É preciso dizer a UE que a nossa taxa de insucesso baixou nem que seja à custa de nivelar as coisas por baixo.
Por mim que até gosto da profissão sinto um profundo desencanto.

quinta-feira, janeiro 18, 2007 5:27:00 da tarde  
Blogger LeonorBarros said...

Nem mais, travessa.

quinta-feira, janeiro 18, 2007 6:11:00 da tarde  

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