sexta-feira, dezembro 22, 2006

o assombro com o mundo

O dia acabou tarde ou a noite cedo, conforme a perspectiva.

Prefiro alinhar pela primeira hipótese.

Estas linhas comportam algum desgaste psicossocial, hoje fiz um esforço, enorme, para compreender a dimensão humana de um ser amável.

Eu gosto de seres humanos.

Os seres humanos, ao contrário dos objectos, transmitem-nos vida e, se forem pertinentes, uma outra perspectiva de enfrentar o mundo.

Este ser humano, diferente, cantou durante alguma parte da noite uma meia dúzia de canções pimba.

E este ser humano de uma vivacidade e extroversão incontáveis é alguém nascido e criado numa aldeia, trepou árvores, experimentou cavalinhos em bicicletas obsoletas e desceu as encostas desgastadas por brincadeiras fortuitas.

Ouvi-o falar, contar os seus anseios quanto ao futuro, as suas expressões características, o seu abanar de cabeça, muito particular, acompanhado de uns olhitos pequenos, desesperados e em busca constante de movimento.

Eu continuo perplexa e a perplexidade permanecendo descontinua na minha perturbação.

Perante determinados seres humanos, os meus juízos morais coexistem com uma certa tristeza e alguma estranheza, numa relação algo assombrada com o mundo.
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