quarta-feira, dezembro 06, 2006

José Esteves: o caso Camarate

O homem voltou a ser notícia, ontem, na Focus e no Público… mas não havia necessidade.

Conheci o José Esteves em 1994, quando iniciei o Casos de Polícia e, durante uns tempos, ele tentou explorar essa oportunidade para chamar as atenções sobre si. É um tipo que sempre viveu de esquemas estranhos. Sempre teve uma conduta bizarra, muitas vezes sem necessidade. Uma vez, lembro-me de o ter entrevistado sob intimidação de uma arma que ele deixava vislumbrar, abrindo discretamente o casaco, num coldre colocado por baixo do sovaco. Noutra ocasião, apareceu sem aviso para me emprestar um rádio com as frequências da polícia, “que me iria ser muito útil” segundo garantiu, embora de facto eu não precisasse daquilo para nada. Devolvi-o uma semana depois. Uma outra vez abriu, em cima da mesa, um pequeno saco com diamantes angolanos. Era useiro e vezeiro neste tipo de actuações, para espantar o interlocutor. Outras vezes, reivindicava contactos pessoais ao mais alto nível da política (sempre da direita) para encenar poder. Mas, realmente, é um pobre diabo. Era difícil acreditar numa palavra daquele homem. Tanto dizia sim como não, dependendo das circunstâncias do momento. Sempre tive a impressão de que tinha comportamentos psicopatas. Não percebo porque continuam a entrevistá-lo. Um tipo assim, não merece crédito. Mesmo quando fala verdade, mente.


Carlos Narciso
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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É também a ideia [um pobre diabo que quer dar nas vistas]que tenho do José Esteves. Parece-me que se fosse verdade o que ele conta sobre o atentado, os mandantes já o tinham "calado" há muito.

quarta-feira, dezembro 06, 2006 12:31:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sr. Carlos Narciso,

Está bem enganado!

Pessoalmente, acredito com toda a minha convicção, nas declarações do bruxo José Esteves (aliás, "Anjo Negro", aliás "Príncipe Negro", aliás "Papagaio", aliás "Sô Zé"), mesmo sabendo que ele (e talvez por isso), usa magia branca para os "trabalhos" normais e, à cautela, "magia negra" para os "trabalhos" mais duros, com caveiras, ossadas e panfletos árabes, a Bíblia em cima e o Corão em baixo).
Esteves, aliás, conseguiu convencer os mais cépticos, há coisa de 4 ou 5 anos, quando cometeu, ao vivo, em directo, na TV, suicídio com uma arma de fogo que escondera no cós das calças.
Depois de cair, prostrado no chão, seguiram-se momentos de terror indizível no estúdio. A pobre apresentadora estava atónita, os outros bruxos e quiromantes que participavam no programa, borrados de medo e eu, transido de pavor! Mas eis que, de repente - ó milagre, ó maravilha, ó insondável desígnio - eis que José Esteves se ergue da morte, lesto, pujante e saltitante como uma lebre, e logo invectiva os presentes, com aqueles olhos esgazeados recém-chegados das resplandecências do Além: "porque duvistastes de mim, homens de pouca Fé?"

Foi aí, nesse memorável instante, eu, que julgava que ele era um pantomineiro, foi aí que me rendi à seriedade do personagem - e só então percebi a razão por que Augusto Cid e todo o séquito dos seus fiéis seguidores, sempre viu nele a "chave" que desvendaria o mistério do "atentado".

Foi, por conseguinte, muito lúcido, muito sensato e muito prudente, também, o Dr. Sá Fernandes e todos quantos viram na genuína, sincera e arrependida confissão de José Esteves, a prova dos nove - que digo eu?, a prova real - de que o acidente de Camarate foi mesmo atentado e que os burros e incompetentes dos peritos que investigaram a composição da bomba, embora tenham, argutamente, descoberto que ela continha fósforo, bário, sulfato de bário, sismogel, celulose, nitrocelulose, TNT, RDX, RDD e outros obscuros materiais químicos, não lograram enxergar o mais óbvio, o mais comezinho, ali mesmo à frente dos seus narizes: o cloreto de potássio, misturado com açúcar, o ácido sulfúrico e o piri-piri em pó, especiarias muito mais facilmente detectáveis...

quarta-feira, dezembro 06, 2006 10:02:00 da tarde  

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