o cavalheiro
continuo a apreciar nos homens esta postura.
muito raramente o admito às minhas amigas pois, com aquele descaramento próprio de amigas, chamar-me-iam ultrapassada e eu, muito sinceramente, convivo intensamente mal com tal palavra, demasiado árdua.
poderia ser frontal e dizer-lhes:
nã, nada disso!
e atirar-lhes com a certeira:
vocês apreciam aquele ser racional moderno capaz de vos largar a porta da Mango nas ventas?
mas as minhas amigas encolhem os ombros, enfim estão tão convencidas da sua modernidade e independência.
e muito dificilmente conseguirei alertá-las dos perigos que correm.
mas eu aprecio um verdadeiro cavalheiro.
como o meu padeiro, por exemplo.
o sr. manuel padeiro, chega à avenida e toca a corneta da toyota dyna às oito da manhã, depois volta a tocar umas... dez vezes, enfim, até lhe aparecerem todas as clientes do costume, e quando a dona estrela ou a dona lurdes não estão, continua a tocar, se não o sabe, pois outra das virtudes cavalheirescas do sr. manuel padeiro é saber as novidades da vila e, muito eticamente, contar-nos a sua aversão, muito particular, ao reino.
isto é uma pouca vergonha! já viram? as palmeiras, vocês sabem quanto custaram as palmeiras? e a ETAR? pois, a ETAR tá'li pra inglês ver.
ou então: já não há costumes como "intigamente" elas deixam-nos e eles, se preciso for, voltam-nas a aceitar de passadeira vermelha.
quando ouvi pela primeira vez a expressão "passadeira vermelha" fiquei intrigada, mas depois percebi, foi uma espécie de encadeamento lógico momentâneo, o sr manuel padeiro ouviu a expressão no telejornal, na véspera dos óscares.
e, se ele não fosse um cavalheiro com pruridos éticos, saberíamos os verdadeiros podres da sociedade, com uma obra literária do estilo confessional: eu, Manuel padeiro.
a ética fez-nos perder um artista, o que é uma verdadeira maçada, mas é por estas e por outras que continuo a considerar esta pequena particularidade no sexo oposto, apesar de, para as minhas amigas, fazer de conta que mais mas que também.
muito raramente o admito às minhas amigas pois, com aquele descaramento próprio de amigas, chamar-me-iam ultrapassada e eu, muito sinceramente, convivo intensamente mal com tal palavra, demasiado árdua.
poderia ser frontal e dizer-lhes:
nã, nada disso!
e atirar-lhes com a certeira:
vocês apreciam aquele ser racional moderno capaz de vos largar a porta da Mango nas ventas?
mas as minhas amigas encolhem os ombros, enfim estão tão convencidas da sua modernidade e independência.
e muito dificilmente conseguirei alertá-las dos perigos que correm.
mas eu aprecio um verdadeiro cavalheiro.
como o meu padeiro, por exemplo.
o sr. manuel padeiro, chega à avenida e toca a corneta da toyota dyna às oito da manhã, depois volta a tocar umas... dez vezes, enfim, até lhe aparecerem todas as clientes do costume, e quando a dona estrela ou a dona lurdes não estão, continua a tocar, se não o sabe, pois outra das virtudes cavalheirescas do sr. manuel padeiro é saber as novidades da vila e, muito eticamente, contar-nos a sua aversão, muito particular, ao reino.
isto é uma pouca vergonha! já viram? as palmeiras, vocês sabem quanto custaram as palmeiras? e a ETAR? pois, a ETAR tá'li pra inglês ver.
ou então: já não há costumes como "intigamente" elas deixam-nos e eles, se preciso for, voltam-nas a aceitar de passadeira vermelha.
quando ouvi pela primeira vez a expressão "passadeira vermelha" fiquei intrigada, mas depois percebi, foi uma espécie de encadeamento lógico momentâneo, o sr manuel padeiro ouviu a expressão no telejornal, na véspera dos óscares.
e, se ele não fosse um cavalheiro com pruridos éticos, saberíamos os verdadeiros podres da sociedade, com uma obra literária do estilo confessional: eu, Manuel padeiro.
a ética fez-nos perder um artista, o que é uma verdadeira maçada, mas é por estas e por outras que continuo a considerar esta pequena particularidade no sexo oposto, apesar de, para as minhas amigas, fazer de conta que mais mas que também.
6 Comments:
Permitam-me que discorde, porque sim vou discordar.
Eu acho que isso, a atitude do Sr, Manuel, pouco tem a ver com ser ou não cavalheiro: tem a ver com ser atencioso, amável, cuidar dos outros, respeitar e ter consideração pelo próximo. Isso sim, é que é cada vez mais raro, e isso não escolhe géneros. Podemos ser uns para os outros. Homens e mulheres.
Por outro lado, muitas vezes os ditos "cavalheiros", só o são porque é social e politicamente correcto e não porque realmente o sintam. E às vezes são verdadeiros escroques.
Por isso, é mais fácil eu abrir a porta alguém do que ao contrário. porque gosto de gostar. Mas isto, isto sou eu...
Cara k, dê-lhe as voltas q pretender, afinal a língua portuguesa é bastante permeável.
nancy:
Eu estou com a k, e não acho que seja só uma questão palavreado...
É claro que ver um verdadeiro cavalheiro - daqueles à moda antiga, que vêem nessa postura uma obrigação inconsciente e inquestionável, sem falsos puritanismos - é sempre agradável. Mas não me parece que seja uma coisa de se incentivar... Há que ser amável, atencioso e respeitador, sim sr., mas não apenas pelo facto de do outro lado estar uma mulher... - que é a génese do cavalheirismo!
Cristina,
A minha palavra "cavalheiro" é isso.
amável, atencioso, respeitador.
Pois... mas acho que o conceito tem uma génese discriminatória que nem sempre me parece que evolua completamente para a tua noção liberal.
Mas, longe de mim, querer acabar com o cavalheirismo. Vivam os cavalheiros! (desde que depois não me cobrem a correspondente fragilidade ou vassalagem)
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